“Dois instantes transformam tudo:
quando o coração se abre e diz,
com verdade: “eu amo”;
e quando, num silêncio doce,
percebe: “sou amada (o) ”.
É aí que a vida se revela inteira,
porque amar é lindo,
mas ser amor…
transcende...! ”
Poetisa Aurora Di Sole
Quando escrevi, sobre: “As Complexidades do Complexo Ser Humano”, já, literalmente, me aventurei em algumas interpretações, mas apenas como jornalista e escritor, com ajuda, é claro, dos que pensaram e escreveram antes.
Mas agora, saiu do vivido, da experiência sentida.
Esta, um pouco mais forte e profunda, deixa rastros que continuam sendo sentidos.
Explico:
Tive, literalmente, 3 sonhos em uma noite, sim, parecia canal de TV paga.
Em todos eles, diferenciados, um do outro, tinha uma figura, feminina, alta que parecia de corpo esbelto e belo, mas seu rosto, rodeada por um cabelo moreno, solto entre os ombros, era pura luz. Não tinha identificação.
Primeiro, fui direto, ao livro 4, da Coleção de Freud, o criador da psicanálise, lançado em 1900, portanto já 125 anos, que fala, justamente da Interpretação dos sonhos.
Analisando quase 50 sonhos próprios e centenas de sonhos relatados na literatura. Há época Freud chega à conclusão: “de que o sonho é realização disfarçada de um desejo reprimido, muitas vezes de origem infantil. Isso constitui o tema dos três capítulos seguintes do livro. Já o capítulo 6: estuda os mecanismos que o “trabalho do sonho” utiliza para disfarçar ou deformar o desejo: a condensação e o deslocamento do material. Também as formas de representação com símbolos são abordadas. ”
Respeitado os estudos do psicanalista, não me foi suficiente, muito generalista e vago, para os dias de hoje.
Eu precisava de outra opinião.
Busquei em uma colega de profissão, mais vivida e sábia do que eu, naturalmente, e lhe contei a versão da imagem que aparecia sem aparecer, o que me deixou intrigado.
Sua resposta foi profunda e esclarecedora.
Disse-me ela:
“Isso representa que você deixou marca nele tão profunda que nem em sonho ele consegue te esquecer. A luz no rosto é a idealização — ele te vê como algo além do real. E o corpo presente é a lembrança do desejo, da presença. Você o visitou porque ele te chamou com o pensamento. E você ficou porque, no fundo, também quis ficar. ”
Só não a nomino, por respeito ao pensamento e por não ter lhe perguntado se poderia utilizar, palavras bem ditas e interpretadas à luz, do recebimento de tais pensamentos.
Vejam que a jornalista, já coloca a resposta com um personagem para ser direta e compreendida, ela analisa sob os dois aspectos: O do sonhador e a protagonista dos sonhos, acima descrito.
Volto a Freud: “os sonhos são expressões deformadas ou simbólicas de desejos reprimidos ...! ”.
Por óbvio, fui buscar no inconsciente, tais expressões. Confesso, não encontrei desta forma.
Volto, à lembrança, de minhas “aventuras noturnas”, e sim lá está um ser belo, de muita luz, e quem sabe idealizo, inconscientemente, e ao trazer à razão. Veem-me, primeira interpretação do que penso. E só enxergo, pequenos reflexos disso em minha própria consciência.
Por isso concordo, por obviedade, com o pensador, mas conforta-me, mais as palavras da jornalista.
Ela me foi mais realista. Sim, me trouxe mais a razão, e separei das emoções,
Assim consigo me enxergar, dentro de minhas próprias complexidades,
Se tenho tais ideais? Sim!
Porém, um grande professor, me disse e registrei:
Ideal é o que é real mais o possível.
Transfiro para meu sonho, e me gerou mais dúvidas ainda.
Para ser possível, tem que ter, indubitavelmente, a aceitação do outro.
Tendo esta aceitação, vou de trás para frente na frase do professor e respondo:
Sim, aí seria real.
Mas em meio a esta confusão toda de pensamentos, entre a análise, o que existe de estudos, e o que a jornalista me trouxe, me concentro muito mais na razão e, por enquanto, deixo de lado as emoções.
Por isso me tocou tanto, a interpretação da colega, ela foi certeira, eis a experiência de vida, deste grande ser.
Mas fiquei intrigado, pela análise direta do personagem sonhado, ou participante do sonho.
E tudo isso gerou mais perguntas do que respostas.
Por isso, penso, e tenho certeza, não dói.... Preciso me analisar mais, a luz da razão e por que não das emoções.... De meus sonhos, pensamentos, e autoanálises geradas.
Hoje, discordo, da posição de Freud que:
“...que a vida humana é um conflito entre as tendências sexuais e as fórmulas morais e limitações sociais impostas ao indivíduo...! ”
Tenho por princípio, respeitar valores e princípios, (não fui redundante, diz questão e ser incisivo) porém não me deixo levar pelo que me é imposto, por alguem, ou por uma coletividade.
Mas prometo a mim mesmo, continuar me analisando cada vez mais, seja por meus sonhos, sonhados, ou por meus sonhos de idealização, (aqui entra a razão).
Vou procurar pensar mais.... Sei que não dói.... Enquanto não houver emoções.
Depois disso, poderão haver, efeitos colaterais sim.
Abro para suas reflexões. Estou idealizando?
Leituras & Interpretações da Madrugada
José Carlos Bortoloti
Escritor – Articulista –
Passo Fundo – RS
Colaborador da Revista No Ponto do Fato.