Terça, 18 de Março de 2025
19°C 31°C
São Paulo, SP

A JUSTIÇA LAVA-JATISTA E A INJUSTIÇA MORAESIANA

ENTRE PECADORES E SANTOS DO SISTEMA

Hermes Magnus
Por: Hermes Magnus
12/02/2025 às 14h57
A JUSTIÇA LAVA-JATISTA E A INJUSTIÇA MORAESIANA

A Lava Jato virou um vilão. Que ironia. Quem diria que a maior operação anticorrupção da história do Brasil, que desbaratou esquemas de bilhões de reais e levou figurões ao xilindró, se tornaria a Geni da política nacional? Hoje, falar bem da Lava Jato é quase uma heresia – um ato de dissidência contra o sistema regenerado, que agora passeia de toga e usa a Constituição como se fosse um mero panfleto publicitário.

Mas vamos por partes. Dizem que a Lava Jato “perseguiu”, que escolheu seus alvos “a dedo”. Verdade? Em parte, sim. Como whistleblower do caso, vi de perto que algumas figuras proeminentes escaparam da guilhotina. O critério? Talvez conveniência, talvez medo de “milindrar” poderosos – como o próprio Moro admitiu - que descobrimos em uma imagem
vazada. Mas, e daí? Desde quando operações anticorrupção têm poder absoluto? Elas ainda jogam o jogo do sistema, e, nesse jogo, mexer no tabuleiro sem quebrar as peças mais frágeis é uma arte.

O problema é que, ao invés de punir os excessos da Lava Jato no tempo certo – separando o trigo do joio –, preferiram condená-la como um todo. Preferiram transformar Deltan Dallagnol num bode expiatório, cassando seu mandato não por crime, mas por vingança. Preferiram desconstruir Sérgio Moro como se ele fosse o arquiteto de uma distopia judicial, enquanto, ironicamente, o que realmente parece uma distopia é o que Alexandre de Moraes e seus asseclas vêm fazendo: prendendo críticos do governo, perseguindo adversários políticos e agindo como se o STF fosse um oráculo inquestionável da democracia.

Se a Lava Jato pecou por não alcançar todos os corruptos, Moraes e sua corte suprema erram por outro motivo: não existe mais corrupção. Sumiu. Desapareceu. O problema nunca foi a quadrilha no poder, mas sim os jornalistas, advogados, políticos e cidadãos que ousam apontar o óbvio. Curiosamente, o sistema hoje persegue mais severamente quem fala do que quem rouba.

A verdade inconveniente, que muitos evitam admitir, é que o Brasil nunca foi um país limpo. E nem será. A corrupção não é um desvio do sistema; ela é o sistema. Quando Sérgio Moro cair – porque, acreditem, ele vai cair, seja por cassação, seja por processos fabricados – não será porque ele errou. Será porque ousou confrontar o establishment que, depois de um susto temporário, reconstruiu sua fortaleza, e agora quer esmagar qualquer um que tenha participado de sua breve ruína.

E é aqui que entra a piada trágica do dia: se Moro e Dallagnol são os vilões, quem são os heróis? Lula? Alexandre de Moraes? O STF? O Centrão? A política brasileira virou um circo onde os trapezistas caem sem rede de proteção, mas os palhaços permanecem firmes no picadeiro. E, como sempre, os espectadores aplaudem – alguns por ignorância, outros por conveniência, e outros ainda porque, no fundo, sabem que o espetáculo tem que continuar.

A única dúvida que resta é: quem será o próximo a ser jogado aos leões?

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Hermes Magnus
Hermes Magnus
Olá, sou conhecido como o denunciante que fez os políticos verem o sol nascer quadrado pela primeira vez na história do Brasil! Com um apito na mão e um senso de humor inabalável, estou por aqui para garantir que a verdade sempre encontre seu caminho, mesmo que isso signifique abalar algumas estruturas. Lembre-se, a transparência é o melhor disfarce!
Ver notícias
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,70 +0,24%
Euro
R$ 6,21 +0,08%
Peso Argentino
R$ 0,01 +0,00%
Bitcoin
R$ 491,067,03 -3,36%
Ibovespa
131,154,72 pts 0.25%
Publicidade