Quarta, 16 de Julho de 2025
8°C 23°C
São Paulo, SP
Publicidade

O Elefante de Schrödinger

A farsa que mantém a ditadura viva

Eduardo Vieira
Por: Eduardo Vieira
14/12/2024 às 15h10
O Elefante de Schrödinger
Eduardo Vieira com AI Grok
 
Todos conhecem o conceito do elefante na sala, uma questão gigantesca que é ignorada por ser inconveniente. Já o gato de Schrödinger é menos conhecida mas se refere ao conceito quântico de superposição de estados, ora estando vivo, ora morto. Dependendo do contexto.
 
Misturando os dois, temos o elefante do título desse texto. E este paquiderme é na verdade uma questão que venho apresentando mas que é curiosamente ignorada pois pode ser interessante ou não. Pode fazer sentido ou não, na cabeça de muitos. Mas é extremamente indesejada e inconveniente para qualquer um.
 
Comecemos pela definição do contexto ao qual o colosso de tromba está inserido. O Brasil se encontra numa ditadura completa. Não há mais espaço para condicionais nem rubicões a serem cruzados. Os rios e os 'se' ficaram lá longe, fora dos muros do gulag. Aqui dentro temos prisões arbitrárias e muita maldade trabalhando a todo vapor, com um fino véu de legalidade que só engana os mais covardes.
 
É nesse contexto que enxergo a nossa realidade. Assim, o que seria o elefante? Ora, se estamos numa ditadura completa as instituições já não servem para nada a não ser para servir aos ditadores. Sendo assim é totalmente fútil o gesto de pressionar algum agente do regime, como o Pacheco, ou exigir mudança escrevendo no X. E é igualmente fútil esperar que o apertar de um botão a cada dois anos possa mudar o estado de coisas.
 
Se é assim, vamos avaliar o trabalho dos parlamentares de direita. Os melhores dentre eles já percebem, em maior ou menor grau, que estamos numa ditadura. Todos já medem suas palavras nas tribunas. E todos estão intrinsecamente conectados ao sistema, que paga seus salários, os de seus assessores, e financiam seus partidos. E aqui vem o elefante:
 
Quando um político de direita sobe na tribuna de uma casa de saliência como é nossa Câmara Federal, o que ele está fazendo de fato? Defendendo nossos valores, responderiam uns. Sim, mas com que efetividade? Aqui respondo eu: zero. Não há nenhuma efetividade e isso não deriva meramente da observação honesta da realidade mas de raciocínio lógico primário, obrigatório uma vez que se aceite a premissa inicial apresentada, de que estamos numa ditadura. E a grande maioria se mostra presa num paradoxo bizarro que leva nosso portador de presas de marfim à categoria quântica. Quando coloca-se a ditadura no raciocínio o elefante existe. Quando se tira, ele some junto. E as pessoas analisam a realidade com a ditadura piscando, como uma partícula subatômica depois da colisão num cíclotron. É preciso acabar com essa dualidade perversa e encarar o mundo de frente. E nesse mundo real o elefante está lá, enorme, bem no meio da sala. Sigamos.
 
Toda vez que um discurso inflamado é mostrado orgulhosamente ao povo, este pensa que dali sairá alguma salvação. Toda vez que um meme mostra triunfante que mais um projeto de lei passou por uma das 45 etapas necessárias à sua validação o povo pensa que o Estábulo Nacional vai nos salvar da ditadura. Mas nada disso é real. O discurso inflamado não causa nenhum efeito. O projeto de lei termina, no último dos casos, no traseiro gordo de algum político ou juiz, onde ficará até o inferno congelar. Mas isso não gera memes e o povo segue enganado.
 
Portanto, aqui vai o questionamento que se materializa no elefante, com tromba, presas e uma enorme quantidade de banha:
 
"O quanto a participação dócil dos congressistas de direita no sistema legitima uma ditadura assassina?"
 
Estarão nossos representantes nos representando direito quando se submetem à palhaçada humilhante que se tornaram nossas instituições? O que dizem do Daniel Silveira, por exemplo? O que falta para o nosso lado parar com a ingenuidade de alguns, com a covardia de outros, e negar participação no sistema ditatorial, causando aí, talvez, alguma comoção?
 
E, mais importante que isso, porque minha opinião é minúscula e inaudível:
 
Por que essa questão ao menos não se encontra no debate público na direita brasileira hoje?
 
Muito obrigado pela atenção.
 
 
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Elaine Há 7 meses RJE o povo segue alienado e abandonado ,sem nenhuma representação que venha mudar o rumo do País .
Mostrar mais comentários
Eduardo Vieira
Eduardo Vieira
Professor de Programação, Robótica, Física, Matemática e História; Arquiteto de software; criador do personagem Professor D, dedicado à expansão cultural de crianças de todas as idades; criador do curso Nós Somos o Ocidente, de cultura e história do Ocidente; co-autor do livro Línguas de Fogo, publicado em 2022; diretor no RJ do DPL - Docentes Pela Liberdade em 2021; colaborador de vários portais e publicações, como Vista Pátria, Fio Diário, revista A Verdade, Aliados Brasil, Bradock Show, Programa F5 do canal Hipócritas e outros; diretor e produtor teatral do espetáculo infanto-juvenil "A Grande Jornada do Homem"
Ver notícias
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,57 +0,26%
Euro
R$ 6,48 +0,59%
Peso Argentino
R$ 0,00 +0,00%
Bitcoin
R$ 700,152,82 +1,28%
Ibovespa
135,510,98 pts 0.19%
Publicidade
Publicidade
Publicidade