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Política Joesley Batista

FIZERAM, FIZERAM DE NOVO, ESTÃO FAZENDO E FARÃO OUTRA VEZ.

descondenados, com direito a devolução de dinheiro

22/07/2024 às 23h45
Por: Hermínio Naddeo Fonte: Opinião
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Vez por outra a polícia desbarata quadrilhas que não tem costas quentes, todo mundo é preso, vai a julgamento, todos são condenados, são enviados para penitenciárias, as mesmas, ou separadas, cumprem 1/6 da pena, saem da cadeia e se juntam de novo para cometer crimes, fazem isso até durante as saidinhas. Prova de que nosso código penal somado ao ativismo judicial que se pauta pela agenda da ONU, ou quem de fato manda nessas pessoas, é um convite ao banditismo comum ao do colarinho branco. Aliás, será que em se tratando de colarinhos tão sujos ainda dá pra chamar de colarinhos brancos?

Ao ver Joesley Batista sentado no Palácio do Planalto, na mesma mesa que o palhaço do planalto, como membro do conselho da presidência, enquanto uma medida provisória facilita pra ele uma negociata que envolve a compra de 13 termelétricas, e ainda joga a conta pro consumidor pagar, realmente dá vontade de desistir. E nem é por eles. É por nós mesmos. Mais uma vez normalizamos o que não é normal. Escândalo já é uma palavra que não consegue mais exprimir o que essa gente está fazendo no Brasil desde a libertação do megafone de carro de pamonha que, graças a quem sabemos, ocupa o assento de presidente da república.

E quer saber? Eles não estão errados no que fazem. Socorrista salva, engenheiro constrói, contador faz contabilidade, bandido rouba. É só uma questão de vocação. Apenas pra esclarecer, não estou dizendo que estão certos em roubar. Estão certos dentro da lógica particular deles, roubar. Um socorrista precisa de um doente pra salvar, engenheiro precisa de uma obra pra construir, contador precisa de clientes para contabilizar, bandido precisa de um cofre cheio de dinheiro para roubar. E só não enxerga isso quem não quer. A verdadeira luta que se trava no Brasil não é ideológica, longe disso. É um literal bang-bang, bandido contra mocinho, e os bandidos estão vencendo há muito tempo.

O cinema e a TV contribuíram profundamente para que conseguíssemos ver o bandido como mocinho. A glamorização da bandidagem, a romantização da criminalidade como meio de vida, personagens como Walter White em Breaking Bad, (alerta de spoiler) um professor de química que se transforma no maior produtor de uma droga poderosíssima, e a maioria de quem assiste torce por ele, mesmo enxergando capítulo a capítulo o bandido no qual ele se transformou. As novelas, minisséries, o cinema nacional, todos contribuindo ativamente na normatização da criminalidade, inclusive produzindo material que glamoriza a própria atividade da autoridade e do político corruptos.

Agora pensa comigo: se lá atrás, quando a justiça estava no calcanhar e nos pulsos desse pessoal, com tudo o que foi revelado, deu no que deu; sem um mísero condenado preso, muitos dos condenados descondenados, com direito a devolução de dinheiro e patrimônio obtidos com corrupção, cancelamento de multas, cancelamento de acordos de leniência, cancelamento geral do escrúpulo, Joesley Batista sentado no Palácio do Planalto como membro do conselho da presidência da república. Mais um pensamento: imagine agora que, ao invés do calcanhar e pulsos, a justiça anda par e passo, anda de mãos dadas.

Penso que a principal resposta pra entendermos o rumo desse país estará nas eleições municipais, quando a esquerda, especialmente a petista, terá que provar sua força. E se conseguir, não necessariamente pela quantidade de prefeituras, mas pela relevância delas, como, por exemplo, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Porto Alegre. A perda também servirá como análise, pelos mesmos critérios, casos de Araraquara, Juiz de Fora, Contagem e outras mais. A falta de sorte, ou excesso de burrice, ou masoquismo, de ter um Boulos eleito em São Paulo é um presságio de gravidade equivalente ao Dilmo no Planalto. Eles fizeram; e farão novamente. Nós nos esquecemos. Você lembra?

Há um ano ainda falávamos de um tal código fonte, lembra disso? Pois então, não apareceu até hoje. A gente continua sabendo só quem é a fonte do código. O que interessa, nadica de nada! Até outro dia o tema contagem pública de votos estava em alta. Mal se fala disso. Dia desses ainda estávamos apaixonados pelo Rio Grande do Sul, quase não se toca no assunto como deveria, nenhum deles. E assim foi com o fim da Lava Jato, com os absurdos judiciais contra o governo Bolsonaro, com a eleição desse futuro nome de ala de presídio, com a perseguição a conservadores de direita, incluindo parlamentares em pleno gozo de seu mandato e de sua imunidade parlamentar. A gente só assiste, ainda faz de manifestação evento cívico ao invés de um movimento cidadão de fato.

Ao mesmo tempo, com a mesma passividade, assistimos diversos presos tendo sentenças reduzidas, anuladas, sendo libertos. E vimos manicures, motoboys, senhoras de mais de 70 anos serem presas, condenadas a 17 anos de prisão, acusadas de tentar dar um golpe de estado, portando uma bíblia e uma bandeira do Brasil. Desistimos de acreditar na justiça. Mas ainda não temos o contingente necessário para poder gritar e fazer ecoar o verdadeiro nome do regime sob o qual estamos vivendo. E enquanto isso não for uma necessidade latente em todos que querem um Brasil diferente desta republiqueta que nos tornamos, a tendência é que o sistema crie raízes tão profundas que provoque rachaduras irrecuperáveis no tecido social, e quando percebermos já existirá por aí campos de reeducação como nos regimes comunistas que inspiram o imerecidamente mandatário desta nação e todos os comparsas que o cercam em todas as esferas.

E tudo isso acontece porque ainda não entendemos o jeito certo de usar o poder da nossa voz, uníssono, e por isso mesmo, a polícia deixa de desbaratar quadrilhas, porque são elas as próprias costas quentes. Ninguém é preso, não tem julgamento, não tem condenadação, e eles enviados ao mesmo tempo para os mesmos hotéis com diárias caríssimas, sem constrangimento, na cara de pau, cumprem 100% de seus mandatos, como estão fora da cadeia se juntam de novo para cometer crimes, porque é isso que eles sabem fazer e sabem que podem fazer. Prova de que nosso código penal somado ao ativismo judicial que se pauta pela agenda da ONU, ou quem de fato manda nessas pessoas, é um salvo conduto ao banditismo do colarinho sujo. Só dá pra chamar de sujos mesmo.

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Fátima Há 3 meses BH/MGÓtima reflexão! Parabéns! É preocupante esse nosso modus operandi… “Acostumar” com tudo vai levar o Brasil por um caminho perigoso demais e, talvez, caminho sem volta… Muito triste…
Alana Há 3 meses São José dos Campos Caráter é algo que a gente aprimora ao longo da vida. Quem tem um mínimo sempre quer ter mais, mas quando nasce com sinal trocado, o melhorar é para o lado ruim da força. Gambá cheira Gambá ????
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Hermínio Naddeo
Hermínio Naddeo
Sobre Escritor/Jornalista, mestrado em palpitologia, doutorado em opinologia, pós-doutorado em falastronismo - Registro MT 22619/MG
São Paulo, SP Atualizado às 08h06 - Fonte: ClimaTempo
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