Domingo, 16 de Março de 2025
19°C 23°C
São Paulo, SP

A CULPA É DAS ESTRELAS?

há anos a esquerda e seus aliados estão no comando das principais cidades que, agora, se encontram em calamidade

Hermínio Naddeo
Por: Hermínio Naddeo Fonte: Opinião
07/05/2024 às 18h58 Atualizada em 08/05/2024 às 09h50
A CULPA É DAS ESTRELAS?

Não é incomum que em meio a uma tragédia dantesca como essa que assola o Rio Grande do Sul a gente queira culpar alguém. E nada mais natural do que culpar o governo federal, especialmente este que está de plantão. São Pedro ninguém culpa. Mas... E o governo estadual? E as prefeituras da Grande Porto Alegre que estão literalmente embaixo d'água? Será que ninguém tem culpa?

Jamais defenderia o governo Dilmo, disso podem ter certeza. Mas é preciso entender que a origem da tragédia é climática, o que não tem nada a ver com mudanças climáticas, aquecimento global ou o escambau. Principalmente porque não é a primeira vez que isso acontece e em outras ocasiões a situação foi tão alarmante quanto. Lembro que em 1982 tragédia semelhante também chocou o Brasil envolvendo o Rio Grande do Sul, e outras tantas aconteceram antes e depois. Quem quiser saber mais pode ler aqui a Història da Defesa Civil do Rio Grande do Sul.

O fato é que o Rio Grande do Sul, e a quase totalidade dos estados brasileiros, está sujeito a tragédias provocadas por desastres naturais porque os governantes não investem na prevenção. Deslizamentos e enchentes fazem parte do cotidiano da maioria das grandes e pequenas cidades brasileiras, porque ninguém faz nada para evitar. E na maior parte dos casos os principais responsáveis são os governos estaduais e, principalmente, as prefeituras.

São matas ciliares exterminadas em nome da ganância e do progresso, favelas que nascem do dia para a noite sem que as prefeituras impeçam que a ocupação se estenda, lixo jogado nas ruas, nos riachos, nos rios, esgotos fluviais sem limpeza e manutenção, rios e riachos que não são dragados, coleta de lixo incipiente, especialmente nas periferias, falta de manutenção em sistemas de drenagem, em barragens, falta de política urbana voltada para a qualidade de vida da cidade e dos cidadãos, falta de educação, falta de vontade.

Nunca falta dinheiro para o show da Madonna, para renúncia fiscal da Lei Roaunet (16,3 bilhões mesmo que em 2023 tenham sido arrecadados só 2,2 bilõhes), para o fundão eleitoral de 5 bilhões de reais, para as mordomias de governantes em todas as esferas da administração, para as logostas e vinhos premiados, para os planos de saúde ilimitados e vitalícios de senadores e deputados federais, para os jatinhos da FAB, para os móveis da Deslubranja, para os seminários, palestras, painéis, congressos dos ministros do STF, para os penduricalhos que engordam os salários de juízes, procuradores e servidores públicos... E estou sendo limitadíssimo nas referências e exemplos.

A culpa principal - e desculpem aqueles que não gostarem - é nossa (e talvez das caixinhas mágicas) nas escolhas de governadores, prefeitos, deputados estaduais e vereadores. A gente vota mal pra caramba, essa é uma verdade. Tendo Porto Alegre como exemplo, desde 1985 a cidade foi governada 5 vezes pelo PT, 3 pelo PDT, meia pelo PPS, 2 pelo MDB e 1 pelo PSDB. Canoas, que está debaixo d´água, 3 vezes pelo MDB, 1 pelo PDT, 2 pelo PTB, 1 pelo PT e 1 pelo PSD. Em Eldorado do Sul das 6 últimas administrações 4 foram do PDT, 1 do PSDB e 1 do PSB. Ou seja, não pode ser coincidência.

A esquerda nunca esteve preocupada com a qualidade de vida dos seus cidadãos, muito menos com os riscos que eles correm. Na verdade é a manutenção dos riscos que lhes garantem as promessas que rendem votos e nunca serão cumpridas. Se cumprir perde o voto.

