Surpreende a reação da sociedade na Venezuela, que tem ido às ruas para apoiar a vitória do candidato de oposição, Edmundo Gonzalez, diante da clara fraude eleitoral que aconteceu naquele país. Cidadãos estão monitorando todas as seções eleitorais e confrontando os resultados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral, manipulado pelo ditador.
O governo da Venezuela também se surpreendeu, pois não estava preparado para os protestos, e logo providenciou reforços de países como Cuba e Rússia para entrar no jogo da repressão à população.
A situação na Venezuela é a pior possível: povo com fome, desarmado e sem liberdade. Quais as chances reais de vitória dessa gente indefesa, diante de um exército armado e sem escrúpulos para reprimir os cidadãos? Primeiro, quem se levanta agora contra os desmandos é a porção mais carente da sociedade, sem condições financeiras de fugir e buscar asilo em outros países, muito numerosa.
Parece que os venezuelanos também entenderam que seu sofrimento está ligado ao socialismo e ao chavismo que têm dominado a Venezuela há mais de 20 anos. A ditadura derrubou símbolos e gerou descrédito, inclusive do poder representativo da ditadura de Maduro.
Esses dois fatores sinalizam que as coisas não vão terminar bem para o ditador esquerdista. Vale lembrar que o Maduro é do Partido Socialista Unido da Venezuela, cujo logotipo ostenta a mesma estrela vermelha esquerdista, portanto, veículos de imprensa que se referem a ele como político de direita estão mentindo, promovendo desinformação e agindo de má-fé.
A História demonstra que foi a força popular que mudou os destinos dos países onde a opressão parecia inescapável. O próprio nome“democracia” nasceu de um levante popular, em 530 AC, em Atenas. A população ateniense sitiou a Acrópole contra o ditador Iságoras e venceu. Logo depois, seu líder, Clístenes, determinou que o poder deveria ser exercido nos demes (povoados), em uma “democracia”, ou “governo dos povoados”.
Vários outros exemplos percorreram a história: vitórias de reinos e povoados contra Roma, portugueses contra as tropas de Napoleão, queda do muro de Berlim, levantes de países da Europa Leste contra o regime da Cortina de Ferro e mesmo a Primavera Árabe, que se espalhou pelo Egito, Líbia e Síria.
Observamos hoje a mesma ação popular que derrubou tiranos na História tomando as ruas da Venezuela. Entretanto, como afirmou o cientista político Gene Sharp, “após a queda de um ditador inicia-se um longo ciclo contínuo de luta pela liberdade”. Oxalá não sejamos o espelho distorcido da Venezuela, mas se assim o for, aqui o povo também vencerá.
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