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EDUCAÇÃO EM COLAPSO

SAEB 2024 MOSTRA ENSINO EM FRANGALHOS

Maria Rosa M Pires
Por: Maria Rosa M Pires
09/05/2025 às 11h57
EDUCAÇÃO EM COLAPSO
A educação brasileira está em frangalhos, e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2024, divulgado hoje pelo Inep, joga luz na crise: alunos do Ensino Médio estão 1,5 ano atrasados em Matemática, e apenas 27% dos estudantes do 9º ano dominam o básico em Português.
O Censo Escolar 2024, também do Inep, revela condições vergonhosas: 43% das escolas públicas não têm laboratórios, 15% operam sem internet, 12% carecem de água potável, e 20% têm banheiros inadequados. A evasão escolar no Ensino Médio atingiu 11,3%, com 1,1 milhão de jovens fora da escola, segundo o IBGE. No total, 47,1 milhões de estudantes estão matriculados na educação básica, mas 2,6 milhões de matrículas foram perdidas em dez anos, com a rede pública caindo de 40,6 milhões para 37,5 milhões, enquanto a rede privada cresceu para 9,5 milhões.
O governo Lula anunciou R$ 3 bilhões para melhorar o ensino em 2024, mas apenas 38% (R$ 1,14 bilhão) foi aplicado, conforme o Portal da Transparência. O programa Pé-de-Meia, que paga R$ 2.000 por ano a alunos pobres do Ensino Médio para reduzir a evasão, atingiu 2,5 milhões de estudantes, mas só 60% dos elegíveis receberam o benefício, segundo o Ministério da Educação. O TCU aponta que 25% dos recursos federais para educação básica foram contingenciados, e 65% das escolas públicas não receberam verbas para reformas estruturais. A formação de professores, essencial para reverter o atraso, também patina: apenas 10% dos R$ 500 milhões previstos para capacitação foram gastos, deixando 2,4 milhões de docentes sem treinamento adequado.
As políticas públicas do governo, longe de priorizar conteúdo de qualidade, parecem mais focadas em doutrinar do que formar uma sociedade preparada. Há décadas, currículos escolares enfatizam narrativas ideológicas, enquanto disciplinas como Matemática e Português, fundamentais para o desenvolvimento crítico, são negligenciadas. O Saeb 2024 mostra que 73% dos alunos do 9º ano não sabem interpretar textos básicos, e 68% do Ensino Médio falham em resolver problemas simples de Matemática. O Censo Escolar revela que 49,1% das escolas são municipais, mas 52,7% dos municípios têm menos de dez escolas, dificultando a gestão e o repasse de recursos. A falta de laboratórios e internet impede o ensino de ciências e tecnologia, enquanto o governo gasta R$ 1,2 bilhão em programas de “educação inclusiva” que, segundo o TCU, carecem de metas claras e resultados mensuráveis.
A evasão de 1,1 milhão de jovens reflete o desinteresse dos estudantes, alimentado por escolas precárias e aulas que não preparam para a vida. O IBGE aponta que 47,1% dos jovens de 15 a 29 anos abandonam os estudos para trabalhar, e 25,5% dos homens desistem por “falta de interesse”. O Pé-de-Meia, embora bem-intencionado, não resolve a raiz do problema: escolas sem estrutura e professores desvalorizados, com salários 30% abaixo da média de profissões equivalentes, segundo o Dieese. O Brasil investe US$ 4.306 por aluno, contra US$ 11.560 na média dos países da OCDE, e está longe da meta do Plano Nacional de Educação (PNE) de 10% do PIB em educação, alcançando apenas 5,5% em 2022.
Dados oficiais podem pintar um quadro de “esforços”, mas a realidade é que o governo, com sua visão de décadas de doutrinar em vez de ensinar, está roubando o futuro das crianças com projetos ideológicos que enchem discursos, mas esvaziam mentes. O futuro do Brasil depende da qualidade da educação.
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