Nova York foi palco de um encontro que misturou diplomacia, política e polêmica. Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, e Luís Roberto Barroso, presidente do STF, participaram de dois eventos da Brazilian Week: o Fórum Veja Brazil Insights, no Hotel St. Regis, e o 14º Lide Investment Forum, no Harvard Club. Os dados oficiais e o burburinho nas redes sociais mostram que, por trás dos discursos, a relação entre Legislativo e Judiciário segue sob escrutínio.

No evento da Veja, patrocinado por empresas como a Refit — que deve R$ 20 bilhões em ICMS, segundo o Confaz —, Motta e Barroso dividiram o palco com governadores como Tarcísio de Freitas e Cláudio Castro. A assessoria do STF informou que as despesas foram cobertas pelos organizadores, sem custos públicos. Já no Lide, transmitido pelo Poder360, Motta cobrou “autocrítica de todos os Poderes” para garantir harmonia, em uma fala que, segundo fontes da Câmara, mirava o STF após a derrubada da suspensão da ação contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). Barroso respondeu defendendo o diálogo, mas sem detalhes divulgados.

A presença de ambos ocorre em um momento delicado. A decisão do STF, por 5 a 0, de anular a proteção a Ramagem, baseada no art. 53 da Constituição, foi vista por deputados como interferência.

Críticas à Barroso, apontam “ativismo judicial”. Motta, que busca distensionar as relações, evitou pautar a anistia aos réus do 8 de janeiro, sinalizando trégua, conforme a Secretaria-Geral da Câmara.

Fora dos eventos, Motta esteve em um jantar com Gusttavo Lima e Eduardo Bolsonaro, registrado por Ciro Nogueira no X. A reunião, informal, reacendeu especulações sobre articulações políticas para 2026. Enquanto isso, a Refit como patrocinadora gerou críticas questionando a ética de autoridades em eventos ligados a devedores.

O Brasil apresentado em Nova York é de oportunidades, mas a harmonia pregada por Motta e Barroso visa esconder a fragilidade percebida pela sociedade brasileira.