Não é de hoje que estrangeiros se encantam com o Brasil. Cultura vibrante, culinária diversa, clima generoso, ausência de desastres naturais e uma alegria inexplicável faziam do país um destino desejado. Um povo miscigenado, acolhedor, simpático. Até pouco tempo, vivíamos uma convivência razoavelmente pacífica entre raças, credos e opiniões. Mas isso pertence a outro Brasil, um que já não existe.
Hoje, a visão externa mudou. O encantamento deu lugar ao receio. Turistas têm medo de vir. Investidores hesitam. O Rio de Janeiro, antes nosso maior cartão postal, virou vitrine do caos. A criminalidade virou rotina. E o medo, um item obrigatório na bagagem de qualquer estrangeiro que ainda ouse desembarcar por aqui.
O Brasil se tornou um país hostil ao turismo e ainda mais ao investimento produtivo. Os juros altos até atraem capital especulativo, mas não há interesse real em construir, gerar emprego, desenvolver. Por quê? Porque somos uma bagunça institucional: pobre, corrupta e juridicamente instável. Um país onde o sistema legal não oferece garantias mínimas para quem quer investir de forma séria. Onde a corrupção é sistêmica, institucionalizada e o respeito às leis é seletivo.
É impossível separar a criminalidade da corrupção e da insegurança jurídica. Lá fora, todos sabem: somos governados por um ex-presidiário libertado pela própria corte suprema que o condenou, com um vice que dizia que ele queria “voltar à cena do crime” — e aceitou ser coadjuvante da sequência. Todos sabem também que nossas polícias não vencem o crime porque o Judiciário solta o que as forças de segurança prendem. E sabem que nosso Congresso é um ninho de fichas-sujas blindados por juízes amigos e convenientes.
A insegurança jurídica que corrói nossa credibilidade é invisível para o cidadão comum, mas grita aos olhos de quem analisa o Brasil com alguma racionalidade. E isso se agravou quando o Judiciário resolveu assumir também as funções do Executivo e do Legislativo, atropelando a Constituição, censurando, prendendo sem base legal, cerceando liberdades. Não por acaso, passamos a ser vistos como um país que se alinha com ditaduras, que abriga criminosos internacionais, que flerta com o que há de pior no cenário global.
Deixamos de ser o país do samba, do futebol e do carnaval para nos tornar o país da impunidade, do crime institucionalizado e da insegurança jurídica. Tudo isso patrocinado por um projeto de poder iniciado em 2003, que aparelhou as instituições, saqueou os cofres, afundou o país numa crise histórica, saiu por impeachment e voltou — mais voraz e descarado — para completar a destruição.
Hoje temos um Judiciário que se dá ao luxo de ser tudo ao mesmo tempo: vítima, acusador, investigador, juiz e parte interessada. Que fala em democracia, mas age com mão de ferro. Que julga réus com quem compartilha palanques, festas, sobrenomes e contas de restaurante. Que cria inquéritos contra desafetos e fecha os olhos para os aliados. Que trata cidadãos como inimigos políticos.
Precisamos cair na real: somos um país surreal. E não há como negar: a culpa tem nome, sobrenome, partido e projeto de poder.
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