Está difícil dizer qual dos três poderes está pior. Aliás, está difícil até chamar de três poderes, três podres, seria mais adequado à falta de vergonha, de respeito às instituições que esses caras representam, além, claro, da Constituição Federal, que nas mãos de todos eles, há tempos, já não vale mais nada.
Dizer que o executivo está ruim é chover no molhado, por mais frase feita que o corretor ortográfico insista em me corrigir quando uso a expressão. Lula se livrou da cadeia para ocupar a presidência, mas está mais preso do que nunca, a um judiciário que dá as cartas e a um legislativo que, graças a ele próprio, só atua na base da chantagem.
Ora chantageia o executivo barganhando verbas, ora chantageia o judiciário ameaçando com a aprovação de leis que diminuam os poderes dos ministros. Mas, ao mesmo tempo, com a imensa maioria de deputados e senadores com processos nos escaninhos do STF, também é chantageado por ambos, uma vez que a dobradinha executivo/judiciário continua a pleno vapor.
Sobre o judiciário, já não sabemos mais se virou delegacia de polícia ou escritório de advogados de bandidos. O que sabemos, com certeza, é que não representa mais a justiça, muito menos pode ser entendido como guardião da Constituição Federal, sua única e verdadeira função dentro do que entendíamos como república.
Não existe mais um poder que possa ser considerado confiável na estrutura republicana. Os interesses defendidos pelos representantes dos três poderes (ou devo manter o “podres”?) não têm absolutamente nada a ver com o povo, com a democracia, com o desenvolvimento do país.
Tirando as bravatas e discursos retóricos, todos defendem seus próprios rabos e os interesses de grupos políticos e empresariais que estimulam e se aproveitam da zona na qual vivemos para obter benefícios e privilégios que nunca têm os contribuintes na equação. Somos meros pagadores de contas, propinas e benesses que deixam os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
Temos vivido com a ilusão de que ações de fora do Brasil vão resolver nossos problemas ou sonhando que a próxima eleição vai mudar o cenário político a ponto de termos deputados e senadores 100% honestos e capazes de recolocar ordem na república – como se realmente tivéssemos tido ordem em algum momento após a redemocratização em 1985.
É até de se estranhar que as palavras ordem e progresso ainda constem da bandeira nacional, pois são as duas coisas que, definitivamente, não existem no Brasil desde que esta quadrilha chegou ao poder em 2003, mas que, mais disfarçadamente, e não menos onerosamente para o Brasil e para os brasileiros, já existia desde que Sarney subiu a rampa no lugar de Tancredo Neves.
Recolocar o Brasil no caminho do desenvolvimento passa longe da eleição de 2026. Não será a eleição de um presidente comprometido com os interesses do povo que irá resolver isso, mesmo que ele consiga ter maioria nas duas casas legislativas. A máquina estatal está totalmente apodrecida, infestada de "parasitas" que são verdadeiros impedimentos para que quaisquer mudanças produzam resultados rápidos.
Temos um estado inchado, caro e improdutivo, um pacto federativo que centraliza recursos e diretrizes, estados e municípios com praticamente zero autonomia, obrigando governadores e prefeitos a viverem com “pires na mão”, o que vai ficar ainda pior com a reforma tributária aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pela presidência da república.
Estamos a mais de um ano das eleições, mas tudo o que se vê são ações e falas com vistas a elas. Lula nunca saiu do palanque, nem quando estava preso. Deputados e senadores têm medo de enfrentar temas que podem lhes custar à reeleição. E o STF atua politicamente para tirar do caminho qualquer um que represente uma ameaça ao poder que conquistou depois que passou a ignorar a Constituição Federal.
A pior parte do cenário, porém, está na incapacidade do povo de reagir a tudo isto, a maioria por ignorância, a menor parte por medo de sofrer consequências como as que sofreram – e sofrem – os patriotas indignados do 8 de janeiro de 2023, que, por pura ingenuidade, foram encaminhados para uma armadilha que acabou pegando não só eles, mas o Brasil inteiro.
Empresários descontentes não têm coragem de patrocinar ou apoiar pessoas e movimentos. Os próprios movimentos que foram responsáveis pelas manifestações que culminaram no impeachment de Dilma Rousseff também perderam a força, muitos deles intimidados e respondendo a processos, com seus líderes e familiares tendo suas vidas e negócios devassados à revelia da lei.
Enquanto as mais importantes instituições da nossa república forem ocupadas pelos personagens que há 40 anos, descarada e impunemente, roubam o Brasil, se elegendo e reelegendo mediante um sistema eleitoral que não privilegia a vontade popular, e que vive sendo alterado para que tudo continue do mesmo jeito, permaneceremos enxugando gelo – e lá vai o corretor ortográfico reclamar de mais uma frase feita.
Contudo, o maior agravante é outro: se o povo mais simples não for instruído para entender que o assistencialismo no qual se viciou é exatamente a fonte que o mantém na miséria, continuaremos vivendo de ilusões e sonhos, até que o Brasil se transforme de vez no pesadelo que os mais esclarecidos tiveram medo de alardear com a força e a persistência necessárias.
Foi-se o tempo em que quem sentia prazer ao ir à zona era quem pagava por ele. Nessa zona que o Brasil virou, só sente prazer quem recebe.
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