Era uma vez, em uma terra tropical abençoada por Deus e governada por políticos que se acham deuses, um instituto chamado IBGE. Seu papel? Traduzir a realidade do Brasil em números para que o país pudesse encará-la de frente. Mas eis que, sob o olhar atento do Supremo Guia da Nova Ordem, surge um novo diretor, escolhido não por mérito técnico, mas por afinidade ideológica. Afinal, quem precisa de números reais quando se pode importar o modelo chinês de estatística, aquele mesmo que transforma desempregados em “empreendedores voluntários”?
Sob a batuta do novo maestro, o IBGE passa por sua maior transformação: não mais um instituto de geografia e estatística, mas um laboratório criativo de narrativas governamentais. Desemprego? Baixíssimo, porque todos que respiram agora são considerados “economicamente ativos”. Inflação? Controladíssima, graças ao cálculo inovador que exclui alimentos, combustíveis e qualquer outra coisa que o pobre mortal precise comprar. Pobreza? Erradicada, pois basta redefinir a linha da miséria para que todos estejam, magicamente, acima dela.
E como reagiu o mercado? Rindo, de início, para depois desabar na realidade. Investidores não são bobos e sabem que uma economia maquiada é como um carro velho repintado para esconder a ferrugem. A maquiagem pode enganar o leigo, mas não o especialista. Quando 90% do mercado desaprova o governo, a resposta não está nos números criados pelo IBGE, mas no preço do arroz, da carne e do feijão.
Enquanto isso, na trincheira da imprensa patrocinada, o choro é livre. Miriam Leitão, Eliane Cantanhêde e André Trigueiro se revezam na árdua tarefa de defender o indefensável. É quase poético assistir a esses gladiadores da narrativa tentando convencer o povo de que o céu vermelho é azul, enquanto a dona Maria do bairro faz contas no supermercado e descobre que está pagando mais por menos.
Ah, mas a solução para o governo é simples: censurar as redes. Afinal, o problema não é a inflação, mas a tia do zap que denuncia a farsa ao vivo. Se o governo pudesse, transformaria o WhatsApp em um novo IBGE, onde a verdade só existe com a autorização prévia do diretor alinhado.
E assim, seguimos, espectadores do grande teatro da gestão socialista, onde a realidade é um obstáculo inconveniente e a estatística é apenas uma peça de ficção. Se Orwell estivesse vivo, acrescentaria um capítulo em 1984 inspirado na saga do Brasil: “Ministério da Verdade, filial IBGE”. O Brasil de hoje não é apenas uma nação; é uma aula prática de como a ideologia pode transformar estatística em poesia. Pena que, como toda poesia ruim, ela só engana quem quer ser enganado.
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