Contudo, se o governo federal não tem culpa direta nestas tragédias, tem extrema culpa na maneira como se omite de suas responsabilidades no auxílio e socorro das vítimas do descaso estadual e municipal. Tragédias semelhantes, ou de tamanha proporção de desgraça, acontecem no mundo todo, e, quando acontecem, o que vemos é a movimentação intensa dos governos federais no envio de todo tipo de ajuda de forças armadas, bombeiros, defesas civis, brigadas, guarda nacional, em contingentes de pessoas e disponibilidade de todos os tipos de equipamentos que possam salvar vidas, humanas e animais, comemorando cada resgate como se fosse único ou o mais importante, com senso de dever cumprido.

Não temos um governo federal comprometido com a qualidade de vida dos cidadãos brasileiros, em nenhum aspecto. Não há preocupação com o fiscal, com o social, com o emocional, com o moral, com a dignidade. De nada adianta encher uma barriga e depois deixar que ela se afogue ou seja soterrada por um deslizamento de terra. Não adianta dar um botijão de gás pra quem só ficará com ele se uma enchente ou deslizamento de terra acontecer e arruinar tudo o que foi construído e conquistado em uma vida. Não adianta defender o feminismo, o lgbetismo, a ideologia de gênero, a liberação das drogas e depois deixar que se afoguem ou sejam soterrados. Tá tudo errado. E o conserto está ficando cada vez mais difícil.

Dilmo está preocupado com a guerra da Ucrânia, em ser o mediador de um acordo de paz entre Israel e palestinos, em fazer vista grossa para os absurdos da Venezuela, em perseguir seus adversários políticos e o povo brasileiro que comemorou os poucos dias (foram poucos, muito poucos) em que ele desfrutou de uma cela VIP na Polícia Federal em Curitiba, e mais especialmente aqueles que o condenaram. Está pouco se lixando com a aprovação de seu governo, afinal, liberar bilhões em emendas parlamentares resolve tudo, e é mais produtivo para ele do que enviar dinheiro para os estados investirem na prevenção de tragédias como essa do Rio Grande do Sul.

Volto, porém, a reafirmar, que talvez a culpa não seja das estrelas, mas não deixa de ser. Como ficou claro, o Rio Grande do Sul e as cidades que mais estão sofrendo com esta tragédia são vítimas de escolhas da própria população (ou das caixinhas mágicas, vai saber) que colocou no poder, seguidamente, uma cambada de vassálos dessa esquerda corrupta que a vida inteira optou pelos seus privilégios em detrimento da qualidade de vida de seus eleitores.

Honestamente, não consigo entender como o Rio Grande do Sul reelegeu Eduardo Leite, um trancador de gôndolas de supermercados que, durante a pandemia, comandou um dos mais severos lockdowns do planeta, quebrando empresas e desempregando pessoas, e que teve ainda a capacida de dizer que "Não adianta atuar quando a UTI já está esgotada". Pois então, governador, vai dizer que não adianta atuar quando a calamidade já provocou 95 mortes, 131 desaparecidos e 372 feridos (dados da manhã de 7/5/2024)? Vai trancar as gôndolas de novo, governador? Quem sabe resolve?

Estamos há 5 meses das eleições municipais. Como descrevi acima, há anos a esquerda e seus aliados estão no comando das principais cidades que, agora, se encontram em calamidade no Rio Grande do Sul. A chance de mudar é agora. Infelizmente, o estado ainda leva mais 2 anos e meio. Mas, razões e motivos não faltam para que acordem e parem de eleger quem ,nos últimos 40 anos, os enfiou nesta desgraça. Só rezar para São Pedro não vai adiantar.

Que Deus abençoe o Rio Grande do Sul, meus queridos amigos e o povo gaúcho em geral, pois estes governantes não vão resolver a vida de vocês. 

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
MarciaHá 10 meses BHTexto lúcido e real! Excelente!
Tulio Furletti Há 10 meses BH MGMuito bom, parabéns
LuizHá 10 meses Rio de Janeiro Muito Bom Hermínio! Abração!
Rose JulioHá 10 meses Bento Gonçalves - RSExcelente e extremamente pertinente. É uma pena que ainda existam pessoas tão cegas, diante do que está à frente do nariz.
EDUARDO Há 10 meses São Paulo/SPMuito bem colocado!
Mostrar mais comentários
Mostrar mais comentários