Na semana passada escrevi um artigo falando da eventualidade de prenderem Bolsonaro, “E se prenderem Bolsonaro? Pensou nisso?”. Portanto, se ainda não tinha pensado na hipótese, dei uma semana de prazo para os leitores pensarem no assunto. Quem leu, será que pensou? A prisão do Bolsonaro é tão óbvia quanto saber que um cometa vai se chocar com a Terra e você não tem como evitar ou se esconder disso. É avassalador.

Ao contrário da prisão de Lula, com acusação fartamente documentada, comprovada, delatada por mais de 70 pessoas, Bolsonaro será um estrago jurídico irrecuperável pelos personagens que protagonizam a cena. Os conceitos de justiça, democracia, direitos individuais passarão a ser impensáveis com a manutenção desta doutrina.

O que tenho dito onde, ainda, posso, é que só fatos novos, fatos de verdade, são capazes de mudar o rumo de uma história. Exemplo, a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra foi um fato novo que mudou a história. Ghandi também foi um fato novo que mudou a história da Índia. Assim como Lenin mudou a história da Rússia.

Falando só de Brasil. A Operação Lava Jato foi um fato novo na nossa história. Na sequência, veio a eleição de Bolsonaro. E, logo de cara, a pandemia.  Fatos novos que mudaram o rumo que estávamos começando a seguir enquanto país e que permitiram que velhos métodos fossem (e não deixassem mais de ser) usados para retomar o controle que estava sendo perdido.

Desde a eleição de Bolsonaro fatos novos na vida do brasileiro só surgiram por meio de velhos métodos, e o mais letal deles, a imposição do medo. O cerco ao cidadão comum durante o regime militar foi risível perto do que vivemos hoje, quando, inclusive, exceto os direitos políticos, a vida das pessoas era absolutamente normal. Hoje, o cerco é digital: geolocalização, sistema bancário, reconhecimento facial, reconhecimento de voz, IP. Eles sabem onde você está, onde eu estou.

O sistema não vai retroceder sozinho. E mesmo empurrado, vai resistir com todas as armas que tiver disponíveis. A chance de empurrar também não é boa. Ainda não tem a quantidade de gente suficiente para gerar a força necessária para empurrar o Sistema para trás. E é para isso que precisamos de um fato novo capaz de demonstrar com clareza a brutalidade do “Sistema”, gerar comoção, motivação e engajamento das pessoas em busca da normalidade democrática.

Diante do exposto, penso que a prisão de Bolsonaro, nascida de um inquérito ilegal, baseada em um crime que não existe nas leis brasileiras, acusado de um golpe que nunca aconteceu, do planejamento de assassinatos que nunca aconteceram, possa ser um fato novo suficiente para movimentar o povo brasileiro. Caso contrário, o “Sistema” vence. E ponto final. Não será uma eleição que vai mudar o Brasil, mesmo que Bolsonaro participe dela e até ganhe.

Não podemos vencer só a eleição. Precisamos vencer o “Sistema”, que é global, do qual nossas autoridades são meras marionetes, cumprindo agendas que pouco interessam ao povo, mas muito interessam às suas contas bancárias e a toda segurança e privilégios que usufruem. O “Sistema é Foda, parceiro”, já dizia o Capitão Nascimento. Bolsonaro venceu a eleição em 2018, mas não o deixaram governar. E ele sucumbiu para o “Sistema”. “Perdeu, Mané! Não amola!”

Repito algo que já disse muitas vezes. O “Sistema” precisa igualar Bolsonaro a Lula. Lula precisa disso mais do que tudo, porque a única maneira de se tornarem iguais é conseguindo colar em Bolsonaro a imagem de criminoso. Lula precisa de uma imagem de Bolsonaro escoltado por policiais federais, dentro de uma viatura da PF, qualquer coisa que contraste com suas próprias imagens nessas condições.

Obviamente, não é desejável ou agradável à ideia de que Bolsonaro seja preso. Mas, a mim, me parece inevitável. Podemos ver isso pelo lado pessimista, acreditando que não haverá nenhuma reação popular digna de ser chamada de indignação ou podemos ver um povo brasileiro acordando e reivindicando e defendendo pacificamente – repito, pacificamente – seus direitos e o reestabelecimento da justiça e da democracia plena na qual sempre vivemos.

Não estou torcendo pela prisão de Bolsonaro, mas penso não haver dúvidas de que acontecerá, e tenho meus palpites que possam ao menos impor alguma medida cautelar que o impeça de ir à Paulista no dia 6 de abril, ou usar o evento para prendê-lo, alegando qualquer gesto, qualquer palavra dele como pretexto para uma prisão preventiva – quem sabe no dia 7 de abril, coincidentemente o mesmo dia que Lula foi preso?

Bem, se até agora você não pensou seriamente na hipótese de Bolsonaro ser preso, já não é uma hipótese. Uma vereadora do PT de Pernambuco, Liana Cirne, pediu a prisão preventiva de Bolsonaro diretamente para Alexandre de Moraes pela manifestação de Copacabana. Alexandre de Moraes recebeu e encaminhou hoje para a PGR avaliar se pede a preventiva de Bolsonaro.

Se for pensar no assunto, pense rápido. O tempo é curto. Se bobear, ainda esta semana estarei escrevendo sobre a prisão e você se perguntando "E aí?"!

Se gostou, compartilhe este artigo para que chegue a mais pessoas!

Deixe seu comentário, é importante pro nosso trabalho!

SIGA NAS REDES SOCIAIS

X - @RevistaNPDF / @nopontodofato

Instagram - @nopontodofato

Facebook - facebook.com/RevistaNoPontoDoFato