Portugal acaba de juntar-se à lista de países que vai ter eleições este ano, após a rejeição da moção de confiança pelo Parlamento ditar a queda do Governo de Luís Montenegro. Com o país a caminho das terceiras eleições legislativas em pouco mais de dois anos, a crise política portuguesa está a ser notícia pelo mundo.
A última vez que um governo caiu devido a uma moção de confiança foi em 1978, com Mario Soares. Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República português, antecipou que pretende realizar as legislativas o mais breve possível, possivelmente em 11 ou 18 de maio.
As novas eleições trazem a perspectiva de que um novo governo, mais alinhado à direita, seja eleito. A sociedade portuguesa, nos últimos anos, tem vivido dias obscuros com as políticas identitárias e o discurso emocional da esquerda. Questões como o politicamente correto, os direitos de minorias e as novas sensibilidades culturais passaram a ocupar um espaço central no debate político, fartando a classe média e o pagador de impostos de custear muitos direitos em troca de mais e mais deveres. Os portugueses têm passado por anos de desconfiança nas instituições e nos partidos tradicionais.
O crescimento do Chega trouxe instabilidade à identidade tradicional deste eleitorado, contudo, em minha opinião, ainda não é chegada a vez de André Ventura.
Observo uma movimentação para o retorno de Pedro Passos Coelho, ex-primeiro-ministro, o qual surge como uma figura que representa uma direita ponderada (ou permitida), visto que é tido como um líder coerente, disciplinado e com um projeto político definido.
Vale lembrar que, desde 25 de abril de 1974, Portugal tem sido governado pela esquerda, as vezes bem vermelha, outras, pintada com as cores da social-democracia. Deste modo, os que pedem pelo retorno de Passos Coelho, acreditam que seu governo foi austero, contudo sem escândalos de corrupção e manteve uma linha ideológica estável. Ademais, Passos Coelho não é personagem constante na mídia, o que reforça a perceção de integridade, uma vez que não foi desgastado pelo espetáculo político diário, seu retorno não é apenas uma questão política, mas o sintoma de uma sociedade em mudança.
Evidentemente, caso o Partido Social Democrata (PSD) vença as eleições e coloque Pedro Passos Coelho à frente do governo, tenho certeza de que haverá lugar à mesa para o Chega governar conjuntamente, diferentemente do atual primeiro-ministro, Passos Coelho não dirá, como o fez Luís Montenegro, “não é não”.