Quarta, 16 de Julho de 2025
8°C 23°C
São Paulo, SP
Publicidade

BRASIL – BASEADO EM FATOS SURREAIS

Deixamos de ser o país do samba, do futebol e do carnaval para nos tornar o país da impunidade, do crime institucionalizado e da insegurança jurídica.

Hermínio Naddeo
Por: Hermínio Naddeo Fonte: Opinião
24/06/2025 às 14h22
BRASIL – BASEADO EM FATOS SURREAIS
VLADIMIR PLATONOW - AGÊNCIA BRASIL

Não é de hoje que estrangeiros se encantam com o Brasil. Cultura vibrante, culinária diversa, clima generoso, ausência de desastres naturais e uma alegria inexplicável faziam do país um destino desejado. Um povo miscigenado, acolhedor, simpático. Até pouco tempo, vivíamos uma convivência razoavelmente pacífica entre raças, credos e opiniões. Mas isso pertence a outro Brasil, um que já não existe.

Hoje, a visão externa mudou. O encantamento deu lugar ao receio. Turistas têm medo de vir. Investidores hesitam. O Rio de Janeiro, antes nosso maior cartão postal, virou vitrine do caos. A criminalidade virou rotina. E o medo, um item obrigatório na bagagem de qualquer estrangeiro que ainda ouse desembarcar por aqui.

O Brasil se tornou um país hostil ao turismo e ainda mais ao investimento produtivo. Os juros altos até atraem capital especulativo, mas não há interesse real em construir, gerar emprego, desenvolver. Por quê? Porque somos uma bagunça institucional: pobre, corrupta e juridicamente instável. Um país onde o sistema legal não oferece garantias mínimas para quem quer investir de forma séria. Onde a corrupção é sistêmica, institucionalizada e o respeito às leis é seletivo.

É impossível separar a criminalidade da corrupção e da insegurança jurídica. Lá fora, todos sabem: somos governados por um ex-presidiário libertado pela própria corte suprema que o condenou, com um vice que dizia que ele queria “voltar à cena do crime” — e aceitou ser coadjuvante da sequência. Todos sabem também que nossas polícias não vencem o crime porque o Judiciário solta o que as forças de segurança prendem. E sabem que nosso Congresso é um ninho de fichas-sujas blindados por juízes amigos e convenientes.

A insegurança jurídica que corrói nossa credibilidade é invisível para o cidadão comum, mas grita aos olhos de quem analisa o Brasil com alguma racionalidade. E isso se agravou quando o Judiciário resolveu assumir também as funções do Executivo e do Legislativo, atropelando a Constituição, censurando, prendendo sem base legal, cerceando liberdades. Não por acaso, passamos a ser vistos como um país que se alinha com ditaduras, que abriga criminosos internacionais, que flerta com o que há de pior no cenário global.

Deixamos de ser o país do samba, do futebol e do carnaval para nos tornar o país da impunidade, do crime institucionalizado e da insegurança jurídica. Tudo isso patrocinado por um projeto de poder iniciado em 2003, que aparelhou as instituições, saqueou os cofres, afundou o país numa crise histórica, saiu por impeachment e voltou — mais voraz e descarado — para completar a destruição.

Hoje temos um Judiciário que se dá ao luxo de ser tudo ao mesmo tempo: vítima, acusador, investigador, juiz e parte interessada. Que fala em democracia, mas age com mão de ferro. Que julga réus com quem compartilha palanques, festas, sobrenomes e contas de restaurante. Que cria inquéritos contra desafetos e fecha os olhos para os aliados. Que trata cidadãos como inimigos políticos.

Precisamos cair na real: somos um país surreal. E não há como negar: a culpa tem nome, sobrenome, partido e projeto de poder.

 

Convido você a conhecer nosso projeto no apoia.se/nopontodofato. E, se gostar, considerar ser nosso apoiador.

Compartilhe para que este artigo chegue a mais pessoas.

Deixe ser comentário! Sua participação e sua opinião são importantes para nós!

SIGA NAS REDES SOCIAIS

X - @nopontodofato

Instagram - @nopontodofato

Facebook@nopontodofato

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mozart Há 3 semanas Franca - SPAlém de surreal: distópico...!
Rita de cassia Lanschi BonesiHá 3 semanas G.Valadares/MGAcabamos de ver cair a máscara do "supremo juiz" que segundo investigado acareado confessou encontro de lamentações com seu comandante dizendo ter sido "vítima" do ex presidente, notícia dada por um deputado. Casa notícia supera o caos anterior! Li notícias de golpes a turistas onde cobrou se R$22.000,00 por uma garrafa dágua. Notícias de narcotráfico são confetes em dias de folia.
Mostrar mais comentários
Hermínio Naddeo
Hermínio Naddeo
Escritor/Jornalista, mestrado em palpitologia, doutorado em opinologia, pós-doutorado em falastronismo - Registro MT 22619/MG
Ver notícias
Publicidade
Publicidade
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 5,57 +0,04%
Euro
R$ 6,48 +0,08%
Peso Argentino
R$ 0,00 +0,00%
Bitcoin
R$ 700,768,57 -0,97%
Ibovespa
135,510,98 pts 0.19%
Publicidade
Publicidade
Publicidade