No final de setembro, funcionários do IBGE fizeram manifestação pública contra o presidente, Marcio Pochmann, nomeado pelo governo. As principais críticas acusam Pochmann de autoritarismo e de desqualificar o corpo de funcionários. Apesar de ser uma revolta classista, por trás do discurso de proteção ao IBGE há denúncias veladas de interferência fisiológica, que tem destruído a credibilidade da instituição. Não se sabe mais qual é a verdade sobre o Brasil.
Pochmann vem com a intenção de reclassificar o que é inflação, desemprego, crescimento demográfico e outros para atender ao governo, que só quer gastar sem responsabilidade, ignorando a crise fiscal que já existe e deve piorar. O IBGE está completamente aparelhado para melhorar a imagem do governo, mesmo que isso custe distorcer fatos e índices, é isso que transparece. Tradicionalmente, o IBGE é o órgão que define a verdade, hoje relativizada.
A indicação de Pochmann sinaliza que o governo pretende manipular dados e os funcionários do IBGE já sabem que esse presidente terá que encobrir os efeitos da violação do Arcabouço Fiscal, criado pelo próprio governo, cujos limites ele mesmo estabeleceu. Uma arquitetura jurídica criminosa foi construída para garantir que o governo pudesse gastar muito mais além do teto, 2,5% do PIB. Estimativas indicam que o índice já está próximo dos 4%.
Para o governo respirar, alguma instituição tem de esconder os efeitos dessa gastança, e é aí que entra o IBGE. A nomeação de Pochmann faz sentido, e os dados publicados em sua gestão já estão no descrédito. Mas o IBGE não é um caso isolado. Todas as agências reguladoras: Cade, Aneel, Anatel, CVM, Ibama, IPHAN e muitas outras certamente têm diretores obedientes à agenda ideológica do Executivo. Oportunamente trataremos de alguns escândalos que não foram citados pela imprensa, mas são bem conhecidos nos bastidores do Congresso e na mídia investigativa.
O IBGE se destaca nesse cenário por ser uma referência e seus dados impactarem todas as ações políticas, econômicas, financeiras e sociais Se forem manipulados, terão efeito devastador. Este artigo também é um alerta para gestores da administração pública, empresários e divulgadores de dados estatísticos oficiais: se eu fosse você, não confiaria nos dados fornecidos pelo IBGE, pois este deixou de ser uma referência confiável.
Luiz Philippe de Orleans e Bragança
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