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DEUS Odeia o Divórcio

O ENGANOSO PRETEXTO RELIGIOSO QUE OPRIME MULHERES

Sergio Junior
Por: Sergio Junior
09/06/2025 às 12h03 Atualizada em 09/06/2025 às 12h16
DEUS Odeia o Divórcio

DEUS ODEIA O DIVÓRCIO: O ENGANOSO PRETEXTO RELIGIOSO QUE OPRIME MULHERES 

 

(Desvendando Malaquias 2:16 e o Propósito Divino)

 

Quando eu escrevi o livro "Memórias da Leoa Negra - A Gripe Mortal", abordei esse assunto de maneira breve. A violência doméstica eternizada pela resiliencia pregada na religião. Frases como, "casou agora aguente", "casado uma vez, casado para sempre" ou até a expressão conhecida como adágio popular, "Até que a morte os separe".

Sei que já ajudei muitas pessoas a se despertarem sobre isso, pois sou neto de uma mulher (Valdelice) que viveu isso na pele.

Muitas vezes, no gabinete, ouço pessoas repetirem sem o menor conhecimento, que "Deus odeia o divórcio", uma frase que parece honesta e religiosa, mas que carrega um peso e, para alguns, uma punição eterna ou condenação à uma prisão perpétua. Mas será que é exatamente isso que a Bíblia diz? 

Vamos mergulhar em Malaquias 2:16 e nos textos originais para entender o que realmente está em jogo, desmistificando ideias que, por séculos, foram distorcidas e usadas para oprimir, especialmente mulheres.

No hebraico original de Malaquias 2:16, a palavra usada não é sobre "divórcio", mas "repúdio" — shalak no hebraico. 

Repúdio era o ato de abandonar a esposa, muitas vezes com violência, humilhação e sem qualquer proteção legal. Diferentemente do #divórcio (keritut), que envolvia a entrega de uma carta formal permitindo que a mulher fosse livre para se casar novamente, o #repúdio deixava as mulheres em um limbo cruel: sem sustento, sem direitos e ainda ligadas ao marido pela lei. 

Era essa prática que Deus condenava em Malaquias, onde o texto menciona que os homens se "cobriam de violência" ao tratar suas esposas com deslealdade e abandono.

Por que, então, Deus permitiu o divórcio? 

Não porque Ele o celebra, mas como uma concessão à "dureza de coração" humana (Mateus 19:8). O divórcio, no contexto bíblico, na verdade era uma proteção à mulher, um mecanismo para garantir justiça às mulheres repudiadas, dando-lhes liberdade para reconstruir suas vidas. 

Sem a keritut, a mulher continuava legalmente presa ao marido, mesmo sendo abandonada ou maltratada.

Mas e as palavras de Jesus em Mateus 5:31-32 e 19:9, onde Ele parece dizer que casar com uma pessoa divorciada é cometer adultério? 

Aqui, é crucial olhar o termo grego usado: apoluo, que significa "repudiar" ou "abandonar" sem a formalidade do divórcio. Jesus não estava condenando o divórcio legal (desazion), mas sim o abandono cruel sem a carta de divórcio, que deixava a mulher em uma situação de vulnerabilidade. Ele reafirmava o propósito original de Deus — a união matrimonial como ideal — mas reconhecia a necessidade do divórcio em casos de injustiça, como violência, traição ou abandono.

E quanto ao que Paulo diz em 1 Coríntios 7:10-11, sobre a mulher estar "ligada ao marido enquanto ele viver"? 

Paulo especifica que essa ligação é "pela lei". Como a própria lei mosaica permitia o divórcio (Deuteronômio 24:1-4), o vínculo podia ser desfeito legalmente. Isso reforça que o divórcio, em situações de necessidade, é um direito, não um pecado.

Então, quem se divorcia pode casar novamente? 

O ideal, segundo os princípios bíblicos, é buscar o perdão e a reconciliação, se possível. Mas, quando o divórcio é legal e justificado — especialmente em casos de violência, traição ou abandono —, a pessoa está livre para reconstruir sua vida, inclusive casando novamente. 

Jesus e Paulo não impõem uma condenação eterna aos divorciados, como muitos sistemas religiosos sugeriram ao longo dos séculos.

Essa má interpretação de Malaquias 2:16 e de outros textos contribuiu para tragédias, especialmente para mulheres presas em relacionamentos abusivos, julgadas e condenadas por buscarem liberdade. A verdade é que Deus não deseja a opressão. 

Ele odeia a violência(física ou psicológica) e a injustiça do repúdio, não o divórcio que protege e restaura. Com acesso aos textos originais, hoje podemos desmascarar essas distorções religiosas e entender que o coração de Deus é de justiça e liberdade para os oprimidos.

O propósito divino é claro: o casamento é sagrado, mas a maldade humana às vezes o corrompe. Nesses casos, o divórcio é uma porta para a restauração, não uma sentença de culpa. 

Que possamos viver com perdão, buscar a reconciliação quando possível, mas também abraçar a graça e a liberdade que Deus oferece àqueles que sofrem. 

Afinal, Ele veio para "libertar os cativos" (Lucas 4:18), e isso inclui romper as correntes de mentiras religiosas que pesaram sobre tantas vidas.

Que esse estudo possa abrir seus olhos e arrancar toda raiz de pesar ou condenação. 

Deus te abençoe e te guarde. 

Link do livro 

https://www.amazon.com/Mem%C3%B3rias-Leoa-Negra-Rec%C3%B4ncavo-baiano/dp/B09DMWBYT7

 

Sérgio Júnior 

 

#casamento #familia #religião #igreja

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Sérgio Junior
Sérgio Junior
Sérgio Júnior é um escritor e pensador brasileiro, graduado em artes da teologia, membro n°23 da Academia Internacional de Literatura Brasileira de NY (AILB).
Um romancista ficcional, analista de cenários sociais, poeta e filósofo.
Em 2021 e 2022, disputou os prêmios de destaque literário pela Focus Brasil na AILB, idealizado por Nereide Lima e na premiação "Melhor do Brasil na Europa ", pela revista "High Profile Magazine" na Inglaterra, por causa do sucesso do livro "Eu no seu funeral" lançado pela CRV editora no Paraná.

Recentemente, Sérgio Júnior tem sido notícia em vários portais na internet , por seu livro " O SEGREDO DOS NEGROS VENCEDORES " lançado em 2023.

Site do autor na Amazon.

https://www.amazon.com/stores/Sergio-Junior/author/B0927LMMFY?ref=ap_rdr&store_ref=ap_rdr&isDramIntegrated=true&shoppingPortalEnabled=true

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