Não tenho visto a imprensa brasileira trazer à tona o caso Irã-Contras, que aconteceu durante o governo de Ronald Reagan, que considero extremamente relevante para entender como a geopolítica tem diferentes nuances que variam conforme a situação do momento.
Na década de 1980, logo após a tomada do poder no Irã pelos aiatolás, os Estados Unidos estavam preocupados com a influência da então União Soviética na América do Sul, em especial na Nicarágua, que se alinhava a Cuba, e no Oriente Médio.
Contrariando uma lei imposta pelo congresso americano, então dominado pelos democratas, foi votada a lei Boland, que proibia os EUA de financiar militarmente os “contras”, formados por grupos que se opunham aos aiatolás no Irã e aos sandinistas na Nicarágua.
Para bular a lei, e visando libertar reféns ocidentais prisioneiros do Hezbollah no Líbano e derrubar o aiatolá Khomeini, o assessor Robert McFarlane e, depois, o tenente-coronel Oliver North — negociaram secretamente, com intermediários israelenses, o envio de mísseis TOW e peças de HAWK a Teerã. Parte dos pagamentos que eram feitos aos iranianos eram desviados para a guerrilha nicaraguense, burlando a lei Boland.
Tudo ia bem até que um avião de carga C-123K, pilotado por um mercenário norte-americano, Eugene Hasenfus, caiu na Nicarágua e ele foi preso e confessou o apoio do governo americano. Para piorar um pouco mais, poucas semanas depois, a revista libanesa Ash-Shiraa revelou a venda de armas ao Irã, gerando a investigação que ficou conhecida como Irã-Contras.
Além disso, gerou um debate sobre o que seria invasão do Congresso americano às prerrogativas do presidente da república na condução das relações internacionais. No fim das contas, Reagan saiu limpo dessa história e quem pagou o pato foram os peixes pequenos.
Em síntese, o caso Irã-Contras foi um labirinto de diplomacia clandestina, combate anticomunista e disputas institucionais, simbolizando tanto o pragmatismo duro da Guerra Fria quanto seus perigos políticos. Ele ilustra como, em nome de uma causa — no caso, conter o avanço do socialismo na América Latina e libertar reféns no Oriente Médio —, um governo pode cruzar linhas legais e éticas, gerando um dos escândalos mais emblemáticos da história dos EUA.
Cabe salientar aqui que o projeto nuclear iraniano começou muito antes dos aiatolás, mais precisamente em 1957, quando o Irã ainda era comandado pelo Xá Reza Pahlavi. O Irã assinou um acordo de cooperação nuclear com os Estados Unidos, dentro do programa lançado pelo presidente Eisenhower, que visava promover o uso pacífico da energia nuclear em países aliados. O objetivo era estabelecer infraestrutura científica e treinar técnicos iranianos.
Chegamos, então, aos tempos atuais. Após o colapso da União Soviética, a guerra fria acabou, a Nicarágua se tornou uma ditadura comunista e os Aiatolás continuam no poder com seu projeto nuclear desenvolvido a ponto de construírem bombas atômicas, o que nos faz entender que de nada adiantou a ajuda que Reagan ofereceu clandestinamente aos “contras”, mas que, talvez, tivesse sido mais efetiva caso tudo tivesse sido conduzido de maneira oficial e por mais tempo.
Tudo o que os Estados Unidos, com a intermediação de israelenses, ofereceram aos “contras” iranianos, voltou-se contra os dois. Os aiatolás transformaram o Irã num celeiro de terroristas, financiando o Hezbollah e o Hamas para destruir Israel, e, até o início desta guerra, estavam prestes a ter até 9 bombas nucleares, que, certamente, dado o perfil fanático dos iranianos, seriam lançadas contra Israel e, quem sabe, até contra o próprio território americano.
Se desta vez o regime dos aiatolás vai sobreviver, ninguém sabe afirmar. Parece claro que a Rússia e a China, dois parceiros do Irã, não devem se meter nessa briga. Apesar dos discursos contra Israel, a China não entrará nessa guerra por puro pragmatismo, e a Rússia não entrará porque não conseguiria entrar em mais uma guerra. Resta saber se os Estados Unidos entrarão.
O mundo ocidental e muitos países do Oriente Médio estão a favor de Israel, entendendo que fanáticos religiosos como os iranianos não podem ter uma bomba atômica. Já basta a Coreia do Norte, comandada por um maluco de quem se pode esperar tudo.
Só mesmo um comunista irresponsável como Lula, sempre do lado errado da história, para apoiar o Irã.
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