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OS ESCREVINHADORES!

“Escrever é uma maneira de falar sem ser interrompido.“ - Jules Renard

17/11/2024 às 10h26 Atualizada em 17/11/2024 às 12h59
Por: José Carlos Bortoloti
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OS ESCREVINHADORES!

Começo com uma referência, aliás uma excelente, digna de ser registrada:

Ei-la:

 

“Há dois tipos de escritor: os que escrevem por amor do assunto e os que escrevem por escrever. Aqueles tiveram ideais ou fizeram experiências que lhes parecem dignas de serem comunicadas, estes precisam de dinheiro, e por isso escrevem, por dinheiro. Podem ser reconhecidos pela sua tendência a prolongar ao máximo seus pensamentos e expô-los com meias verdades, obliquidade (desvio do paralelismo ou da perpendicularidade; inclinação em direção oblíqua, de maneira forçada e oscilante, em geral tambem por seu amor pelo claro/escuro, a fim de parecer que não são, por tal razão, faltam precisão e clareza completa ao seu texto. Sendo assim, pode-se logo notar que escrevem para preencher o papel. ”

 

Assim se referia o filósofo, considerado “pessimista” Arthur Schopenhauer, no século XVIII, aos escritores.

 

Livros, ou páginas, hoje com a Internet, despistados de crônicas ou artigos, são escritos ora a respeito deste, ora a respeito daquele grande espírito do passado, e o publico que os lê, mas não lê as obras escritas por eles, porque quer ler apenas as obras que acabaram de ser impressas, e a bisbilhotice fútil e insípida de uma cabeça superficial hodierna lhe é mais homogênea e agradável do que os pensamentos de um grande espírito.

 

Oh, como se assemelham as cabeças comuns da mesma espécie! De fato, todas elas foram produzidas a partir do mesmo molde! É incrível, como a cada uma vem em mente a mesma idéia na mesma ocasião, e nada mais!

Acrescente-se a isso suas baixas intenções pessoais. E a bisbilhotice indigna de tais sujeitos é lida por um público estúpido, basta que tenha sido estampada naquele mesmo dia, enquanto os grandes espíritos descansam na prateleira dos livros

É realmente inacreditável a tolice a e improcedência do público, que deixa de ler aqueles que, em todos os gêneros, são os espíritos mais nobres e raros de todos os tempos e países, para ler as “escrivinhações” diárias dessas cabeças comuns, que todo ano surgem em quantidade imensuráveis, como as moscas – meramente porque foram estampadas naquele mesmo dia e ainda estão úmidas da “ignorância destilada”. Tais produções deveriam, antes, permanecer abandonadas e desprezadas já no dia do seu nascimento, com de fato o serão após poucas semanas e depois para sempre, um material sem valor que servirá apenas para rir dos tempos passados e de suas patranhas.

Agora, as tais redes “ditas sociais”, podem publicar textos maiores, em seus ditos “posts”, e assim vemos o quão paupérrimo é o conhecimento, primeiramente da amada Língua Pátria, em seguida, do que realmente querem comunicar.

Geralmente são, estapafúrdias sem sentido ou nexo algum. Mas lá vão eles, e assinam, e estampam com a maior “cara de pau”, visto que em sua grande maioria, as fotos ou algum símbolo, que os ligue, àquelas postagens está, literalmente estampada, na própria página, ou remete a algum sítio, que para ter “visualização” publica qualquer coisa.

E sinto que não sentem vergonha alguma, este, um sentimento de desconforto que surge quando uma pessoa se sente inadequada ou inferior.

E a grande maioria lê. Tenho dúvidas sobre o entendimento ou discernimento que fizeram, daquelas palavras, simplesmente, jogadas não mais no papel, mas agora nas páginas do mundo digital.

Ah, que saudades de grandes escritos, de preferência no papel e por quem sabe escrever!

Mas.... Ainda é o tal de Brasil Moderno!

 

Escrevinhador: adjetivo substantivo masculino: pejorativo: que ou aquele que escreve mal; borra-papéis.

 

 

Transpirado das leituras de: Sobre o Oficio do Escritor e o estilo. Da leitura e dos Livros. Da língua e das palavras – 1851, Arthur Schopenhauer – 1ª Edição, 2003 – Martins Fontes –

 

José Carlos Bortoloti

Escritor e Articulista

Passo Fundo – RS -

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MagnusHá 3 semanas Nárnia do Polo NorteGrande Profe!!
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