O crescimento desenfreado das apostas online no Brasil está gerando um impacto preocupante na saúde pública, com um aumento significativo de atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) relacionados ao vício em jogos. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, defendeu a criação de regulamentações mais rígidas para o setor, comparando a dependência de apostas ao vício em tabaco. A declaração reflete a gravidade de um problema que afeta cada vez mais brasileiros, especialmente jovens, atraídos por propagandas agressivas e promessas de ganhos fáceis.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, que encerra seus trabalhos em breve, apresentou um relatório final pedindo o indiciamento de 16 pessoas, incluindo influenciadores como Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra, por suposta promoção de jogos de azar. A senadora Soraya Thronicke, relatora da CPI, destacou que a falta de regras claras tem permitido a exploração de vulneráveis, com consequências diretas na saúde mental e financeira de muitas famílias.
Especialistas alertam que o vício em apostas pode levar a transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão, além de endividamento. “Estamos lidando com uma crise silenciosa. As propagandas glamourizam o jogo, mas não mostram as famílias destruídas por dívidas ou jovens que perdem tudo”, afirmou um psicólogo consultado pela Revista Oeste. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a situação é agravada pela crise econômica pós-enchentes, onde a busca por “soluções rápidas” via apostas tem crescido.
A regulamentação deve equilibrar a liberdade individual com a proteção contra a exploração, sem ceder a interesses de empresas que lucram com a vulnerabilidade alheia. O governo federal, estados e municípios precisam agir para reforçar a fiscalização e oferecer suporte às vítimas desse novo tipo de dependência.