I
Tudo é silêncio.
Silêncio que pesa.
Silêncio que esmaga.
Silêncio tecido,
segundo a segundo,
de melancolias...
de saudades...
Confinadas comigo,
no quarto sombrio,
de nuas paredes.
Nuas e frias...
frias... frias...
que gela até a alma.
Fim de semana...
reminiscências...
noite de solidão e nostalgia...
olhos que vagueiam pela penumbra,
em devaneios...
Pensamentos ao longe,
fixando o contorno de uma imagem.
Desejando, querendo, desejando vê-la
incrustada nas nuas paredes.
A tua imagem!
A tua presença!
Oh! Utópica esperança:
Por mais que deseje,
por mais que tente,
enxergo, apenas... Etérea... Fugidia...
A imagem retida na mente.
Tento prendê-la, como um consolo..
afagá-la, acalentá-la junto a mim,
para aquecer-me no doce envolvimento.
Tudo é ilusão...
Triste ilusão.
Só tu, tu mesma, viva, palpitante, bem viva,
presente... Podes transmitir-me... amor... calor, e vida!
II
Paredes nuas.
Frias, frias, frias.
Frieza que engela a alma.
Tristezas...
Silêncio...
e, no silêncio da noite, alhures,
um relógio badala...
E cada badalar é como um gemido,
que nasce do fundo, bem fundo d’alma,
ecoando na noite.
Negra,
infinita,
bem alto.
Gritando!
Bradando!
Chorando!
Implorando!
De todo o meu ser,
por ti!
III
Estás longe,
bem longe,
distante,
bem sei,
nesta noite!
Mas, por acaso,
amor,
no silêncio noturno,
noite, alta noite,
não ouvistes,
um grito,
angustiante,
CHAMANDO POR TÍ!
Celso Afonso Cavalcanti de Albuquerque Tabajara
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