Antes de discutirmos as medidas que atingem em cheio este programa é preciso darmos um contexto. Criado em 2009, no apagar das luzes do segundo governo Lula, o programa visava lustrar a imagem da administração junto a população mais pobre e ao mesmo tempo, favorecer condições eleitorais mais favoráveis para seu partido, já que uma nova corrida presidencial se avizinhava.
O golpe funcionou até 2019, quando assume um novo governo, que, preocupado com os rombos deixados pelo PT, lança o Casa Verde e Amarela, de regras mais flexíveis e adequadas ao mercado imobiliário. Isto permite que cidadãos de todas as faixas de renda, adquiram o seu primeiro imóvel pelo programa, mais que isto, permite que investidores também possam adquirir unidades.
Este canário faz com que grandes construtoras fossem atraídas, os conjuntos habitacionais deixam de ser “depósitos de pobres” e sofrem uma pequena revolução, com boas localizações e características cada vez mais modernas e funcionais. Estes novos imóveis passam a ter um bom valor de revenda, deixando de ser um mico para quem os adquiria e com isto a inadimplência cai e o mercado se fortalece.
Um balanço feito em 2022, no prograna original, aponta uma inadimplência superior a 30%, dos 1,8 milhões de contratos até 2019, mais de 510mil estavam há 12 meses ou mais, sem pagamentos. Isto representava mais de R$3,5 bilhões de rombo na CEF (Caixa Econômica Federal) e nome sujo para meio milhão de brasileiros, fazendo com que famílias inteiras fossem jogadas nas ruas e no limbo da perda de crédito.
Vamos dar a real: No regime militar o governo resolveu “desfavelizar” a cidade do Rio de Janeiro, criando a Cidade de Deus, verdadeiras favelas verticais, distantes do perímetro urbano, sem comércio local e sem serviços públicos, eram verdadeiros Depósitos de Pobres, mas Lula fez pior, espalhou estes guetos pelo país e cobrou caro por eles, o programa é um cadáver que ele quer enterrar em silêncio.
Chegamos em 2023 e o mesmo personagem, senhor de uma vitória eleitoral improvável, assume o poder e começa a mudar o programa do seu antecessor. Gradualmente ele vai resgatando os vícios do programa original e volta a produzir mais rombos, isto nos traz aos dias atuais, com a divulgação de regras mais rígidas, que vão inviabilizar o sonho da casa própria.
Pelas novas regras, o cidadão deverá arcar de 30% a 50% de entrada, onde antes os percentuais giravam entre 20% e 30%, isto dependia do nível de renda e do tipo de contrato firmado com a CEF. O “período obra” que dura uma média de 36 meses, exije que os compradores paguem este valor neste período, num imóvel típico do programa, que custa, em média, R$250 mil reais, as parcelas subirão 34%.
Quem conhece o mercado sabe que as pessoas mais humildes não têm reservas, elas compram amortizando o “período obra” mês a mês, então: se já era difícil arcar com parcelas de R$1380,00, agora estas devem subir para R$2080,00 reais. Temos ainda a inflação da construção civil, INCC, que também é aplicada mês a mês, elevando mais ainda estes valores.
Para os imóveis financiados pela tabela mais elevada e que atende diretamente a classe média, imóveis de até 1,5 milhão de reais, a situação é mais difícil, uma vez que o valor subiria mais de 60%. Em um imóvel de R$900 mil reais, dando R$100 mil adiantados para assinatura do contrato, o comprador terá de arcar com prestações de R$11100,00, contra os R$6700,00 do regime anterior.
Veja: a verdade é que o governo virou uma sucursal do MST e do MTST. Explico melhor: o MST luta para que nenhum SEM TERRA tenha terra, eles sabem que propriedade é liberdade e isto significa matar a fantasia comunista. Já o MTST foi criado para trazer o mesmo terror delirante para as cidades, ao encerrar seu programa habitacional, o governo incentivará novas invasões urbanas.
Para quem viceja na destruição e na mentira, este é o mundo ideal, onde campo e cidade se dividirão numa disputa interminável pela posse dos ativos imobiliários existentes, o mesmo governo que gasta mais de R$5,5 bilhões em campanhas eleitorais, não tem R$3,5 bilhões para tapar o rombo que ele mesmo produziu no programa de habitação popular, isto não é crise, é método, cuide-se.
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