Enquanto o mundo volta os olhos para os conflitos internacionais — em especial a guerra entre Israel e o Irã e a invasão da Ucrânia pela Rússia —, uma realidade ainda mais alarmante permanece ignorada dentro das nossas próprias fronteiras: a violência urbana no Brasil, que mata mais do que muitos campos de batalha. Sergipe, o menor estado brasileiro em área (com 22.000 km², praticamente do tamanho de Israel), serve como exemplo gritante dessa tragédia cotidiana.
Desde o início da guerra entre Israel e Irã, em 13 de junho de 2025, o Irã lançou entre 400 e 520 mísseis balísticos contra o território israelense. Apesar da intensidade do ataque, foram registradas apenas cerca de 25 mortes em 10 dias. Proporcionalmente, isso representa cerca de 0,26 mortes por dia por milhão de habitantes.
Se projetarmos esse mesmo ritmo de letalidade por um período de 3 anos (1095 dias), Israel teria cerca de 2.737 mortes. Esse é o cenário estimado de um país em guerra aberta e sob constante bombardeio.
Em 2022: 42.190 homicídios;
Em 2023: 45.747 homicídios;
Em 2024: 38.772 homicídios;
Em 2025 (estimado até junho): cerca de 19.350 homicídios.
O total acumulado é de aproximadamente 146.000 homicídios em 3 anos.
Isso nos leva a uma comparação desconcertante:
Com cerca de 2,2 milhões de habitantes e uma área quase idêntica à de Israel, o estado registrou 447 homicídios dolosos em 2023, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública. Isso representa 0,55 mortes por milhão de habitantes por dia — mais que o dobro da taxa registrada em Israel durante os ataques iranianos.
Ou seja, proporcionalmente, Sergipe é mais letal que Israel em guerra. E o pior: essa violência é crônica, constante, ignorada e naturalizada. Não há alarme internacional, não há resoluções da ONU, não há escudos antimísseis. Há apenas a estatística crua e a indiferença política.
Israel investe em tecnologia de ponta, como o Iron Dome. No Brasil, o cidadão conta com a sorte, com uma viatura que nunca chega ou com a promessa eleitoral que nunca se cumpre. Sergipe, que poderia ser apenas uma referência geográfica, torna-se um espelho do fracasso nacional.
No fim das contas, a pergunta que fica é: como um país pode aceitar tamanha carnificina sem sequer reconhecer que vive em guerra?
Sim, é mais perigoso viver em Sergipe — e no Brasil — do que em Israel sob mísseis ou na Ucrânia sob tanques. E isso diz muito sobre nós.
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