Recentemente, ao visitar o interior dos Estados Unidos, deparei-me com uma realidade preocupante e inesperada. Apesar de ser considerada uma das maiores potências econômicas e um ícone de progresso e desenvolvimento, os Estados Unidos apresentam, em algumas regiões, uma condição alarmante de saúde bucal entre a população. Esta experiência pessoal revelou um contraste marcante em relação ao Brasil, um país que, embora em desenvolvimento, se tornou referência mundial em odontologia.
A saúde bucal nos Estados Unidos reflete as disparidades sociais e econômicas que permeiam o país. De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), cerca de 26% dos adultos americanos possuem cáries não tratadas, e aproximadamente 46% dos adultos com mais de 30 anos mostram sinais de doença periodontal (CDC, 2022). Esses números aumentam drasticamente em comunidades de baixa renda e áreas rurais, onde o acesso aos serviços odontológicos é limitado ou inexistente. A realidade vista em estados como Pensilvânia, Nova York (interior) e Vermont expôs essa questão de forma ainda mais clara: jovens adultos, muitos deles em empregos essenciais, apresentavam dentes severamente comprometidos, com cáries avançadas e perda dentária. Essa condição não é apenas uma questão estética, mas um risco significativo à saúde geral, podendo levar a complicações cardiovasculares, diabetes descontrolada e infecções graves.
Vários fatores contribuem para esse cenário. O acesso ao cuidado odontológico é restrito, já que ele muitas vezes não está incluído nos planos de saúde tradicionais. Um levantamento da American Dental Association (ADA) mostrou que 35% dos adultos americanos não visitaram um dentista no último ano devido aos custos elevados. Um simples tratamento pode custar centenas de dólares, tornando o cuidado preventivo e procedimentos mais complexos inacessíveis para muitos. A ausência de um sistema de saúde universal que garanta a odontologia como direito aprofunda essa disparidade. Além disso, a falta de educação sobre higiene bucal e a importância das consultas regulares, aliada ao consumo excessivo de alimentos processados e bebidas açucaradas, agrava o problema entre as populações mais vulneráveis.
Em contraste, o Brasil, que já enfrentou uma situação crítica na saúde bucal nas décadas de 70 e 80, deu uma guinada impressionante. Hoje, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece programas odontológicos gratuitos ou de baixo custo, como o “Brasil Sorridente”, além de campanhas nacionais de prevenção. O resultado é notável: o país se tornou referência mundial, atraindo pacientes internacionais em busca de tratamentos de alta qualidade e custo acessível. A diferença entre os dois países evidencia como políticas públicas inclusivas podem transformar a realidade da saúde bucal.
Mais do que um problema físico, a perda dentária e as doenças bucais impactam a dignidade humana. Pessoas com dentes danificados frequentemente enfrentam preconceito e discriminação, o que afeta sua autoestima e oportunidades sociais e profissionais, perpetuando o ciclo de pobreza e marginalização.
A visita ao interior dos Estados Unidos foi um choque de realidade. Em uma nação tão próspera, ver tantas pessoas, especialmente jovens, com a saúde bucal comprometida foi desolador. Essa experiência ressalta a necessidade de políticas públicas mais inclusivas e acessíveis, que garantam cuidados básicos de saúde, incluindo a odontologia, a todos os cidadãos. Espera-se que líderes políticos, como o vice-presidente JD Vance, com sua origem humilde, possam levar essa pauta adiante e promover mudanças reais. Afinal, a verdadeira prosperidade de uma nação se mede pela qualidade de vida e pela dignidade que ela proporciona a todos, independentemente de sua posição socioeconômica.
Referências
• Centers for Disease Control and Prevention (CDC). “Oral Health Surveillance Report”. 2022.
• American Dental Association (ADA). “The State of Oral Health Equity in America”. 2023.
• Ministério da Saúde, Brasil. “Programa Brasil Sorridente: Acesso e Qualidade”. 2024.