Gleisi Hoffmann está há mais de 7 anos no comando do PT. Assumiu a presidência do PT em 2017, substituindo Rui Falcão, quando o partido enfrentava seu pior momento após a Lava Jato escancarar a corrupção sistêmica implantada por Lula, Zé Dirceu e Palocci em praticamente todas as áreas do governo. Dirceu e Palocci já estavam presos e Lula foi preso no ano seguinte. De lá para cá, mesmo considerando a “eleição” de Lula em 2022, o PT entrou em declínio, diminuindo sua participação nas câmaras de vereadores, assembleias estaduais, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Ela mesma, que havia sido senadora pelo Paraná, precisou recorrer a uma vaga de deputada federal diante de uma eminente derrota caso tentasse a reeleição para o Senado.
Acima de qualquer coisa, Gleisi é uma militante do PT e da esquerda. Começou sua carreira política como líder estudantil em Curitiba, na sequência foi assessora parlamentar na Assembleia Legislativa do Paraná, na Câmara Municipal de Curitiba e depois na Câmara dos Deputados. Em governos petistas, foi secretária de reestruturação administrativa no Mato Grosso do Sul durante o governo de Zeca do PT, em seguida foi secretária municipal de gestão pública em Londrina, depois foi nomeada por Lula como diretora financeira da Itaipu Binacional e, já eleita senadora, durante o governo Dilma foi nomeada ministra chefe da Casa Civil, onde ficou por 2 anos e meio, quando retornou ao Senado.
Em toda sua jornada política, até chegar à presidência do PT, a principal característica da petista foi o enfrentamento militante, desprezando a lógica, o bom senso e na maioria das vezes a verdade. Ascendeu politicamente, sem nunca conseguir deixar de ser aquela líder estudantil radical de esquerda. Pouco se importa com a verdade, sendo especialista em construção de narrativas, invenção de factoides, inversão de fatos e no uso do ataque pessoal aos adversários que se atrevem a enfrentá-la, inclusive dentro do PT. Aliás, é dentro do próprio PT que ela acumula mais desafetos, como, por exemplo, o ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, ligado a José Dirceu, cotado para substituí-la na presidência da legenda. Enquanto ela é especialista em arrecadar inimigos, a especialidade de Edinho Silva é arrecadar dinheiro, o que, conhecendo o PT de sempre, dá mais sentido à sua indicação para presidir o partido.
Se confirmada por Lula sua indicação para a secretaria-geral da presidência da república, Gleisi é mais uma envolvida na Lava Jato, cujos apelidos da lista da Odebrecht me furto a citar. E é também mais uma das “livradas” pelo STF de processos de corrupção e lavagem de dinheiro, apesar das provas, evidências e delações premiadas que atestaram que até dinheiro de aposentados foi desviado enquanto era casada com o então ministro do planejamento, Paulo Bernardo, também livrado pelo STF das punições merecidas. Segundo uma série de notícias que circularam durante a Lava Jato, se Gleisi Hoffamann é fiel e leal ao PT até a alma, fidelidade conjugal e lealdade ao casamento não teriam sido suas maiores virtudes.
Lula começou a alterar seu ministério. Geralmente, quando mudanças ministeriais são feitas no atacado, costumam ter dois tipos de motivos. O primeiro deles é a ampliação da base de apoio ao governo, loteando cargos entre partidos fisiológicos para que os projetos do governo no Congresso Nacional sejam apreciados de maneira mais “benevolente” por deputados e senadores. O segundo motivo é o desencontro entre expectativas de desempenho e resultados alcançados. É notório que o governo Lula padece das duas motivações. Não tem uma base de apoio fiel e os resultados do seu governo são ridículos.
Levar Gleisi Hoffmann para o ministério, porém, não tem nada a ver com fisiologismo, articulação no Congresso Nacional ou melhora nos resultados do governo. Lula precisa de um cão de guarda, disposto a defendê-lo de qualquer absurdo, capaz de fazer o papel sujo que ele mesmo não pode – e não consegue mais – fazer, pois nem para isso ele tem credibilidade, mas que ela faz muito bem. É uma virada ministerial voltada para a questão ideológica. Lula precisa resgatar a militância petista, o eleitorado que perdeu e perde diariamente, e não tem e não terá resultados para mostrar até o final de seu mandato. O governo precisa de “uma cara” que não se importa em ser ridícula ao mentir diante das câmeras de televisão, que não se incomoda – e até gosta – de ser baixa politicamente para atingir seus objetivos.
A deputada petista, certamente, está entre os TOP 10 dos políticos mais baixos e rasos da história da política brasileira, em todos os sentidos. Defensora de um modelo arcaico de desenvolvimento, apoiadora e defensora de ditadores e grupos terroristas, entusiasta de um modelo econômico de forte intervenção estatal, crítica da liberdade de expressão e a favor da regulação da imprensa e das redes sociais e adepta da mentira e da destruição de reputações como forma de atuação política. É um Lula de saia, porém sem o carisma e a liderança que levaram o petista a ser até tirado da cadeia e "descondenado" para voltar à presidência.
As críticas que Gleisi Hoffmann vem fazendo ao ministro Fernando Haddad e ao Banco Central pouco agregam à imagem do governo, mesmo que falem à militância – que, mesmo assim, parece não comprar mais o pacote de Lula a ponto de dar a ele ou ao PT um novo mandato presidencial em 2026. O que parece mais provável é o aumento do ruído interno dentro do governo que, acontecendo, inevitavelmente vai extrapolar as paredes do Palácio do Planalto e chegar à imprensa e aos eleitores. Se tudo der certo, torçamos para isso. Lula tira a melhor-pior presidente que o PT já teve para ter a melhor-pior secretária da presidência da república que o Brasil já teve.
Por último, mas não menos importante, ou até muito importante, existe a disputa de Gleisi com Janja pela influência sobre Lula. Reza a lenda que Janja não gosta de Gleisi, apesar dos esforços públicos para sugerir ao público que são amigas. Contudo, a situação sugere que a já péssima imagem de Lula em consequência das gafes e deslumbramento da primeira dama ganhará o reforço das narrativas e mentiras da maior militante que o PT já teve. A verdade é que a alma mais honesta do Brasil precisa de alguém ao seu lado que não faz a menor questão nem de parecer honesta.
E para acabar, se isso tudo tem a mão de Sidônio Palmeira, Viva Sidônio!