“.... Qualquer um desejaria ter sabido tudo, antes...! ”
Nelson De Mille, The Talbot Odyssey
É muito difícil falar sobre o desejo. Uma tarefa inquietante e por demais interessante. Talvez sejam essas as características e expressões do que é um desejo ou de como é sentir um desejo.
No momento em que desejamos algo e que podemos nos apossar deste desejo, estamos reconhecendo que algo nos falta, que necessitamos de alguma coisa que outrora já tivemos. Portanto, desejamos aquilo que não temos ou, ainda, o que temos e pretendemos continuar tendo no futuro.
Para Freud, o desejo se constitui a partir de uma vivência de satisfação, de uma necessidade na primeira infância, ou seja, uma necessidade gratificada gera uma sensação de realização que fica inscrita no aparelho psíquico através dos signos de percepção ou os traços mnésicos. Desejar alguma coisa é catexizar a imagem mnésica de satisfação inscrita, originada de uma satisfação real. Por isso, reconhecer o desejo significa buscar gratificar uma necessidade e algo deve ser feito ou realizado para se cumprir este ciclo.
Sócrates, no “Banquete de Platão”, afirmava que: “... Todo aquele que nutre o desejo, deseja o que não está ao alcance, o que não está presente. Aqueles que ele não tem o que ele mesmo não é e de que carecem, tais são as coisas de que uma pessoa tem desejo...”.
Assim como os filósofos acreditam que o amor nasce do desejo e que o amor é tanto aquilo que é belo e glamouroso, como aquilo que é o caos e o desespero, é mister, como o psicanalista, pensar que o desejo é representante da pulsão de vida como da pulsão da morte.
Da morte porque esta pulsão é o caos, geradora de tensão, é destrutivo, é aquilo que nos falta. Contrário da pulsão da vida que é fazer um movimento de buscar aquilo que falta para aliviar a tensão da morte.
Este colocado, em Freud, 1886, que a morte leva a vida e toda finalidade da vida é a morte.
Isso explica a complexidade do desejo em uma pessoa e o quão constituinte ele é no psíquico do ser humano.
No momento em que paramos de desejar algo, paramos de viver – o que se equivale, então, a morte.
O desejo é tão importante que os diretores da vida espiritual nos aconselham o seguinte: “Se não tens a coragem de desejar a perfeição, deseja esse desejo. ” O desejo de um desejo é mola que faz subir.
Das buscas incansáveis de
Entendimentos & Compreensões
José Carlos Bortoloti
Escritor & Articulista
Passo Fundo – RS –
Colaborador de NO Ponto do Fato.