Dizem que o Brasil só terá jeito com uma revolução. E então começa o arrepio coletivo: revolução de esquerda? De direita-dente-de-leite? Ou — pior — do Centrão, essa força centrípeta do atraso, sempre pronta a farejar o poder, não importa a embalagem ideológica.
Sejamos francos: a tal “direita dente de leite” é um fenômeno genuinamente nacional. Barulhenta, neófita, cheia de certezas e vazia de leitura — e, vez por outra, também enche as fraldas de coisas fedorentas. Uma direita que nunca abriu um livro, mas pisa firme no TikTok. Que confunde Locke com marca de xampu e acha que Hayek é personagem do Naruto.
E a esquerda? Essa, coitada, está presa no próprio espelho, enamorada de um reflexo revolucionário de um passado que nunca existiu — só existiu, mesmo, o vermelho. Vermelho da vergonha por ter eleito, vibrando, um descondenado corrupto. Hoje, serve apenas de apoio ao narco — talvez boa parte sem sequer saber que esse é o papel da militância: sustentar o caos enquanto acha que faz parte da vanguarda iluminista.
Revolução à moda da Bastilha? Esqueça. Aqui, o máximo que cai são decotes em CPIs ou narrativas no Twitter. Se ao menos pudermos sonhar com a queda da “bestialha” — essa amálgama fétida de toga, verba e saliva parlamentar — já estaremos no lucro. Bastaria um tropeço bem dado no ego das instituições para, quem sabe, abrir caminho para algo minimamente… respirável.