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Cid Mentiu em Juízo : Reportagem da Veja

A anulação do acordo de delação é iminente

Sergio Junior
Por: Sergio Junior
12/06/2025 às 20h34 Atualizada em 12/06/2025 às 21h59
Cid Mentiu em Juízo : Reportagem da Veja

Provas obtidas por VEJA mostram que Mauro Cid mentiu no STF sobre mensagens

 
Publicação: Revista Veja, 13 de junho de 2025 (edição nº 2948)
Link: https://veja.abril.com.br/brasil/provas-obtidas-por-veja-mostram-que-mauro-cid-mentiu-no-stf-sobre-mensagens/


Mensagens obtidas pela Veja mostram que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, mentiu em seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) ao negar o uso de redes sociais e ao omitir conversas comprometedoras, violando cláusulas de seu acordo de delação premiada.

Imagem ilustrativa (même)encontrada na rede X
 
Mauro Cid, figura central nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, firmou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF), homologado pelo ministro Alexandre de Moraes em 9 de setembro de 2023. Sua colaboração incluiu a entrega de nove celulares, três computadores, tablets e um vasto conjunto de mensagens e arquivos, totalizando quase 80 terabytes de evidências, que embasaram a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o chamado “núcleo crucial” da trama golpista, composto por Jair Bolsonaro, ex-ministros como Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres, Paulo Sérgio Nogueira, além de Alexandre Ramagem e Almir Garnier. Cid prestou nove depoimentos antes da fase de interrogatórios no STF, sendo citado 179 vezes na peça de acusação da PGR.
Jair Bolsonaro cumprimento Cid no Supremo Tribunal Federal 
 
No interrogatório realizado no STF no início da semana de 9 de junho de 2025, Cid foi questionado pelo advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, sobre o uso de um perfil no Instagram chamado @gabrielar702, que supostamente pertencia à sua esposa, Gabriela Cid. Cid negou ter usado redes sociais durante o período em que estava sob medidas restritivas impostas por Moraes, afirmando: “Todos os meus celulares foram apreendidos” e “Esse perfil, eu não sei se é da minha esposa”. No entanto, a Veja obteve mensagens que contradizem essa declaração, mostrando que Cid usou o perfil “Gabriela R” (@gabrielar702) para se comunicar com pessoas próximas ao círculo de Bolsonaro, violando ordens judiciais e cláusulas do acordo de delação.
 

Principais Revelações da Matéria

Uso Indevido de Redes Sociais:
 
As mensagens, trocadas entre 29 de janeiro e 8 de março de 2024, mostram que Cid usou o perfil @gabrielar702 para revelar detalhes de seus depoimentos à PF e bastidores das audiências, desrespeitando a ordem de Moraes de não se comunicar no âmbito da investigação.
Antes do interrogatório, Cid foi advertido por Moraes sobre a obrigação de falar apenas a verdade. Ao negar o uso de redes sociais, ele mentiu, o que pode levar à rescisão de seu acordo de delação.
O perfil @gabrielar702 foi retirado do ar logo após o interrogatório de Cid, sugerindo uma tentativa de ocultar evidências.
 
Conteúdo das Mensagens:
Cid relatou pressões por parte da PF, afirmando que o delegado responsável pelo inquérito tentava manipular suas declarações para confirmar a narrativa de uma tentativa de golpe.
Ele disse que Moraes já teria decidido condenar alguns réus, incluindo ele mesmo, Bolsonaro e Braga Netto, antes do julgamento.
Cid se queixou de longas oitivas (“Foram três dias seguidos”) e do desconforto com os investigadores, que “toda hora queriam jogar para o lado do golpe”.
Em uma mensagem, Cid mostrou resignação: “Eu acho que já perdemos… Os Cel PM (coronéis da Polícia Militar do Distrito Federal) vão pegar 30 anos… E depois vem para a gente”.
Ele sugeriu que apenas um movimento liderado por Rodrigo Pacheco ou Arthur Lira, presidentes do Senado e da Câmara, poderia evitar prisões, afirmando: “Só o Pacheco ou o Lira vai (sic) nos salvar. O STF está todo comprometido. A PGR vai denunciar”.
Cid também mencionou a possibilidade de sanções internacionais caso Donald Trump vencesse a eleição presidencial nos EUA:
Uma coisa que pode mudar… é uma vitória do Trump… E o Brasil começar a ter sanções… igual Nicarágua e Venezuela”.
Ele negou ter acusado Bolsonaro de planejar um golpe, contradizendo partes de sua delação.
 
