A influência americana no mundo é inegável. E até invejável por certos pontos de vista. Cultura, tecnologia, ciência, medicina, astronomia, poder militar, política, música, cinema, tecnologia da informação, tudo o que se possa imaginar tem o dedo dos Estados Unidos. Eu mesmo estou usando o Word para escrever esse texto, provavelmente o aplicativo de edição de texto mais usado no planeta, exatamente porque o Windows, também provavelmente, é o sistema operacional instalado na esmagadora maioria dos computadores mundo afora.
Usando a Microsoft como exemplo, podemos inferir que a influência muitas vezes se transforma em interferência e vice-versa, de maneira positiva ou negativa. E pergunto: quando você compra um computador que já vem com o Windows instalado, isso é influência ou interferência? Reza a lenda que, nos primeiros anos do Windows, a própria Microsoft teria sido a propagadora da pirataria de seu sistema operacional, entendendo que cada computador que usava uma versão pirata de seu software significava impedir que um software concorrente fosse instalado. Além disso, fez acordo com diversos fabricantes de computadores para que o Windows já viesse instalado.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o então presidente dos Estados Unidos, Franklin Rosevelt, apesar dos apelos dos países europeus, em especial do Reino Unido, por meio de Winston Churchil, hesitou por diversas vezes em envolver seu país no conflito. Foi somente após o ataque japonês a Pearl Harbor que a decisão foi tomada.
A Europa entendia que a interferência americana poderia influenciar os rumos do conflito, o que de fato aconteceu. O que, creio eu, não se imaginava é que, após o fim da guerra, a participação dos ianques naquela guerra resultaria em permanente interferência e influência no modo de vida do continente europeu e na maneira como o mundo se comportaria dali para frente.
Dois exemplos que tornam óbvias a influência e interferência são, o uso do dólar como a moeda comercial em todas as negociações internacionais, uma vez que as moedas europeias perderam fortemente seus valores, e o inglês como idioma de referência na grande maioria dos países, tanto nas questões comerciais quanto nas sociais. E quem na Europa reclama da participação dos Estados Unidos na guerra? Qual teria sido o desfecho sem eles?
Se os Estados Unidos já eram vistos como grande potência naquele momento, após a guerra isso foi consolidado definitivamente. Empresas americanas participaram ativamente da reconstrução do continente europeu, a ONU foi criada com sede em Nova York, a OTAN foi criada sob a liderança americana, e também seu maior financiador individual. A Alemanha Ocidental e o Japão se reergueram com a ajuda americana, a Europa Ocidental se reergueu, e o mundo do pós-guerra foi divido sob a tutela americana no ocidente, estabelecendo a democracia como regime, enquanto, via uma ditadura tão abominável quanto eram os planos de Hitler, dominou e escravizou a Europa Oriental.
De lá para cá, a interferência e influência americanas na geopolítica mundial nunca mais cessaram. Talvez eu precisasse de umas 50 laudas se fosse enumerar, resumidamente, cada uma delas. Cabe citar, particularmente, a Guerra das Coreias, o Irã, o Vietnã, o Afeganistão, o Iraque e a primavera árabe como exemplos de participação militar americana, obtendo sucessos e fracassos que moldaram sua própria história e, principalmente, a história destes países. Mas, nos bastidores, moldaram também a história de dezenas de outros países, derrubando regimes, governantes, apoiando ditadores e governantes fantoches dispostos a defender seus interesses comerciais e geopolíticos.
O que foi revelado agora sobre a USAID, agência americana criada por John F. Kennedy na década de 1960 com fins humanitários, não difere muito do que foi dito acima. A USAID, como braço fantasma do Pentágono e da Cia, inclusive, foi ativa tanto na derrubada de regimes e governos quanto no levante de ditadores e governantes fantoches, influenciando e interferindo sorrateiramente na soberania de inúmeros países, principalmente com dinheiro, muito dinheiro do contribuinte americano que não sabia que seus impostos eram usados para esta finalidade. O objetivo final, porém, sempre foi manter a liderança global dos Estados Unidos, tanto na questão comercial quanto na geopolítica.
Chego então ao Brasil atual, quando sabemos que a USAID teve atuação decisiva nas eleições de 2022, trabalhando previamente para que Jair Bolsonaro não fosse reeleito. E se você não está por dentro do assunto, ou sabe apenas algumas poucas coisas, sugiro a leitura do artigo de Sérgio Júnior, USAID SABOTOU BOLSONARO DO PLEITO DE 2022, que traz, detalhadamente, o que disse Michael Benz, ex-chefe da divisão de informática do Departamento de Estado americano durante a primeira passagem de Donald Trump pela Casa Branca – que também foi sabotado da mesma maneira quando concorreu à reeleição em 2020. As acusações são graves, envolvem seriamente a imprensa e o judiciário brasileiros, reforçando categoricamente o que a maioria de nós pensava (tinha quase certeza, e até certeza mesmo) sobre o que aconteceu nas eleições de 2022 que levaram Lula novamente ao Palácio do Planalto.
Como disse nos parágrafos anteriores, tudo tem a ver com os interesses comerciais e geopolíticos dos Estados Unidos, e isso implica diretamente na maneira e por quem o país é governando quando cada uma destas ações acontece. No caso específico do Brasil, em 2022, os Estados Unidos eram governados por Joe Biden, democrata alinhado com interesses globalistas do Fórum Econômico Mundial, presidido por Klaus Schwab, cuja premissa básica concentra-se na redução da população mundial. Tais interesses eram contrapostos tanto por Donald Trump quanto por Jair Bolsonaro, que, por isso mesmo, tornaram-se “grandes pedras no sapato” da elite globalista.
Já é sabido, por exemplo, que a USAID foi usada para desenvolvimento de ganho de função do coronavírus no laboratório de Wuhan, na China, onde, ao que tudo indica, se originou a pandemia. Sabe-se, também, que a USAID teve participação ativa e preponderante no levante que derrubou o então presidente da Ucrânia em 2014, através do financiamento de grupos revolucionários e da mídia local. A USAID também estaria financiando o Hamas com envio de dinheiro disfarçado de ajuda humanitária, como exemplo o “envio de camisinhas” para a Faixa de Gaza, sendo que naquela cultura e religião é proibido o uso de métodos contraceptivos. No máximo seriam usados para proteção contra a AIDS e DSTs em geral.
Dificilmente, a influência e interferência dos norte-americanos no mundo poderá ser contida. Prova disso é que, antes mesmo de tomar posse para seu segundo mandato na presidência dos Estados Unidos, Donald Trump já promoveu mudanças e temores em todos os cantos do planeta. E, a partir do momento que teve a caneta nas mãos, mudanças foram aceleradas e temores aprofundados no mundo inteiro, exatamente porque todos sabem que o poder de influenciar e interferir é inegável e impossível de parar – desta vez, felizmente, em nome da democracia e da liberdade, como elas devem ser. Vem mais por aí.
Deixo uma pergunta estranha para finalizar este artigo, que além da interrogação no final da frase deixa uma interrogação ainda maior nas nossas cabeças: se é verdade que os Estados Unidos influenciaram e interferiram a favor do golpe militar no Brasil em 1964, o que teria virado esse país se o comunismo “a La Cuba” tivesse sido implantado naquela ocasião?
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