Estamos vendo, inclusive ao nosso redor, os resultados de um cuidadoso esforço de degradação mental. E do nosso lado isso se torna trágico porque afundamos num mar de lama e gente ao nosso redor nada para o fundo, puxando quem tenta respirar. Esse processo passa pela suavização da crítica ao que é ruim. Vou usar como exemplo os memes, tão queridos pela direita.
Hoje em dia é certo dizer que 95% dos memes contém algum erro grotesco de português. Isso pode indicar algumas coisas:
-> estão sendo produzidos por analfabetos.
Neste caso, usar e replicar esse material é um atestado de tolice, sendo extraordinariamente polido. Um meme feito por um analfabeto não merece nada além da lata de lixo. Mas aí vem a lógica (sempre ela, desconectada de âncoras virtuosas, justificando a estupidez) e alega que "a mensagem é o que importa". Essa é a essência do pragmatismo mais destruidor. A mensagem está contida, em primeiro lugar, na linguagem. Quem tolera um erro bisonho de português a ponto de ainda replicar o erro está no caminho acelerado para a falência mental.
-> estão sendo produzidos com erros de propósito.
Essa modalidade requer uma expansão. Não tenho dúvida alguma de que há muito material sendo jogado nas redes com qualidade sofrível exatamente para sobrecarregar o intelecto e nos levar à imbecilização. A quantidade de anônimos postando clipes de fatos históricos repletos de erros, distorções e simplificações deixa isso claro. Permanecer nas redes da Meta é EXTREMAMENTE prejudicial à saúde intelectual. E tem gente que acha que consegue se blindar desses efeitos. Bem, isso não é possível. A única forma de blindagem é o afastamento, o uso mínimo.
Portanto, é preciso vontade e esforço para não afundar com o entorno. É por isso, entre outras várias razões, que estou trabalhando em alternativas. Precisamos de ambientes mais sadios onde a qualidade possa ser mantida num patamar mínimo. Em breve estará no ar a plataforma de comunicação da Associação, apenas para membros. Mas além dessa ação prática você pode fazer muito pelo seu intelecto.
A leitura de obras clássicas é um remédio. A apreciação de artes plásticas de qualidade e música de primeira linha, como a clássica, é outro bom caminho. Mas aviso logo: não estou falando de Romero Brito. Buscar o que é Belo não é ser pedante, é ser inteligente.
(*) - Na foto, a catedral católica de Salisbury, na Inglaterra, construída ao redor de 1250