“.... Nunca sei se quero descansar porque
estou realmente cansada, ou se quero
descansar para desistir...! ”
Sempre fui questionador sobre a facilidade de abandono, de desistência do Brasilês*, ante qualquer pequeno obstáculo, ou ainda, na busca de uma segunda tentativa.
E isso é em tudo assim. Terminou toda a luta do espectador quando termina o jogo, seja ele qual for. Após ele sai xingando alguém.... Ou seja: colocando a culpa em alguém. Típico do Brasilês é ser “técnico de futebol”... – deve ser genético, ele já nasce “sabendo” - Ele sabe tudo. A melhor escalação, os melhores jogadores e assim por diante. Mas saiu do estádio... Ou de onde irão tomar “umas”, chegou em casa e tudo fica esquecido. Até a próxima partida.
Com a política nacional é exatamente assim. Enquanto houver uma “campanha” em alguma rede virtual – neste caso geralmente o Twitter – lá estão todos engajados. Comprar roupas verde e amarelo e até a Bandeira Nacional passa a ser item importante.... Não pelo amor ao nosso símbolo pátrio, mas muito mais pelos selfies que irão render, no outro dia nas redes...
Terminou o tal dia da “manifestação”... Terminou tudo.
As eleições? Exatamente a mesma coisa. Por isso é atribuído ao Brasilês, em todo o mundo a expressão: “povo com memória de 15 dias”.
Desistir é um verbo intransitivo, sua origem está no latim (nossa língua mãe) desistere, que tem como significado fazer renúncias, abandonar, ceder, deixar, largar...
Ah, neste aspecto o Brasilês é novamente ”campeão mundial”. Ele desiste até que uma espécie de “espirito motivador” surja outra vez.
Na obra “Um Mito Moderno Sobre Coisas Vistas no Céu”, lançado pela Editora Vozes, 1974, no Brasil, o psicanalista (discípulo de Freud) Carl Gustav Jung, mostra que: ”... os sonhos e fantasias pode refletir, tanto quanto as revoluções sociais e políticas, que ele classifica de epidemias psíquicas, as tendências na vida inconscientes até de uma população inteira. ”
E olha que o psicanalista e pensador, morreu em 1961. E suas obras, escritas muito antes, demoraram mais de 30 anos para chegar ao Brasil.
Em um ensaio, publicado pela primeira vez em 1936, esta “desistência”, que ele chama de “wotan” (sem tradução), é apresentada como figura arquetípica (padrões de comportamento, imagens ou símbolos que se repetem ao longo da história da humanidade.), que simboliza as forças instintivas inconscientes, há época, atuantes na Alemanha, e que encontraram sua expressão no movimento nacional-socialista.
No caso do Brasil, tudo começa com nomes no Congresso Nacional, como Mensalão ou nos “apelidos” dados pela nossa Policia Federal às suas Operações Internas envolvendo roubos e outras “safadezas” tanto de políticos como de outras autoridades e empresários e, é claro, muitos “laranjas”, constituindo o Brasil como grande “produtor”, não só do fruto.
Na linguagem popular, o termo "laranja" passou a ser utilizado para se referir a um indivíduo que empresta seu nome – muitas vezes sem saber – para transações financeiras e comerciais criminosas, ocultando a identidade do verdadeiro responsável pelo crime.
Mas Jung responde a isso como: “(...) um mito que considera compensações de tendências até cientificistas de nossa era tecnológica. – E ele disse isso na terceira década do século passado - uma vez que considera a crise na civilização como sendo moral, suas concepções de bem e mal e da função psicológica da consciência se tornam absolutamente necessárias ao indivíduo. Principalmente os de baixo discernimento ou cultura, que são os mais atingidos ou “utilizados”.
Estes seres, literalmente, infestam nossas redes, nem todos com má intenção, mas a grande maioria, sem um mínimo de discernimento do que estão lendo ou fazendo, tudo entra no “automático”. Lido, lá se vai a mensagem para outros ditos “seguidores”, e estes fazem o mesmo...
Por que chamam de IA – Inteligência Artificial -? Porquê máquinas estão respondendo mais rápido e melhor que a maioria dos seres humanos que tem um cérebro, com mil vezes mais capacidade que o maior computador do mundo, mas usa no máximo 5%.
Se sairmos da análise psicanalítica e voltarmos apenas ao bom senso de cidadãos, veremos que não encontraremos muita diferença entre a parte cientifica e o nosso dito “normal”, do dia a dia, no pensamento, ou ausência deste, pelo Brasilês atual.
Mas porque ocorre tudo isso? De onde vem esta desistência mesmo tendo sido, já há algum tempo uma espécie de “jargão” que o Brasilês... ”não desiste nunca...”.
Aliás, somos pródigos nisso tambem, em criarmos jargões.
Talvez aí esteja a resposta. Simplesmente da “boca para fora”. Afinal é fácil falar, gritar, formar coro nas torcidas e nas ruas com aquele: “.... Ah, eu sou Brasilês.... Não desisto nunca...! ”.
Ah, mas você poderá argumentar: Até papagaio fala!
Perdão! O animal, lindo, aliás, papagaio, não fala, pois ele não tem o órgão fonoarticulatório humano, ele é condicionado a fazer isso e repete. Mas é só repetição....
Até terminar a marcha, a torcida, o coro ou a motivação para o grito. Após cala-se... Assim do tipo... até que surja novamente outra oportunidade de “diversão”. Enquanto isso o Brasilês desiste e segue sua vida.
O cantor e compositor jamaicano Bob Marley deixou escrito:
“.... Difícil não é lutar por aquilo que se quer, e sim desistir daquilo que se mais ama. Eu desisti. Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter mais condições de sofrer...! ”
Eu, como Brasilês de alma e coração, ainda não entendi esta memória de “15 dias” do povo do meu amado país.
Que sabe logo inventa-se um remédio, de alto valor, pois se for gratuito e distribuído ele não tomará, e este povo acorda como brava gente...
Talvez... Quem sabe, ele até aprende que pensar não dói...
Mas, por enquanto, apenas talvez... E olha que sou otimista por natureza.
Você somente estará bem e feliz, se teu pais estiver, mais ou menos do mesmo jeito e forma.
Caso contrário é falácia... (raciocínio enganoso que parece válido, mas não é coerente. É um tipo de argumento inválido que pode ser usado de forma intencional ou inconsciente).
Pronto, explicado e desenhado,
O resto cabe a você que diz que é Brasilês e não desiste nunca!
Brasilês –
A palavra "brasileiro" é usada para designar os nascidos no Brasil, enquanto "brasilês" não é um termo comum. Porém é o gentílico correto.
O termo "brasileiro" surgiu no século XVI para se referir aos comerciantes de pau-brasil. Inicialmente, tinha um sentido pejorativo, pois os comerciantes eram criminosos banidos por Portuga
Entendimentos & Compreensões
Leituras & Pensamentos da Madrugada
José Carlos Bortoloti
Escritor & Articulista
Passo Fundo – RS –
Colaborador de No Ponto do Fato.
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