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QUANDO A PARANÓIA VIRA ESTRATÉGIA DE CENSURA

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Hermes Magnus
Por: Hermes Magnus
13/05/2025 às 14h47 Atualizada em 13/05/2025 às 14h50
QUANDO A PARANÓIA VIRA ESTRATÉGIA DE CENSURA

Há algo de profundamente podre no reino dos algoritmos. Não basta mais ter convicções. É preciso atuar as convicções. Com direito a cenário fake de escritório, microfone pendurado e uma entonação de voz que mistura indignação plástica com um quê de seita pentecostal. Bem-vindos ao Brasil do teatro digital, onde a suposta direita — ou melhor, a direitinha cibernética performática — requenta fake news como se fossem restos de lasanha de domingo.

O que antes se apresentava como “contra-narrativa” virou sitcom de baixo orçamento. Os youtubers da “direita”, que já foram vozes dissonantes em um país anestesiado, hoje mais parecem peças de um roteiro escrito por estagiários da KGB bêbados de Red Bull. Requentam, revisitam, revivem e ressuscitam absurdos com uma fé que nem eles mesmos acreditam. Falam com aquele olhar perdido de quem já sabe que o script está vencido, mas o Pix precisa cair.

Talvez seja isso: a monetização secou. O desespero bateu. E o conteúdo, coitado, virou repeteco de conspiração esfriada no micro-ondas. Teve censura? Claro. Teve abuso de poder? Sim. Mas nada disso justifica transformar indignação legítima em clickbait conspiratório de quinta categoria. Criam teorias com tanta facilidade que o Stephen King deveria processá-los por concorrência desleal.

E que audiência é essa, sedenta por maluquice em cápsula? Gente desesperada por um “inimigo do bem”, mesmo que inventado. Eles não querem a verdade. Querem combustível emocional. E se não houver um escândalo novo, serve um escândalo antigo, requentado com três colheres de revolta fingida e uma pitada de edição dramática.

O mais curioso? Isso tem cheiro de infiltração. Sim, porque a esquerda é burra, mas não é boba. Nada melhor do que plantar proxies caricatos dentro do adversário: figuras grotescas que se dizem “conservadoras” enquanto sabotam a credibilidade de qualquer pauta séria. Quem assiste pensa: “se isso é direita, então prefiro o caos com mortadela”. Missão cumprida.

E aí vem o clímax da farsa: esses mesmos “influencers” ajudam, com sua verborragia delirante, a construir exatamente o cenário ideal para… censura. A esquerda sequer precisa se esforçar. Ela apenas aponta para o circo, mostra os palhaços berrando “chip na vacina” e diz: “Viu? É por isso que precisamos regulamentar as redes sociais.” E o povo — já cansado do ruído — aceita. Pede. Implora por silêncio, mesmo que venha de mordaça.

Ou seja: é a própria “direita de papel alumínio” que está pavimentando o caminho para o silenciamento de tudo o que um dia se chamou liberdade de expressão. Com figurino caricato, script barato e um microfone a pilha, transformaram a resistência em pastelão. E quem ainda ousa pensar — conservador ou liberal — é arrastado junto pro buraco da descrença geral.

Eu continuo conservador. Mas confesso: às vezes olho em volta e me sinto em meio a uma convenção de lunáticos que falam sozinhos no espelho. Um teatro distópico onde a razão virou piada, a crítica virou lacração e a política virou meme. Que D’us me conserve lúcido — e bem longe dessa nova direita de TikTok.

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Hermes Magnus
Hermes Magnus
Olá, sou conhecido como o denunciante que fez os políticos verem o sol nascer quadrado pela primeira vez na história do Brasil! Com um apito na mão e um senso de humor inabalável, estou por aqui para garantir que a verdade sempre encontre seu caminho, mesmo que isso signifique abalar algumas estruturas. Lembre-se, a transparência é o melhor disfarce!
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