O Planalto Central, coração das decisões políticas e econômicas do Brasil, foi palco de alertas preocupantes sobre o futuro das contas públicas. O economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, projetou que o Brasil poderá encerrar o atual governo com um déficit nominal em torno de 8,5% do Produto Interno Bruto (PIB), colocando o país entre os cinco maiores déficits nominais do mundo. A declaração, publicada pelo jornal Valor Econômico, acende um sinal vermelho para a saúde financeira brasileira, em meio a um cenário de juros altos e gastos públicos indexados ao salário mínimo.
Mansueto, reconhecido por sua trajetória como ex-secretário do Tesouro Nacional, destacou que o aumento dos juros, com a taxa Selic atualmente em 14,75% ao ano, é um obstáculo significativo para o ajuste fiscal. “Juros altos e gastos atrelados ao salário mínimo criam uma armadilha que dificulta o equilíbrio das contas”, afirmou o economista. Ele também apontou que a indexação de despesas, como benefícios previdenciários e assistenciais, ao salário mínimo – que teve reajuste real de 2,5% em 2025 – pressiona o orçamento público, limitando a capacidade do governo de reduzir o déficit.
Apesar do quadro alarmante, Mansueto reconheceu uma melhora no diálogo entre o Executivo e o Congresso Nacional. Segundo ele, o debate fiscal tem avançado, com propostas como o repasse de dividendos retidos por estatais, como Petrobras, BNDES e Banco do Brasil, sendo discutidas para reforçar o caixa da União. Estimativas apontam que essas empresas acumulam cerca de R$ 28,94 bilhões em lucros que poderiam ser transferidos ao Tesouro, sendo R$ 16 bilhões do BNDES e R$ 10,3 bilhões da Petrobras. Essa medida, defendida por lideranças da Câmara, é vista como uma alternativa à polêmica majoração do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que gerou críticas por impactar diretamente a atividade econômica.
A pressão sobre o governo se intensifica com a resistência do Congresso à Medida Provisória (MP) que aumentou o IOF, considerada uma “gambiarra” pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Motta deu um ultimato ao Palácio do Planalto, exigindo alternativas em até 10 dias para substituir a medida, sob risco de ela ser derrubada pelo Parlamento. A ameaça reflete a tensão entre o governo e o Legislativo, que cobra soluções que não penalizem a economia já fragilizada. “O governo precisa cortar gastos improdutivos e buscar caminhos que não asfixiem o setor produtivo”, declarou um parlamentar próximo às negociações, ecoando o sentimento de setores conservadores que defendem maior responsabilidade fiscal.
O Banco Central (BC), por sua vez, mantém-se em alerta. Dados recentes mostram que a inflação acumulada em 12 meses até maio atingiu 5,32%, abaixo da expectativa de 5,39% dos analistas consultados pela Bloomberg, mas ainda acima do teto da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A economia aquecida, com crescimento de 1,4% no primeiro trimestre de 2025, contribui para a pressão inflacionária, forçando o BC a manter a Selic em patamares elevados. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o diretor Gabriel Galípolo sinalizaram, em eventos recentes, que a “sustentabilidade fiscal” é essencial para atrair investimentos e estabilizar a economia.
O cenário descrito por Mansueto e outros analistas reforça a necessidade de reformas estruturais. A Agenda Institucional do Sistema Comércio 2025, entregue em março ao presidente em exercício Geraldo Alckmin, reforça essa visão, defendendo um arcabouço regulatório que simplifique a carga tributária, combata a concorrência desleal e facilite o acesso ao crédito. O documento, elaborado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), também destaca a importância de investimentos em infraestrutura e inovação para impulsionar o crescimento econômico, sem depender de aumento de impostos.
Para o povo brasileiro, que enfrenta o peso de uma inflação persistente e juros altos, a situação exige clareza e ação. A dívida pública, que já consome grande parte do orçamento, ameaça a capacidade do governo de investir em áreas essenciais como saúde e educação. Conservadores, como os colunistas da Revista Oeste, alertam que o caminho atual pode levar a uma crise fiscal semelhante à enfrentada na gestão Dilma Rousseff, quando o descontrole das contas públicas culminou em recessão. “O Brasil não pode repetir os erros do passado. É hora de o governo priorizar a responsabilidade fiscal e proteger o bolso do cidadão”, afirmou um analista.
O desafio é enorme, mas a história mostra que a prudência fiscal é o único caminho para um futuro próspero.