Você conhece a Jorgina?
O ano era 1991. Tudo corria muito bem na vida de Jorgina de Freitas, advogada, e então procuradora do INSS, até que uma investigação descobriu que ela e mais 315 “amiguinhos” tinham roubado cerca de 550 milhões de reais em cálculos da época, o que, posteriormente, foi corrigido pela Advocacia Geral da União para 1,2 bilhão de reais. O rombo oficial foi de 310 milhões de dólares na ocasião, que correspondiam a 50% do que o INSS arrecadava. E fizeram isso entre 1991 e 1992. Dessa dinheirama toda, em dólares, só 82 milhões foram recuperados.
Talvez, inspirados na novela Vale Tudo, que tinha passado entre os anos de 1988 e 1989, fresquinha nas mentes dos meliantes, acharam que bastaria “dar uma banana” pela janela do jatinho que ficaria tudo bem. E quase deu certo para Jorgina. Ela fugiu para o Paraguai, de lá para os Estados Unidos e de lá para a Costa Rica, onde ficou ‘escondida’ até 1997, quando se entregou às autoridades daquele país e foi repatriada para o Brasil, onde ficou presa até 2010. No final deixo o link que conta certinho a história da Jorgina.
Corrupção histórica
Todos os anos, independente do presidente da república de plantão (é lógico que se ele for do bando tudo fica mais fácil), do partido político que está por cima ou da ideologia da moda, o INSS é roubado em cifras milionárias e até bilionárias. Entre 2003 e 2008, a força tarefa previdenciária realizou 183 operações, cumpriu 1.615 mandados de busca e apreensão, e efetuou 1.172 prisões (sendo 264 de servidores do INSS).
Em 2011, foram 89 operações realizadas com 419 mandados de busca e apreensão, 38 conduções coercitivas e 280 prisões (40 servidores). Para não perder o ritmo, em 2012 foram realizadas diversas operações para combater fraudes no INSS, utilizando documentos falsos, anotações falsas em carteiras de trabalho e inserções de dados falsos nos sistemas.
Já em 2013, investigações analisaram ações de escritórios que apresentavam documentos falsos para obtenção de benefícios previdenciários. Operação em 2016 identificou 44 benefícios com indícios de irregularidade, registrando um prejuízo de pouco mais de R$ 7,6 milhões, e foi realizada também a Operação Grade de Papel III, para barrar concessão de benefícios com uso de documentos falsos. Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão expedidos pela 2ª Vara.
Para encurtar a história e não encher sua paciência com números, em 2024 foram 74 operações que evitaram prejuízos de aproximados 394 milhões de reais e em 2023 foi o recorde de 115 operações que salvaram quase 634 milhões de reais das mãos dos larápios, 1 bilhão de reais em 2 anos que teriam muitas “Jorginas”, e uma grande parte delas nem seria pega. E surgirão outros escândalos, de muitos milhões e bilhões, envolvendo peixes grandes e pequenos, porque o sistema foi feito para ser roubado.
O sistema é bruto, parceiro!
É utopia imaginar que um governo brasileiro seria capaz de criar um departamento como o DOGE, criado por Donald Trump para combater o desperdício de dinheiro público. Aqui, ninguém se preocupa de fato com isso. O enfrentamento à corrupção empreendido pela Lava Jato deu no que deu, e ali se tratavam de bilhões de dólares comprovadamente desviados para financiar partidos e enriquecer ilicitamente políticos. E quem acabou com isso foi a própria justiça.
Como acreditar que não há corrupção na máquina administrativa, legislativa e judiciária se Lula é presidente do Brasil? Como não se sentir à vontade para roubar se Lula preside o Brasil? Como não se sentir seguro para roubar tendo um judiciário que tirou Lula da cadeia para ser presidente do Brasil? Como crer em justiça e num tipo de justiça que, vira e mexe, está envolvida em escândalos de vendas de sentenças até nas mais altas cortes? Como?
Jorgina de Freitas tinha 315 cúmplices, que, juntos, roubaram 50% da arrecadação do INSS no período de menos de 2 anos. Ela era procuradora, outros eram juízes, outros advogados, e um punhado de funcionários e laranjas. Você acha que isso mudou? Acredita que é difícil para essa gente fugir pelo Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia ou Colômbia e de um desses países ganhar o mundo?
O exemplo mais baixo vem de cima
Lula deu asilo político à ex-primeira dama do Peru, Nadine Heredia, no exato momento que ela estava sendo condenada pela justiça peruana a 15 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro – coincidentemente, os mesmos crimes pelos quais ele foi condenado; oriundos do mesmo esquema, da mesma fonte e para os mesmos objetivos políticos de poder e enriquecimento individual. Este é o exemplo dado pela alma mais honesta desse país, quiçá do mundo.
O motivo pelo qual ela pediu asilo é que a justiça peruana está fazendo o que tem que ser feito. E o motivo pelo qual ele concedeu o asilo é o mesmo. Lula não quer seu nome envolvido em um processo de corrupção que está sendo conduzido por uma justiça que está fazendo justiça.
Ainda veremos muitos escândalos acontecerem no INSS - e no órgão que você quiser escolher. A corrupção acontece neles todos, e não há controle sobre isso. O TCU - Tribunal de Contas da União até levanta algumas lebres muito de vez em quando, mas todos os ministros são indicados por políticos. Cabe ao presidente da república indicar alguém de sua preferência, escolhendo, ou não, um nome que será sabatinado pelo Senado. O mesmo se repete em relação aos estados e municípios.
Além de amizades estreitas com deputados federais. Não dá para esperar muito com um quadro desses. E não menos importante, são estes mesmos senadores e deputados federais que fazem leis, é este governo que dá asilo à condenada por corrupção e lavagem de dinheiro que dita as normas e regras de praticamente tudo na sociedade, e é este judiciário que decide o que é ou não constitucional no meio dessa imoralidade toda.
Fica fácil de entender a falta de rede de saúde competente, as pessoas que morrem enquanto aguardam longas filas para exames, cirurgias, tratamentos e transplantes, a falta de mamógrafos, equipamentos de ultrassom, a falta de leitos comuns e de UTI, e por aí vai. Se entrar no tema “aposentadoria” este artigo ganha mais duas páginas. E que venham as próximas Jorginas. Da maneira como se gasta e se controla, melhor, não se controla o que é feito com o suado e extorquido dinheiro do contribuinte brasileiro, elas virão, e ainda serão muitas.
Pague seu plano de saúde se quiser viver. Pague sua previdência privada se quiser sobreviver. A próxima Jorgina já está de olho na sua contribuição do INSS.
P.S. Só para não esquecer de mencionar: você também pagou a conta do jatinho da FAB que foi buscar a condenada Nadine Heredia no Peru. Por questões humanitárias, claro.
Wikipedia sobre a Jorgina de Freitas, clique aqui.
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