Depois de muito meditar sobre se seria pertinente, relevante e / ou pudesse, ou não, soar como soberba em causa própria, lá me resolvi, por fim, e fi-lo.
E por que não?
Aquele que, em primeira instância, não se valorizar e for uma influência sobre si mesmo sabota-se à partida e já perde antes mesmo de começar...
Assim sendo, os próximos três artigos a florear e a perfumar este espaço terão o condão de se consubstanciar como ode³ às três autorais obras literárias que aí estão, cronicamente, carentes de atenção, pululando e suplicando para serem lidas, reclamar seu espaço e marcar época...
O branco publicitante será preenchido, tão só, com os singelos pre e/ou posfácio de cada uma delas ou alguma nota/addendum que se considere pertinente apensar.
PRE:
A presente opus resulta de um repto que me foi feito por um nobre leitor que, bem-vistas as coisas, fora algo que sempre estivera presente no imaginário, mas, até então, ignoto nas águas profundas da mente deste autor, ainda que, a espaços, se revolvesse e borbulhasse para que viesse à tona, a saber: a possibilidade de AENIGMATA e PHARUS (as duas debutantes obras lançadas em separado no início de minha jornada literária) serem dois interlúdios de uma prosa só. Algo que, à data, e em face da imediata sequência individualizada das obras, por certa falta de engenho, arte e insight, é bom que se diga, não fora, pois, por mim devidamente calculado e projetado. Tal “lacuna” passou, então, a estar derradeiramente corrigida e reparada.
Não se constituirá, ressalte-se, numa redundância de produção literária, visto que as duas obras citadas, e lidas individualmente, continuarão a manter seu espaço e valor intrínseco imaculado / preservado.
A cada trecho, período ou parágrafo em que vou condensando pensamentos e formulações nas formas mais esfíngicas e tétricas, trechos, esses, com os quais vós, leitores, se verão confrontados, envolvidos e tragados, estejam preparados e conscientes da enorme complexidade que ocultam e revelam, e de que não haverá forma mais simplificada ou simplista dos abordar.
Fiquem, pois, com a projetada interligação de dois mundos ficcionados que, a breve trecho, e de modo irremediável e inescapável, será, metafórica ou literalmente (Who knows?), a interface a se operar nesta insana concretude em que todos nós, clarividentes e néscios, fomos e estamos enredados.
NOTA:
Vide e retende, se puderdes, o termo Cosmion como sendo o ordenamento do mundo e da sociedade através de símbolos auto-interpretativos e experiências correlatas, individualizadas e diretas a partir das quais a existência humana adquire ordem e sentido, horizontalidade e profundidade reflexiva, e, a partir daí, decide partir para uma vertical amplitude e elevação – num transcurso sempre intrínseco e aferente, entenda-se –, o que implica a necessidade e a incontornabilidade de subordinar toda a sua ontologia, práxis e vontade à verdade substancial e transcendente dum Todo Inteligível.
Qualquer regime totalitário ou Estado ideológico que se preze, por reconhecer apenas as realidades intramundanas e seculares, sempre substituiu, substitui e substituirá o individualizado Cosmion por um cosmologismo coletivista, noosférico e mecanicista (este que aí está no mais dogmático dos mantras) como processo único de realidade a ser por ele concebido, incorporado, controlado e encerrado.
O Homem “estatizantemente endeusado” tem como única função e escopo enredar os pares numa limitada e asfixiante ilusão. Qual aracnídeo em sua teia de aparências assenta-se o Homem que comanda o Homem numa invólucra profana, hedonista, passional e utilitária contraforça à infinitude e onisciência Divina.
Este aracnídeo, em especial, não quer apenas tecer a teia por tecer. Ele quer apanhar a presa, dominá-la e deixá-la à mercê... O ato de surpreender a presa é a grande concupiscência do “Homem dominador” que dita o que pode e o que não pode ser feito, pensado ou aceite na sociedade por ele edificada e manietada.
E assim se dá a morte espiritual, a amputação de cada Cosmion, a danação terrena e a catástrofe civilizacional…
POS:
Pensai na colina e no “mirante de Ocram” – e neste no papel de exímio guia, na plena acepção material e espiritual da palavra – como uma introspectiva escalada aos confins do pathos e da psykhé humana – e além, muito além dela…
Vide Irus como se cada um de vós se trate – ignotos e ingênuos aprendizes.
Pensai na inimaginável saga e transformação de Uriah, na erudição de Merlin – transmitida, adquirida e continuada em Akemi –, em Pharus, e na mera referência à existência de outras ilhas como singelos e incólumes baluartes humanos e / ou naturais que foram poupados e conservados em meio a todo um mar de radicalismos, subversões, atrocidades, tiranias, idiotismos, bizarrices luciféricas e hedônicas egolatrias.
E poupados e conservados por que ou para quê?
Para se consubstanciarem como unidades / frações de consciência desperta e corpórea, platôs de ressuscitação, correção e veneração de toda uma Consciente e Omnisciente Ordem – a Sacro-Transcendência, cujo plano terreno, e por ordem de razão, a humanidade, a civilização e a orgânica social são somente parcelas de Sua indelével, inefável e insondável expressão que, inegociavelmente, deverá ser sempre reverenciada.
Estruturalmente, pertencemos a vários reinos: somos corpos físicos, somos animais, possuímos intelecto, personalidade, moral e uma valência espiritual que nos permite sentir e promover experiências religioso-espirituais. Uma estrutura, portanto, que determina as nossas relações com o ambiente no sentido mais amplo da palavra, abrangendo a natureza, os pares e Deus.
Em suma, somos parte de um Supra Ordenamento Espírito-Natural eterno que sustenta todas as coisas em seus devidos lugares; O Centro Orbital que, por nós, se individualiza e personaliza – em direção ao Cosmion – para o qual tudo e todos tendem e se acomodam, descendo dos arcanjos, passando pelos humanos e seus intelectos vacilantes, falíveis, passionais, vorazes e desmedidos, aos animálculos microscópicos...
Estimado leitor ou leitora, a parte final da obra narrada em itálico é, a bem da verdade, destinado e dirigido a cada um de vós, com vista a ressoar em vossas mentes, nas mentes de vossos filhos, e assim sucessivamente, por toda a eternidade...
Ideologias, exclusivos construtos mundanos, desespiritualizadas e nefastas ideias foram, são e sempre serão os genuínos opiáceos e os grilhões dos gentios, a queda do Homem e a desgraça de uma sociedade. E elas, as ideologias, estão, e sempre estiveram, ao serviço do grande capital e da aglutinadora finança. O mesmo é dizer, ao serviço das potestades – qual unha e carne – às quais, servilmente, nos sacrificamos desde que nascemos até desencarnarmos...
Eco
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