Dilmo caiu providencialmente do banquinho, pois do "trono" ele já caiu faz muito tempo. Continua sendo o dono da esquerda, mas ao contrário daquela densa aglomeração de socialistas, comunistas e revolucionários, hoje, ele comanda um verdadeiro "Exército de Brancaleone", um amontoado de esfarrapados divididos em “trocentos” partidos que vem perdendo força, espaço e expressão, sendo seguidos apenas por lunáticos e desinformados, e pelos mal-intencionados que ainda conseguem tirar alguma vantagem disso tudo.
O atual governo é um compilado de falta de resultados, que repete a fórmula que deu errado desde a revolução russa em 1917, em todas as tentativas, e que, nos lugares aonde persiste, só sobrevive graças à tirania de ditadores e autocratas que se valem da força ou dos trambiques para se manterem no poder, porque não existe socialismo do século XXI, socialismo e comunismo só o são reencenando a mesma metodologia de sempre, ainda que usem um vocabulário diferente e sejam protagonizados por personagens hipoteticamente (ou pateticamente) mais modernos.
A história jamais negará que foram dadas a Dilmo, legal e ilegalmente, todas as chances de fazer alguma coisa decente pelo povo simples de cuja pobreza financeira e intelectual ele sempre se valeu para ganhar votos. Poderia dizer que ele simplesmente não aproveitou as oportunidades, mas, de verdade mesmo, ele nunca quis fazer nada para ninguém que não fosse de seu círculo (circo?) próximo, dos próximos do próximo, dos próximos dos próximos do próximo, algo tipo "o amigo do amigo do meu pai". O grande objetivo sempre foi praticar corrupção como se não houvesse amanhã, e, nesse caso, o socialismo/comunismo do século XXI - que não existe - sempre foi uma grande fachada sustentada por tentáculos nos três poderes da república, em especial no judiciário.
Em seu terceiro mandato, o ancião que precisa de banquinho para tomar banho, e cai do banquinho, não encontra mais ressonância nem nas camadas mais simples da sociedade brasileira, e o resultado das eleições municipais não me deixa mentir. A esquerda tomou uma lavada eleitoral, perdendo vergonhosamente em redutos históricos, campanhas em que muitos candidatos preferiram que ele nem aparecesse, e sem uma grande conquista eleitoral para chamar de sua, restando apenas 4 oportunidades de segundo turno, sendo a capital de São Paulo o maior sonho de consumo, com um candidato que nem de seu partido é. E chegamos então à reunião dos BRICS na Rússia, que Dilmo não vai pela rasteira que levou do banquinho.
Esta reunião dos BRICS não é uma reunião qualquer. Ela será presidida pelo autocrata Putin que invadiu a Ucrânia. Ele terá a seu lado Xi Jinping que está pronto para invadir Taiwan. E ainda terá a presença do presidente fantoche do Irã, Masoud Pezeshkian, que financia o terrorismo no Oriente Médio e junto à Etiópia, Egito e Emirados Árabes foram incorporados aos BRICS, e também do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, talvez o único nome que se possa considerar "moderado" nesse grupo. Na covardia de Dilmo, ops, na ausência de Dilmo, o Brasil será representado pelo chanceler Mauro Vieira, o que foi sem nunca ter sido, já que quem manda na diplomacia brasileira é ex-chanceler, ex-ministro e atual assessor de assuntos internacionais Celso Amorim, um conhecido vassalo da esquerda mundial.
Muito se espera dessa reunião dos BRICS, sem que necessariamente precisemos esperar nada. Putin precisa dos BRICS pra fugir das sanções econômicas impostas pelo ocidente em função da invasão da Ucrânia. Xi Jinping quer aumentar/impor sua posição de liderança do bloco para continuar com seus planos de se tornar a maior potência mundial. O Irã só quer soltar mísseis contra Israel, não tem muito o que fazer na reunião além de assinalar o lado ao qual está ligado. As pretensões da Índia estão ligadas principalmente à questão econômica. Em comum, estes 4 países têm a bomba atômica. Brasil, África do Sul, Etiópia, Egito e Emirados Árabes Unidos são meros figurantes.
Os BRICS nasceram como um bloco político-econômico, dispostos a consolidar um projeto alternativo para se independer das instituições financeiras que dominam o ocidente (cuja maior incentivadora, não à toa, foi a China, tanto que a sede do banco fica Xangai) e seguir um caminho político com um alinhamento não ocidental com viés mais para a esquerda. Ao longo do tempo, um dos objetivos propostos pelo grupo, e repetidamente alardeado por Dilmo, foi a criação de uma moeda que pudesse fazer frente ao dólar, coisa que o ocidente não gostou.
Agora, devido aos interesses específicos de China e Rússia, de oposição ao ocidente, em especial aos EUA, o bloco começa a trilhar um caminho que mira também uma aliança militar, que, se der certo, incluiria também a Coreia do Norte, que assinou recentemente um tratado de defesa mútua com a Rússia e que já é “sustentada” pela China. Uma das provas de que esse grupo só está reunindo o que há de pior no mundo, é que nesta reunião será proposta a inclusão de Cuba, Nicarágua e Venezuela, três pedras nos sapatos dos Estados Unidos - e bem debaixo de seu quintal. E é isso que a diplomacia brasileira apoia.
Bem, Dilmo não foi à Rússia, e penso que fica claro o motivo. Ele teria que tirar fotos e aparecer em vídeos cumprimentando ditadores, aparecer no cenário como vaso chinês (aqueles grandes que nunca ficam bem em lugar nenhum) e ser a voz do Brasil que poderia ser gravada e reproduzida pelo mundo – quando deixassem ele falar – se posicionando em questões a favor ou contra o invasor da Ucrânia, o pré-invasor de Taiwan e o financiador de terrorismo no oriente médio.
O Brasil teria que se posicionar também, na voz de Dilmo, a favor ou contra a entrada de novos sócios do clube, em situações delicadas: com a Venezuela, com quem está em litígio e pode se dar mal se for contra, correndo o risco de Maduro contar o que não querem que ele conte, ou se dar mal com o Brasil caso vote a favor, pois estaria, assim, reconhecendo a vitória fraudulenta do interlocutor de passarinho; teria que se posicionar a favor ou contra a Nicarágua, cujo presidente, Daniel Ortega, o escorraçou recentemente, cortou relações com o Brasil e que também é melhor ter de boca fechada; e a favor ou contra Cuba, que nesse caso, certamente, seria a favor, mas teria que ser dito por ele.
Se por um lado Dilmo não tem freios na língua para falar bobagens quando tem vontade, existe um contrapeso chamado José Dirceu que sabe muitíssimo bem medir a temperatura do ambiente político e dar conselhos prudentes ao comportamento diplomático do Brasil. Dirceu sabe muito bem qual seria o resultado da exposição de Dilmo ao lado de russos, chineses, iranianos, cubanos, venezuelanos e nicaraguenses no atual cenário geopolítico mundial, mas, mais especialmente, no cenário eleitoral brasileiro, São Paulo em particular.
Não há garantia alguma de que a ausência de Dilmo na Rússia favoreça Guilherme Boulos na eleição paulistana. Mas é garantido que seria péssimo se ele estivesse lá, o que me faz pensar que, diante disso, cair do banquinho debaixo do chuveiro foi só um “incidente”. A verdadeira queda acontecerá quando ele cair na real.
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