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ESCÂNDALO BILIONÁRIO NO INSS

FRAUDES, OMISSÃO E O ABANDONO DOS APOSENTADOS BRASILEIROS

Maria Rosa M Pires
Por: Maria Rosa M Pires
01/05/2025 às 15h40
ESCÂNDALO BILIONÁRIO NO INSS

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), instituição que deveria proteger os direitos de milhões de aposentados e pensionistas, virou palco de um dos maiores escândalos da história recente do Brasil. Auditorias da Controladoria-Geral da União (CGU) revelaram um esquema de fraudes que desviou até R$ 6,3 bilhões de benefícios entre 2019 e 2024, com descontos indevidos que atingiram cerca de 6 milhões de segurados.

O governo Lula enfrenta críticas pela má gestão, e a verdade é uma só: a falta de transparência protege aliados políticos, deixando desamparados os aposentados, que contribuem com 41% da arrecadação tributária, segundo o Impostômetro de 2025. Este é um grito de indignação contra a omissão que rouba a dignidade dos brasileiros.

A Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pela CGU em 23 de abril de 2025, expôs a gravidade do esquema, revelando que entidades associativas, como a Ambec e a Contag, descontavam mensalidades de até R$ 81,57 diretamente dos benefícios, muitas vezes sem autorização dos segurados.

A CGU entrevistou 1.273 aposentados entre abril e julho de 2024, e 97,6% afirmaram não ter autorizado os descontos, com indícios de falsificação de assinaturas e documentos, conforme o relatório da operação. Entre 2016 e 2024, os valores descontados saltaram de R$ 413 milhões para R$ 2,8 bilhões, com o pico em 2023 e 2024, já no governo Lula, quando R$ 4,1 bilhões foram desviados. A PF apreendeu carros de luxo, joias, obras de arte e R$ 41 milhões em bens, incluindo um Porsche Taycan de R$ 500 mil ligado ao lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como operador central do esquema.

 

Algumas ‘mídias’, se limitam a relatar os números, caracterizando o caso como uma falha administrativa. Mas a realidade é bem mais sombria. O aumento das reclamações no INSS, aponta que a falta de transparência na investigação protege aliados políticos, como o ministro Carlos Lupi (Previdência), que, apesar de alertado sobre fraudes em 2023, demorou dez meses para agir, segundo atas do Conselho Nacional de Previdência Social. O envolvimento de José Ferreira da Silva, “Frei Chico”, irmão de Lula e vice-presidente do Sindnapi, uma das entidades investigadas, alimenta suspeitas de conivência. Embora o Sindnapi negue irregularidades, a presença de figuras próximas ao governo em reuniões com entidades suspeitas, levanta dúvidas sobre a imparcialidade.

 

Os números são estarrecedores. Entre janeiro de 2023 e maio de 2024, o INSS recebeu 1,9 milhão de reclamações por descontos indevidos, com 742.389 pedidos de cancelamento só no primeiro semestre de 2024, 95,6% confirmando ausência de autorização. A CGU identificou que 70% das 29 entidades analisadas não apresentaram documentação completa para os Acordos de Cooperação Técnica (ACTs), mas continuaram operando. Em cidades do Nordeste, como Maranhão e Piauí, mais de 60% dos aposentados sofreram descontos irregulares, muitas vezes filiados a associações a centenas de quilômetros de suas residências. A Ambec, que arrecadou R$ 178 milhões, não tinha estrutura para prestar os serviços prometidos, como assistência jurídica ou descontos em academias, segundo a CGU.

 

A gestão do INSS, sob Alessandro Stefanutto, nomeado por Lupi em 2023, é alvo de críticas. Stefanutto, demitido após a operação, autorizou desbloqueios em lote de descontos a pedido da Contag, contrariando normas, e ignorou seis alertas da CGU entre maio e julho de 2024. A PF aponta que servidores recebiam propinas, com ex-diretores como André Fidelis e Alexandre Guimarães ligados a transferências de R$ 17 milhões via intermediários. Lupi negou omissão, atribuindo irregularidades à gestão Bolsonaro, mas a escalada de R$ 706 milhões em 2022 para R$ 2,8 bilhões em 2024 desmente a narrativa. A fila de espera do INSS, com quase 2 milhões de pedidos em fevereiro de 2025, reforça a percepção de abandono.

 

O impacto sobre os aposentados é devastador. Contribuindo com 41% da arrecadação tributária (Impostômetro, 2025), eles enfrentam prejuízos que comprometem sua sobrevivência. O governo anunciou a suspensão de descontos associativos e a devolução de valores a partir de maio, mas o ressarcimento integral, estimado em bilhões, permanece incerto, segundo a CGU. A Advocacia-Geral da União (AGU) criou um grupo para avaliar a restituição, mas a complexidade do esquema, que envolve offshores e possíveis transferências internacionais, dificulta a recuperação. A orientação é que aposentados consultem o extrato no aplicativo Meu INSS e solicitem a exclusão de descontos pela Central 135, mas muitos, idosos e sem acesso à tecnologia, seguem desamparados.

 

Para a base conservadora, o escândalo não é apenas uma falha técnica, mas uma traição.

O governo usa a narrativa de “herança maldita” para desviar o foco, mas aliados como Lupi e “Frei Chico” permanecem intocados. O senador Carlos Portinho (PL-RJ) chamou o caso de “vergonha”, destacando que “a corrupção no governo Lula vai para cima dos aposentados”.

É inquestionável que o INSS, que deveria ser um porto seguro, se tornou um balcão de fraudes sob a gestão petista.

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