Se você comemorou a derrubada do IOF mesmo sem saber a profundidade do estrago que o aumento causaria, não direi que está errado, afinal foi uma derrota vexatória de um governo que merece a mesma adjetivação. E foi uma perda dupla no sentido das contas do governo, e até tripla, e já explico isso.
Mediante o uso de um decreto legislativo, instrumento que o Congresso Nacional utilizou pela primeira e, até a data de ontem, 24/6/2025, única vez, desde a Constituição Federal de 1988, quando Collor ainda era presidente (ironicamente articulado por PT, PSDB e PMDB), os parlamentares derrubaram um decreto presidencial que alterava o pagamento de precatórios. Portanto, 23 anos se passaram até que o instrumento legislativo fosse usado pela segunda vez.
O vexame do governo não ficou apenas no fato de ter um decreto presidencial derrubado pelo Congresso, mas, também e principalmente, pelo amplo placar acachapante de 383 a 98, o que significa que 75% dos parlamentares, quorum suficiente aprovação de emendas à Constituição e até mesmo para aprovação de impeachment de um presidente da república, o que pode até ser entendido como um recado para Lula.
A queda do decreto do IOF escancara a fragilidade de um governo irresponsável, gastador, descomprometido com a responsabilidade fiscal, sem base no Congresso para aprovar a maneira como conduz a economia do país, além de revelar o desembarque de partidos que, mesmo tendo ministérios nas mãos, com os olhos nas eleições de 2026, não estão mais dispostos a pôr suas digitais nas aventuras econômicas e fiscais de Fernando Haddad e Simone Tebet.
O impacto desta situação, além da queda do decreto, pode ser a queda do próprio Fernando Haddad, que já não goza de nenhum prestígio junto ao mercado financeiro, ao Congresso e, possivelmente, dentro do próprio governo do qual participa. Curiosamente, isso aconteceu no mesmo dia em que Lula, em mais um de seus improvisos alcoólicos, afirmou em cerimônia que informou o aumento da mistura de etanol na gasolina que nenhum ministro faz nada sem o aval dele.
Coroando a noite de São João petista, o Senado Federal aprovou o aumento do número de deputados federais, passando de 513 para 531, dando aos contribuintes mais 18 bocas gulosas para sustentar. O resumo, para o governo, foi a impossibilidade de aumentar a arrecadação da maneira que queria e simultaneamente mais uma conta para pagar – e nesse caso, mesmo não fazendo parte da quadrilha, nós, contribuintes, dançamos junto, afinal o dinheiro que paga essa e todas as contas que esses irresponsáveis fazem sai dos nossos bolsos.
E para deixar ainda mais festiva a dança da quadrilha, Davi Alcolumbre promulgou o dia 12 de abril como o Dia da Celebração da Amizade Brasil‑Israel, o que deve ter agradado muito Lula e Celso Amorim (contém ironia). O projeto de lei havia sido aprovado pelo Congresso em 29 de maio de 2025 e levado à sanção presidencial. Mas, como não foi sancionado por Lula dentro do prazo de 15 dias úteis, coube ao Legislativo promulgá-lo automaticamente — por meio do que se conhece como sanção tácita.
Ainda que assistir derrotas deste desgoverno no Congresso Nacional possa trazer alguma satisfação, não custa lembrar que, ao fim e ao cabo, quem dança mesmo somos nós. Com ou sem Fernando Haddad comandando a economia, a sanha arrecadatória do governo não vai parar por aí e eles encontrarão outros meios de tirar dinheiro dos nossos bolsos, vão continuar roubando e não fazendo nada pelo país.
Quem sabe, porém, o elástico placar que derrubou o decreto do IOF, suficiente para derrubar um presidente da república, não cria ânimo dentro do Congresso Nacional para que uma proposta séria de impeachment possa avançar. Motivos não faltam.
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