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ESTAMOS ENTREGUES ÀS BARATAS?

Estamos cercados de picaretas por todos os lados

Hermínio Naddeo
Por: Hermínio Naddeo Fonte: Opinião
24/06/2024 às 22h05
ESTAMOS ENTREGUES ÀS BARATAS?
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Pergunta para qualquer pessoa se ela se sente segura andando sozinha por uma rua qualquer da cidade que não seja guardada por segurança privada a cada quarteirão. E mesmo assim, se tem segurança, é porque não se sente segura. Ou experimente parar em um ponto de ônibus, de qualquer cidade média ou grande, em qualquer período do dia ou da noite, e perguntar se a pessoa sente segurança de ficar parada por alguns - muitos – minutos esperando seu ônibus. Não deixe de perguntar também ao comerciante, ao ambulante, ao jornaleiro, ao entregador, ao motoboy, ao motorista de táxi ou de aplicativo; pergunte para os moradores se eles se consideram seguros dentro de suas residências, sejam elas casebres, casas, apartamentos, mansões, condomínios privados, e especialmente os últimos, que normalmente têm segurança privada testemunham financeiramente, e caro, quando pagam por estes serviços.

Falemos sério. Estamos cercados de picaretas por todos os lados. Até morto é levado em banco pra pegar empréstimo. Não sei nem classificar isso. Nossas instituições estão moral e eticamente falidas, não importa o tamanho do rigor que imprimam à sociedade para que esse não seja um assunto em todas as rodas e redes sociais. Falimos. Aceitamos à reeleição de um condenado por corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, por unanimidade, em 3 instâncias da justiça, que foi retirado da cadeia com o propósito de ser colocado na presidência da república, de volta à cena do crime, como bem disse seu vice-presidente antes de deixar de fingir que era um cara sério preocupado com o pai – deve ter se sentido até aliviado por poder mostrar o vendido que sempre foi.

E se as instituições que representam a república não gozam mais da credibilidade da sociedade, mais fácil do que moralizar a coisa é aprofundar na imoralidade e calar a sociedade, bem na base do “manda quem pode, obedece quem tem juiz”. Mas, como é que fazer para mudar esse cenário de pré-ditadura (de direito, de fato já é uma) em pleno vigor da democracia? Ok. Relativizada, mas, de causas a efeitos, claudicante, mas uma democracia. Pelo menos é assim que o mundo nos percebe – a caminho da Venezuela. E ainda temos um presidente que é um verdadeiro mensageiro do apocalipse, do nosso apocalipse, que cada vez que abre a boca causa uma desgraça na imagem do país e, principalmente, na nossa economia. Minha mulher vai dizer que eu paulistei de vez, mas vamos lá: meu! No curto prazo, não temos futuro. No médio prazo, não teremos. No longo prazo, só sobra o não.

O cerne da questão está em algo que falei durante um bom tempo e acabei diminuindo a ênfase, mas, hoje, é mais do que evidente: nosso pacto federativo está falido, tal quais nossas instituições. Nosso pacto fiscal é uma merda, atrasado para jamais sairmos do atraso. O mundo ocidental há décadas, quando não desde sempre, vive o princípio do municipalismo, concentração da arrecadação no município, aplicação dos recursos no município. Da mesma forma, o estado, concentração de receitas no estado, aplicação dos recursos no estado. A União recebe uma parte para cuidar de relações exteriores, forças armadas, sanções de leis aprovadas pelo Congresso Nacional, diretrizes ministeriais, mas tudo isso com a grana necessária. Comprovadamente, as estatais dão lucros se bem administradas. Mas, nas mãos de uma gangue, são um cofre de porta aberta convidando para o desvio.

Urge também uma reforma política séria. Nosso sistema político é outra instituição falida que há tempos perdeu o sentido de existir. Claro que não estou sugerindo a eliminação do legislativo, longe disso. Estou falando do modelo, dos tais regimentos internos, que são verdadeiros atalhos para a manipulação de pautas e favorecimentos, barganhas de todos os tipos, tradicional toma lá dá cá, emendas parlamentares, emendas impositivas, mais extorsivas, emendas, emendas, mais emendas, e já não se consegue mais remendar uma instituição tão emendada. Eu, que acompanho a política mais do que razoavelmente, ainda me assusto com nomes de deputados e senadores que eu não faço a menor ideia de onde vieram, que segmento representam, como votam... Mais de 90% de gente eleita por critérios que nada têm a ver com a vontade popular ou que representem algum projeto ou ao menos ideia de país para o futuro. Em nenhuma área. Utopias, pautas contra a religião, contra a ordem, contra a saúde física e mental, contra a segurança pública, contra o avanço, seja ele qual for.

Infelizmente, com esse conjunto, falimos também como sociedade. Perdemos a força como eleitores, como cidadãos, pois não importa em quem se vota, se não for um fenômeno eleitoral ou uma raridade em termos de carreira honesta, o eleito será escolhido pelo coeficiente eleitoral, que elege uma esmagadora maioria que jamais se elegeria com seus próprios votos. Uma imensa massa de cidadãos, justamente, amedrontada, outra massa de cidadãos absolutamente desinteressada, outra parcela significativa que concorda e acha lindo tudo o que está acontecendo (porque não entende, ou ignora mesmo) e os resistentes que continuam na sua militância diária nas redes sociais, nas rodas de amigos e colegas, voluntária e individual na esperança de que o senso comum vire clamor e um milagre aconteça para que a gente possa pelo menos sentir segurança na rua, no ponto de ônibus ou dentro de casa.

As baratas? Nem a elas estamos entregues, não deram conta da sujeira do ambiente.

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Alexandre PiresHá 12 meses Porto Alegre/RSPerfeita matéria... que as pessoas acordem!
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