Enquanto tarifas americanas, conflitos no Paquistão e a guerra na Ucrânia dominam as manchetes, uma crise hídrica silenciosa avança no interior do Brasil sem a devida atenção da mídia. Reservatórios em colapso no Nordeste e Centro-Oeste expõem milhões à seca, mas o tema segue ofuscado por eventos de maior apelo político e internacional, evidenciando um desequilíbrio na cobertura nacional.
Reservatórios em Alerta Crítico
Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), atualizados às 11h, mostram chuvas 30% abaixo da média no semiárido nordestino em março, prolongando uma seca severa.
Açudes como Jatobá, em Patos (PB), e Sobradinho, em Petrolina (PE), operam com menos de 20% da capacidade, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). No Centro-Oeste, o Sistema Cantareira, que abastece Goiás e Mato Grosso, caiu para 35%, pior nível desde 2021. Apesar disso, grandes portais priorizam outras pautas, deixando o problema em segundo plano.
Impactos na Agricultura e Abastecimento
A estiagem atinge em cheio a agricultura familiar, base de 70% da produção de alimentos do país, conforme o IBGE. Em Patos, perdas de até 80% nas safras de milho e feijão desde janeiro ameaçam o sustento local, mas não ecoam nas manchetes. No Piauí, 15 municípios declararam emergência hídrica nos últimos 10 dias, com relatos de racionamento severo. O êxodo rural cresce, sobrecarregando capitais como Teresina e Goiânia, mas a narrativa urbana segue dominante na mídia.
Falta de Visibilidade Midiática
Especialistas apontam razões para o silêncio. “É uma crise crônica, sem o impacto visual de um conflito ou enchente”, explica Ana Ribeiro, hidróloga da UFPE, em entrevista. A concentração da imprensa nas grandes cidades e a ausência de dados unificados do governo federal dificultam a cobertura. Até as 12h de hoje, o G1 limitou-se a uma nota sobre seca, enquanto Estadão e Folha focaram em política e economia global, ignorando alertas da ANA de colapso em 50 cidades até maio.
Riscos e Soluções Pendentes