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PARA DILMO, PIMENTA NO LEITE DOS OUTROS É REFRESCO

Dilmo e sua horda são especialistas também em criar tragédias para terceiros

17/05/2024 às 10h51
Por: Hermínio Naddeo Fonte: Opinião
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Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Pouco importa se você é de direita, centro, esquerda, liberal, socialista, comunista, feminista, lgbetista, preto, branco, pardo, homem, mulher, adulto, criança, empregado, desempregado, empreendedor, globalista, defensor de animais ou de florestas, vegano ou carnívoro, alfabetizado ou analfabeto funcional, cristão, macumbeiro, seicho-no-ie... Se você não acordar agora, será impossível escapar ileso do que fizeram, do que estão fazendo e do que pretendem fazer com este país.

Não pense que o fato de ser apoiador deste governo vai livrar sua cara caso o conluio orquestrado pelos poderes da república e pela imprensa militante vier a obter sucesso no pretendido domínio total do Brasil através da força das canetas - e, porque não prever, da força bruta, que é a única garantia que regimes totalitários têm para se manterem no poder. Resta saber, porém, até que ponto as instituições que podem dar esta garantia estão, ou estarão, realmente comprometidas com tal objetivo; e ainda saber se esse comprometimento se daria em todos os escalões ou apenas na cúpula.

O domínio do sistema é tamanho que parece até existir uma disputa para garantir o posto de pior poder para a nação. É um ajuntamento tão grotesco de maus caráteres, omissos, oportunistas e bandidos, que, se entrarmos em qualquer presídio do país, é capaz de não encontrarmos encarcerados no mesmo local tantos exemplares de desonestidade como encontramos em Brasília.

Ao nomear Paulo Pimenta como "interventor branco" no Rio Grande do Sul, Dilmo corrobora com tudo o que falei acima. Fica claro que o domínio político é extremamente mais importante do que as vidas perdidas com as enchentes no estado, em todos os sentidos. E nada mais oportuno e oportunista do que tentar se aproveitar da fragilidade emocional de um povo em ruínas, absolutamente dependente do poder público neste momento, para promover a imagem de um aliado político visando as eleições de 2026 para o governo do estado e a própria eleição presidencial, dando a ele protagonismo diante de seu maior adversário e atual governador do estado, que também se mostra inepto na tarefa de comandar a reconstrução do seu próprio quintal.

Dilmo é especialista em se aproveitar de tragédias. Não poupou nem o velório da própria esposa, usando o caixão da falecida como palanque para atacar a justiça brasileira. Quando preso, mesmo sem abrir a boca, fez da morte do neto um ato político, como se fosse ele o coitado e não a pobre criança morta. Fez também do dia de sua prisão, talvez sua pior tragédia pessoal, um imenso comício onde acusou todos de tudo, empurrando o "gran finale" para a noite, quando as imagens que seriam registradas fossem obviamente ofuscadas pela escuridão.

Enquanto esteve preso, fez da porta da carceragem da Polícia Federal em Curitiba um ponto de romaria, com dezenas de militantes sendo financiados para ali permanecerem a fim de continuar enaltecendo a imagem do condenado para que não caísse no esquecimento. E isso tudo, obviamente, com a participação ativa da imprensa vendida que fazia questão de manter em seus jornais e telejornais a menção de que o povo estava lá.

Contudo, Dilmo e sua horda são especialistas também em criar tragédias para terceiros, mesmo que falsas, além de saberem se aproveitar das tragédias alheias. Durante o governo Bolsonaro, o PT, através de seus deputados e senadores, postavam mentiras diariamente, criando, distorcendo, ampliando ou falseando fatos e informações que lhes garantissem protagonismo a fim de ofuscar ou deteriorar a imagem de Bolsonaro e de seu governo: leite condensado, Viagra, joias, baleia, motociatas, gabinete do ódio, financiamento de milícias digitais, cartão de vacina, avó de Michelle, assassinato de Marielle Franco, funcionária fantasma, imóveis, homofobia, misoginia, racismo, implantação de uma ditadura, todos fatos criados, distorcidos, ampliados ou falseados para deixar Bolsonaro permanentemente contra a parede.

Além disso, tragédias reais como Brumadinho e a pandemia, foram exploradas ao extremo, atribuindo ao governo Bolsonaro culpas e responsabilidades que ele não tinha e amplificando cada detalhe com falsidades, distorções e ampliações de fatos que não correspondiam à realidade. E, curiosamente, ou não, Paulo Pimenta (sempre) foi um dos expoentes do uso das redes sociais para postar mentiras e falsidades contra seus adversários políticos e contra os adversários de seu partido. Ao nomeá-lo para cuidar da secretaria de comunicação do governo, Dilmo não apenas escolheu um aliado, mas, tal qual Gleisi Hoffmann, um aliado que não tem vergonha de mentir, caluniar ou difamar quem for necessário, como o próprio Dilmo sempre fez e faz.

Durante a pandemia, Eduardo Leita já havia mostrado sua incompetência como governador, privilegiando a agenda globalista do Fórum Econômico Mundial e da ONU em detrimento da qualidade de vida de seu povo. Sonhou que poderia ser candidato à presidência de república pelo PSDB, abandonando no caminho seu primeiro (e péssimo) mandato como governador do Rio Grande do Sul. Mas, foi facilmente "engolido" por João Doria, pois, realmente, ele não tinha nem força, nem o que mostrar para se habilitar à vaga, era mesmo, tão somente, um sonho. Apoiou João Doria, que viria também a renunciar à sua candidatura à presidência, e depois apoiou Simone Tebet, com quem hoje conversa com o pires na mão.

De volta à realidade, após ser um ferrenho crítico do sistema de reeleição, Eduardo Leite se candidatou novamente ao governo do estado. E mesmo depois de sua fraquíssima conduta durante a pandemia, com um lockdown que, até hoje, inexplicavelmente, trancou até gôndolas de supermercados, surpreendentemente, o povo gaúcho o reconduziu ao governo do estado. Cabe a ele, agora, "drenar" a, talvez, mais grave crise que o Rio Grande do Sul passou na sua história, tendo que depender da ajuda financeira do governo federal comandado por Dilmo, que, oportunista como é, não perdeu a chance de enfiar-lhe Paulo Pimenta goela abaixo, e, com isso, voltar para si os holofotes que Eduardo Leite esperava que o iluminassem.

A crise do Rio Grande do Sul está longe de acabar, e seria desejável que ela se restringisse aos fatos, um estado quase todo inundado, milhares ou milhões de desabrigados, cidades completamente destruídas, centenas de mortes já confirmadas, outras centenas de desaparecidos, e possíveis/prováveis outras centenas ou milhares de mortes ainda surgirão à medida que as águas baixem e revelem o verdadeiro tamanho dessa tragédia. Mas, graças a Dilmo, a crise se estende também ao espectro político, gerando um conflito de governança entre dois ferrenhos adversários políticos, que, fatalmente, será explorada ao máximo nas próximas eleições.

Diz o ditado que enquanto uns choram outros vendem lenços. Dilmo não só vende lenços, mas é também especialista em também sabe fabricá-los e fazer.

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