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O TERROR DOS QUE SÃO JULGADOS PELO STF

UM NOVO AINDA ESTOU AQUI?

Ana Maria Cemin
Por: Ana Maria Cemin
26/03/2025 às 12h58
O TERROR DOS QUE SÃO JULGADOS PELO STF
Eduardo F. S. Lima

O TERROR DE QUEM É JULGADO PELA SUPREMA CORTE

 

Ana Maria Cemin – 26/03/2025

 

Assisti na noite de ontem o filme Ainda estou aqui, que narra a história de um engenheiro e ex-deputado chamado Rubens Paiva que foi preso durante a ditadura militar e faleceu dentro da prisão, sendo que somente muito tempo depois a esposa Eunice Paiva conseguiu provar o fato lamentável. Ele foi dado como “sumido” e o corpo nunca apareceu.

O filme retrata o drama da família e relata um momento muito crítico da história do Brasil que nós jamais imaginávamos que pudesse ocorrer novamente. Mas está acontecendo neste exato instante e, incrivelmente, está sendo tratado com total descaso pelos órgãos institucionais, imprensa brasileira, intelectuais e artistas. Parte da população brasileira aplaude o filme e rejeita a realidade. Desumanizam milhares de pessoas defendendo “sem anistia”.

Dessa vez as vítimas do Estado Brasileiro não são os guerrilheiros urbanos treinados em Cuba que sequestraram embaixadores, assaltaram bancos e mataram inocentes. Essas guerrilhas eram tão terríveis que a população foi às ruas pedir alguma atitude do governo para acabar com a bandalheira dos defensores da mudança de regime.

O filme coloca os sequestros e que Paiva apoiava os revoltosos da época. Aqui não faço nenhum julgamento de juízo, mas é importante que as pessoas saibam que os presos daquela década e que foram levados ao cárcere realmente mataram, roubaram e sequestraram. No balanço das mortes daquele período estão os que foram mortos por aqueles revolucionários comunistas, cujas famílias nunca receberam indenizações e ninguém fala deles, e os revoltosos presos, exilados e mortos que receberam a anistia e foram indenizados (a pessoa ou a família) a partir do final da década de 70. O fato de cometerem crimes graves não foi levado em conta na hora de indenizar com o dinheiro público. Foram anistiados e muitos passaram a integrar o poder que hoje nos governa.

Para mim, que nasci em 1964 e só tenho recordações de liberdade até aqui, é apenas uma página virada da história, de um tempo em que foram cometidos excessos de ambos os lados. Sou pacifista e entendo que uma sociedade evolui pelo diálogo e respeito, e que as forças nacionais servem para defender o brasileiro que trabalha e contribui com a Nação.

O 8 DE JANEIRO

Aquelas pessoas que foram presas, torturadas (um horror isso) e “sumidas” pelo governo militar não eram manifestantes de rua, nem eram pessoas que saíram de seus estados para um ato pacífico na capital federal. Aquelas pessoas não foram surpreendidas por atos de depredação que colocaram suas vidas em risco na Praça dos Três Poderes, algo que fugiu absolutamente ao controle de cada um daqueles indivíduos.

Sem nunca teremos sequer ter imaginado utilizar armas, até porque aquela multidão passou por uma barreira de policiamento antes de chegar na praça, e até mesmo os seus desodorantes ficaram na barreira, acabaram num campo de guerra.

Bombas foram jogadas sobre as suas cabeças, tiros de bala de borracha para todos os lados. O cenário era de pessoas feridas gravemente pelo policiamento, passando mal, muito sangue. E sem que soubessem em que enrascada se meteriam entraram em prédios públicos. Os próprios policiais convidavam para entrar, como muitos vídeos comprovam.

Quem quebrou os prédios públicos? Não se sabe, porque todos os vídeos dos prédios da república, os mais protegidos do Brasil, sumiram conforme o governo Lula diz. Alguns que circulam nas mídias com sujeito quebrando vidros em série, por exemplo, ninguém sabem quem é o indivíduo. Não está entre os presos políticos do século XXI.

Então quem são os culpados da depredação? Todos que ali estavam, porque o Supremo Tribunal Federal, instância que não poderia julgar cidadãos comuns e está julgando virtualmente em lotes esses cidadãos, instituiu o crime “multitudinário” para a manifestação do 8 de janeiro.

Significa dizer que se você estava no 8 de janeiro você pode ser responsabilizado por tudo. É mais ou menos assim, se você estiver dentro de um supermercado e ele for saqueado, mesmo que você tenha sido decente e não tenha pegado absolutamente nada você será réu como saqueador. Provas? O dono do mercado diz que as gravações do supermercado sumiram.

Sem armas, sem fazer parte de uma organização e sem ato intencional mais de 2 mil pessoas estão há mais de dois anos sem esperança nenhuma de ter vida novamente. Ir a Brasília representou o seu fim, sob um discurso estatal de golpe de estado armado.

Essas pessoas e seus familiares vivem o terror 24 horas por dia e eu conheço a sua dor.

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Maria Rosa PiresHá 3 meses Porto AlegreA crueldade que se estabeleceu no Brasil, por parte dos 'idealistas' de esquerda, beira a psicopatia. Nos meus quase 60 anos, nunca imaginei retroceder e vivenciar uma ditadura muito mais dura do que nos tempos de regime militar. Naquela época eram presos terroristas, hoje inocentes perseguidos pelo sistema.
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