Tudo bem você dizer que o vale tudo já começou há um tempo, e é verdade. Mas o vale-tudo para o Brasil começa hoje e a gente sabe onde vai terminar. Você conhece a história? Um resumo muito bem resumido é que uma milionária arrogante é dona de uma companhia aérea e domina a família.
Tirando a "xanguana" das intermináveis e sofríveis relações amorosas, a história trazia fortes questões de ética, valores, princípios, família, ambição e corrupção, para, no final, o maior corrupto sair ileso e a famigerada Maria de Fátima, depois de sacanear meio elenco, também se deu bem. No final, a milionária é assassinada e a assassina também sai livre, leve e solta.
É impressão minha ou realmente resgataram uma trama sobre corrupção, traição, assassinato na qual bandido se dá bem no final? É isso mesmo? Chega a ser surpreendente que a Globo ainda não tenha colocado Breaking Bad na sua grade de programação. Como a novela, são tramas que, em muitos momentos, você até torce para o bandido mesmo.
Outro tipo de vale tudo que a gente conhece é a modalidade de luta, na qual o nome do esporte define como a coisa funciona. Todo e qualquer tipo de artimanha, sujeira, golpe baixo, inclusive chutar o saco do adversário. Tem muita gente que diz ou acha que é tudo combinado, ensaiado, para oferecer ao público um entretenimento atraente. Mas não se engane. Vale tudo. Até dançar, homem com homem e mulher com mulher.
O vale tudo contra Bolsonaro o que de pior existe neste país. Estamos assistindo à reprodução dos passos largos rumo ao autoritarismo, dados na Venezuela, quando o poder judiciário e o executivo passaram a trabalhar em parceria. Desarmamento da população, controle total da mídia, restrições de liberdade de expressão e até do direito de ir e vir. Um processo que também contou com uma inicial passividade das forças armadas que depois aderiram; fica melhor dizer que depois se associaram.
O Sistema precisa de um troféu de ouro para colocar na decoração do escritório. Já conseguiram um de prata com Daniel Silveira e um de bronze com Débora Rodrigues. Para a tríplice coroa, eles querem Jair Bolsonaro. Eles precisam igualar Bolsonaro a Lula, o que só pode acontecer consolidando a imagem de que ele é criminoso.
A ficção já não é mais capaz de competir em criatividade com a vida real. A realidade já não usa mais efeitos especiais para parecer melhor ou mais poderosa do que é. Eles simplesmente fazem. Ligaram literalmente o “foda-se” e não encontraram obstáculos intransponíveis, toda travessia tem um preço sempre negociável.
“Você me dá o que eu quero, eu te dou o que você quer. Se me sacanear, eu te sacaneio também e com mais força.” Imagino que seja um diálogo bem possível de acontecer em uma reunião com muitas autoridades.
A sessão de hoje da primeira turma do stf, é tudo minúsculo mesmo, será composta por Odetes Roitman, Marias de Fátima, Carminhas (essa literal mesmo), Nazarehs, personagens que roubaram, trapacearam, enriqueceram, prejudicaram inocentes, zombaram dos valores e princípios morais com a própria família, com amigos, com a sociedade. Uma sopa de maldade, vingança, arrogância, vaidade e omissão.
Bolsonaro não tem chance neste justiçamento, nem os outros 33 acusados. A sessão, que deveria apenas discutir se aceita ou não a denúncia da PGR servirá apenas para cumprir o rito obrigatório. A sentença de Moraes está pronta e ele terá apoio suficiente para ser a tese vencedora. É muito improvável que alguém vá contra 100% do voto do relator. Alguém pode suscitar uma questão aqui ou ali, para não parecer que está dormindo, mas é só para dar mais realismo à cena.
Hoje é o dia do vilão, dia de protagonizar aquela cena que vai ficar para a história, que será transmitida ao vivo, dia de passar perfume, dar aquele trato na beca, gargarejar com mel e gengibre para não desafinar diante das câmeras e microfones, imagina aquele discurso maravilhoso repetido em todos os canais de TV, canais de Youtube que falam de política, rádios, e um ministro desafinando, engasgando, tem que cuidar da voz, da imagem que é a única coisa que tem.
Também é dia do covarde, do impiedoso, do vingativo, do injusto, daquele ser sem empatia, que mente ao vivo, sabendo que todos que o ouvem sabem que está mentindo, e mentirão junto para validar as mentiras anteriores, bem na base de um por todos e todos por um, e a vida das pessoas que se dane, sejam elas personalidades, políticos ou meras donas de casa.
Neste abençoado dia de meu Deus todos os brasileiros deveriam estar em frente a um aparelho de TV, computador, tablet, celular ou algo mais moderno que eu ainda não conheça, assistindo à sessão que vai decidir se aceita ou não a denúncia contra Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas que se até pensaram mesmo em dar um golpe, já fracassou no pensaram. Porque não foi planejado, não foi tentado e não aconteceu.
Bolsonaro tem o direito de disputar a próxima eleição por mera ausência de crimes. Zero crimes. E se é mesmo um candidato sem chance, merece ser testado nas urnas, rejeitado por elas, e não por cinco elementos que hoje não representam mais a justiça e que não receberam votos de eleitores para estarem ali, comendo lagosta de manhã, de tarde e de noite.
Na história da humanidade, há eventos inexplicavelmente cíclicos, sobre os quais já conhecemos os motivos, como a coisa se desenrola, tudo igual, só reescalando o elenco e fazendo pequenas adaptações para a realidade. E mesmo sabendo o que acontece no final, a história se repete, não conseguimos evitar que aconteça novamente, com novos vilões, que sabem que perderão no final.
O Brasil passou alguns meses do ano de 1988 se perguntando “Quem matou Odete Roitman?”, mas com a vítima, sendo ela a vilã, ninguém se preocupou. Aliás, esse negócio de trazer a novela Vale Tudo dentro do atual momento político do Brasil, na qual os vilões, vivos ou mortos, ficam isentos de pagar pelos seus crimes? É isso mesmo que vão vender para a sociedade brasileira neste exato momento? Será que não tem dedo do Sidônio para preparar o espírito para uma campanha eleitoral?
E quem matou a democracia?
Por que matou?
Quem foram os mandantes?
Quem financiou isso tudo?
Como financiou?
Quem faz parte da quadrilha?
O Brasil precisa mostrar a sua cara. A gente já tem ideias bem definidas para estas respostas.