Impacto no Acordo de Delação:
O acordo de Cid tem cláusulas rígidas: ele não pode mentir, omitir, desviar a investigação com versões conflitantes ou proteger ninguém.
A mentira no interrogatório e a quebra de confidencialidade podem levar à rescisão do acordo, retirando os benefícios concedidos a Cid, embora as provas fornecidas por ele permaneçam válidas.
A decisão sobre a rescisão caberá a Alexandre de Moraes, que também pode ser pressionado por outros réus para questionar a validade das evidências apresentadas por Cid.
A matéria destaca que, apesar das contradições de Cid, a denúncia da PGR se baseia em um volume extenso de provas, não dependendo exclusivamente de suas declarações.
 
Reação da Defesa de Cid:
 
A defesa de Cid, representada por seus advogados, classificou as mensagens como uma “montagem” e anunciou que pedirá ao STF a apuração de sua veracidade.
Segundo os advogados, Cid não escreve da maneira retratada nas mensagens, e as capturas de tela não contêm data ou horário, o que levanta dúvidas sobre sua autenticidade.
A defesa reafirmou a legalidade do acordo de delação, destacando que Cid negou conhecimento sobre planos específicos, como o assassinato de autoridades, em depoimentos anteriores.
 
Implicações para o Caso:
 
As mensagens podem ser usadas pelas defesas de outros réus, como Bolsonaro e Braga Netto, para questionar a credibilidade de Cid e tentar anular partes da denúncia ou transferir o caso para o plenário do STF, onde acreditam ter mais chances de um desfecho favorável.
A PF e a PGR também podem requisitar a rescisão da delação, dependendo da gravidade das violações cometidas por Cid.
A matéria enfatiza que as mensagens contradizem trechos do depoimento de Cid no STF e da própria delação, levantando suspeitas sobre sua conduta durante a investigação.

Capa original da reportagem

 

Detalhes Adicionais do Interrogatório

 

No interrogatório de 9 de junho de 2025, Cid reafirmou informações de sua delação, incluindo:
Ter presenciado reuniões entre Bolsonaro e militares onde foram discutidas medidas para impedir a posse de Lula.
Bolsonaro acreditava em fraudes nas urnas eletrônicas.
O ex-candidato a vice de Bolsonaro enviou dinheiro para militares das Forças Especiais do Exército.
O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, colocou suas tropas à disposição de Bolsonaro para um eventual golpe.
Xingamentos contra Alexandre de Moraes eram comuns no círculo de Bolsonaro.
 
Cid também confirmou que Bolsonaro leu e modificou a "minuta do google", mantendo apenas a prisão de Moraes entre as medidas propostas. Essas declarações reforçam a denúncia da PGR, mas as mensagens reveladas pela Veja sugerem que Cid jogava um “jogo duplo”, fornecendo informações à PF enquanto contava uma versão diferente a aliados de Bolsonaro.
 
A Veja já havia publicado matérias anteriores sobre Cid que complementam o contexto:
 
16 de junho de 2023: Relatório da PF sobre o celular de Cid revelou um roteiro para anular as eleições de 2022, incluindo a suspensão de decisões do STF e a convocação de novas eleições sob intervenção militar.
16 de junho de 2023: Mensagens da esposa de Cid, Gabriela Cid, convocavam atos golpistas em Brasília após a derrota de Bolsonaro.
21 de março de 2024: Áudios de Cid criticando Moraes e a PF, alegando pressões para confirmar narrativas, levaram à sua prisão preventiva.
21 de novembro de 2024: Cid foi ouvido novamente por Moraes após a PF apontar omissões em sua delação, mas o acordo foi mantido.
Essas reportagens mostram um padrão de contradições e omissões por parte de Cid, que já enfrentou questionamentos sobre a credibilidade de sua delação.

Repercussão
Mídia: A CNN Brasil e outros veículos, como o Diário do Poder, repercutiram a matéria, destacando a possível quebra do acordo de delação.
 
 Bolsonarismo: Aliados de Bolsonaro, como o perfil @SERGIOJUNIOR79r,  usaram as revelações para questionar a credibilidade da delação de Cid na PF e do seu depoimento no STF. 
 

Fonte: Revista Veja

 https://veja.abril.com.br/brasil/provas-obtidas-por-veja-mostram-que-mauro-cid-mentiu-no-stf-sobre-mensagens/

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Sérgio Junior
Sérgio Junior
Sérgio Júnior é um escritor e pensador brasileiro, graduado em artes da teologia, membro n°23 da Academia Internacional de Literatura Brasileira de NY (AILB).
Um romancista ficcional, analista de cenários sociais, poeta e filósofo.
Em 2021 e 2022, disputou os prêmios de destaque literário pela Focus Brasil na AILB, idealizado por Nereide Lima e na premiação "Melhor do Brasil na Europa ", pela revista "High Profile Magazine" na Inglaterra, por causa do sucesso do livro "Eu no seu funeral" lançado pela CRV editora no Paraná.

Recentemente, Sérgio Júnior tem sido notícia em vários portais na internet , por seu livro " O SEGREDO DOS NEGROS VENCEDORES " lançado em 2023.

Site do autor na Amazon.

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