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Saúde Estética

A Relação entre o Uso Estético

da Toxina Botulínica e sua Influência em Células Cerebrais

23/07/2024 às 19h48
Por: Solange Lessa Fonte: Times New Roman
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A Relação entre o Uso Estético

A Relação entre o Uso Estético da Toxina Botulínica e sua Influência em Células Cerebrais

Dra. Solange Lessa Nunes, Biomed; MsC.; PhD; PPhD*.

Resumo

A toxina botulínica, amplamente utilizada para fins estéticos, é conhecida por seus efeitos paralisantes nos músculos faciais, proporcionando uma aparência rejuvenescida. No entanto, recentes preocupações surgiram sobre a possibilidade dessa toxina afetar as células cerebrais. Este artigo revisa a literatura científica sobre os mecanismos de ação da toxina botulínica, sua segurança em aplicações estéticas e potenciais impactos neurológicos, com foco nas influências em células cerebrais.

 

Introdução

A toxina botulínica (BoNT) é uma neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Em suas aplicações estéticas, é usada para reduzir rugas faciais ao paralisar temporariamente os músculos subjacentes. Apesar de ser considerada segura, há preocupações emergentes sobre seus possíveis efeitos a longo prazo no sistema nervoso central (SNC), especialmente em células cerebrais.

 

Mecanismos de Ação

A BoNT atua bloqueando a liberação de acetilcolina nas junções neuromusculares, resultando em paralisia muscular temporária. Este efeito é alcançado pela clivagem das proteínas SNARE, essenciais para a fusão de vesículas sinápticas com a membrana plasmática, impedindo assim a liberação de neurotransmissores.

 

Segurança e Efeitos Sistêmicos

A aplicação local da BoNT é geralmente considerada segura, com efeitos adversos mínimos quando administrada por profissionais qualificados. No entanto, há evidências de que pequenas quantidades da toxina podem difundir-se para além do local de injeção, potencialmente alcançando o SNC.

 

Disseminação Axonal

Estudos em modelos animais sugerem que a BoNT pode ser transportada retrogradamente ao longo dos axônios até o SNC. Uma vez no SNC, a toxina pode teoricamente interferir na neurotransmissão central, embora os níveis necessários para tal efeito sejam geralmente muito superiores aos usados em tratamentos estéticos.

 

Evidências em Modelos Animais

Pesquisas em modelos animais indicam que doses elevadas de BoNT podem causar alterações na função cerebral, incluindo mudanças na expressão de genes relacionados à neurotransmissão e plasticidade sináptica. No entanto, a relevância clínica desses achados em humanos submetidos a tratamentos estéticos com doses muito menores ainda não está clara.

 

 

 

 

 

 

 

Efeitos em Células Cerebrais

 

Neuroplasticidade e Neuroinflamação

Há interesse em compreender se a BoNT pode influenciar processos de neuroplasticidade ou induzir neuroinflamação. Estudos sugerem que a BoNT pode afetar a expressão de fatores neurotróficos e citocinas inflamatórias, mas as implicações desses efeitos para a saúde cerebral a longo prazo permanecem incertas.

 

Estudos Clínicos e Epidemiológicos

Até o momento, estudos clínicos e epidemiológicos não fornecem evidências conclusivas de que o uso estético da BoNT está associado a um risco aumentado de doenças neurodegenerativas ou outras condições cerebrais. A maioria das pesquisas indica que os efeitos adversos são geralmente locais e temporários.

 

Discussão

Embora a literatura atual sugira que a BoNT utilizada em contextos estéticos seja segura, a possibilidade de efeitos neurológicos sistêmicos não pode ser completamente descartada. É crucial continuar investigando os possíveis mecanismos de disseminação e impacto no SNC, especialmente com o aumento do uso cosmético da toxina.

 

Limitações dos Estudos

Muitas das evidências disponíveis são provenientes de estudos pré-clínicos em animais, que podem não replicar perfeitamente a situação em humanos. Além disso, a maioria dos estudos clínicos em humanos tem um acompanhamento relativamente curto, não capturando potenciais efeitos a longo prazo.

 

Conclusão

A toxina botulínica é uma ferramenta eficaz e amplamente utilizada na estética facial. No entanto, a pesquisa sobre seus possíveis efeitos em células cerebrais é ainda incipiente. Estudos adicionais, especialmente de longo prazo em humanos, são necessários para garantir a segurança contínua desta prática popular.

 

Referências Bibliográficas

 

1.     Hallett, M. (2014). Neurophysiology of dystonia: The role of inhibition. Neurobiology of Disease, 71, 69-74.

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Solange Lessa
Solange Lessa
Sobre Biomédica com especialidade clínica em Microbiologia, Saúde Pública e Sanitário, Epidemiologia Molecular e Bioquímica. Mestrado em Micro-Imunologia pela UNIFESP (2000). Doutoramento em Ciências ICBII-USP (2007) tema de pesquisa voltado para o diagnóstico microbiológico de áreas portuárias, pesquisa de bioindicadores de contaminação de origem fecal, total e de microrganismos patogênicos e bioinvasores da fauna marinha. Autora capítulo no livro eletrônico: “Água de Lastro e Seus Riscos Biológicos”. Especialização (MBA) junto ao Departamento de Avaliação de Impactos Ambientais da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) vinculada à Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA) junto à Capacitação Gerencial de Apoio à Implantação de Novos Processos (2009); professora convidada da Faculdade Oswaldo Cruz (2010) para ministrar o módulo “Tópicos Analíticos em Biologia Molecular” dentro do curso de Pós Graduação em Biotecnologia de Alimentos, Biocombustíveis, Biofármacos e Meio Ambiente. Pós-doutora pelo IQ-USP em projetos de linha de pesquisa em Epidemiologia Molecular, Biologia molecular, Bioquímica voltada para o tema da quimioterapia para a doença de Chagas.
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