Ah, o Botucundo. Essa figura mítica da nova brasilidade. De manhã, comentarista econômico indignado com o preço da gasolina e o caos da “Lulanomia”; ao meio-dia, justiceiro das redes, clamando por anistia ampla, geral e irrestrita — até para o Dom Xandão; mas basta explodir um drone em algum canto do planeta, e voilà! surge o especialista em guerra!
Sim, o Botucundo, aquele que mal sabe onde fica Gaza no mapa, agora entende de mísseis hipersônicos russos, da doutrina de dissuasão chinesa, das fraquezas logísticas da OTAN e das milícias houthis do Iêmen. Ele sabe! De repente, virou estrategista militar internacional — autodidata, é claro, via vídeos no TikTok e threads no X. A internet é o seu quartel-general, o teclado sua trincheira.
Enquanto isso, os políticos de sempre respiram aliviados. Afinal, com o Botucundo distraído desenhando rotas de ataque com canudinho na Coca-Cola, ninguém pergunta por que a inflação real não bate com os números do IBGE, ou por que o orçamento secreto virou segredo até para o Excel. A tragédia de uns virou a cortina de fumaça de ouro para outros.
Mas atenção: nunca, jamais, sugira ao Botucundo que pegue um fuzil. Diga a palavra “alistamento” e ele some. Some três dias e três noites, tal qual Moisés, mas sem tábua da lei e com wi-fi ruim. O patriotismo dele tem limite — e esse limite é a fila do quartel.
Enfim, que viva o Botucundo! Que ele continue sua saga geopolítica no conforto do sofá, salvando o mundo 280 caracteres por vez… e nos permitindo ver, enquanto isso, o país afundar em paz.