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“Enquanto Questionamos....!”

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José Carlos Bortoloti
Por: José Carlos Bortoloti
30/04/2025 às 19h01
“Enquanto Questionamos....!”

A humanidade que chamamos de evoluída carrega em si a contradição: mesmo conhecendo a compaixão, seguimos ferindo uns aos outros. E a esperança, tantas vezes proclamada, se espalha como um rumor distante.

 Desde as primeiras palavras, o "por quê?" Se impôs.

Buscávamos respostas. Recebíamos silêncios. Diziam-nos ser apenas uma fase — um tempo que passaria. E, no entanto, as perguntas persistem.

 Calaram a nossa sede de sentido, mas não a apagaram. As questões fundamentais — aquelas que atravessam gerações — continuam, como um fio invisível costurando nossa existência.

Muitos desistiram de procurar.

Resignaram-se a vidas pequenas, onde respostas pouco importam. E, quando têm algum poder, arrastam outros para esse mesmo vazio.

Questionar, no entanto, é parte de nossa essência.

Tocar essa inquietação é tocar o que há de mais genuíno em nós — uma memória antiga do universo pulsando adormecida.

 Aprendemos a duvidar até das dúvidas que herdamos.

Carregamos conceitos prontos para tudo: Deus, civilidade, evolução, humanidade.

Mas o que é evoluir? Refazer as perguntas de antes, com novas palavras?

O que é certo? O que é errado? Para quem?

Bondade seria apenas a ausência do mal? Mentira seria tudo que escapa de uma suposta verdade? Verdade de quem?

Nossa estrutura genética guarda vestígios dessas construções — valores transmitidos como verdades inquestionáveis.

Enquanto isso, o impulso de dominar permanece — apenas trocou de máscaras.

Criamos mitos para suportar a falta de respostas.

Projetamos em herois e deuses o que gostaríamos de encontrar em nós. Mas a pseudorreligiosidade roubou esses mitos.

E, com eles, arrancou parte da nossa fé.

Hoje, lutamos menos contra o mundo e mais contra nós mesmos. As batalhas, antes visíveis, tornaram-se silenciosas — travadas em segredo, sem aplausos, sem glórias.

Chamamos isso de evolução. Descobrimos a compaixão — mas também a anestesia das emoções. Aceitamos. Resignamo-nos. E, assim, mantemos a aparência de normalidade.

Mas sob essa superfície, continuam as velhas lutas: dentro de cada um, o antigo combate entre ser e parecer.

Seguimos cheios de perguntas. Seguimos sem todas as respostas.

E enquanto pensamos, resistimos. Porque, felizmente, pensar ainda não dói.

  

P.S: O porquê dessa imagem:

 A estrada sinuosa envolta em névoa simboliza o percurso incerto que cada ser humano percorre.

A névoa esconde respostas que nunca se revelam por completo, enquanto a luz suave do amanhecer lembra que, mesmo entre dúvidas, a esperança resiste.

A árvore solitária ao fundo reforça a coragem de seguir, mesmo sem garantias. Esta imagem traduz a essência da crônica: passos firmes, lutas silenciosas e a persistência em continuar.

 

Fonte: Banco de Imagens

 

Entendimentos & Compreensões

 Leituras & Pensamentos da Madrugada

José Carlos Bortoloti

Passo Fundo – RS

Colaborador da Revista No Ponto do Fato.

 

 

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