Enquanto escrevo esta carta com bico de pena e aguardo ansiosamente o próximo carteiro, adianto-lhe uma cópia por vias modernas — afinal, o sistema tradicional de missivas às vezes tarda.
Ao responder à deputada Rosângela Moro, Vossa Excelência, “Kamarada” Mauro Vieira, declarou que “a lei americana não valeria no Brasil”, sugerindo que medidas como o cancelamento de vistos para quem atenta contra a liberdade de expressão seriam, de algum modo, irrelevantes por estas bandas.
Pois bem. Talvez seja oportuno relembrar um princípio básico da diplomacia: vistos americanos não são emitidos em Ipanema nem em Brasília, mas em embaixadas e consulados — ou seja, território soberano dos Estados Unidos da América.
Imaginar que um governo estrangeiro não possa negar a entrada em seu próprio solo a quem ameaça os direitos constitucionais de seus cidadãos é mais do que ingenuidade — é diplomacia de palanque, com direito a fanfarra e palhaços.
Agora, é só esperar a ONU Kamarada distribuir vistos diplomáticos aos excluídos da Disneylândia.