Em 22 de maio de 2025, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou um congelamento de R$ 31,3 bilhões no Orçamento Geral da União, uma medida que preocupa setores como saúde, educação, infraestrutura e, de forma crítica, o empreendedorismo, pilar essencial da economia brasileira. Divulgada pelo Ministério da Saúde, a contenção busca cumprir o arcabouço fiscal de 2023, que limita o crescimento dos gastos públicos a 2,5% acima da inflação, com um teto de R$ 2,261 trilhões para 2025. O corte, composto por R$ 10,6 bilhões em bloqueio, devido ao aumento de despesas obrigatórias como benefícios previdenciários e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), e R$ 20,7 bilhões em contingenciamento, motivado por uma arrecadação R$ 25 bilhões menor que o previsto, reflete a dificuldade do governo em equilibrar as contas sem comprometer o crescimento econômico. Para o brasileiro comum, isso ameaça serviços essenciais, mas o impacto no empreendedorismo pode agravar ainda mais a economia, criando um ciclo vicioso que amplia a necessidade de cortes futuros.
O congelamento de verbas atinge diretamente áreas que sustentam o empreendedorismo, como infraestrutura e acesso a crédito. Projetos de saneamento, mobilidade urbana e moradia, geridos pelo Ministério das Cidades, enfrentam atrasos, comprometendo o ambiente de negócios. Um exemplo é a falta de estradas e redes de energia confiáveis, que aumentam os custos logísticos, que já são um obstáculo para pequenas e médias empresas (PMEs), responsáveis por 30% do PIB e 60% dos empregos formais no Brasil, segundo o Sebrae. O aumento do IOF, projetado para arrecadar R$ 20,5 bilhões, encarece o crédito para empreendedores, elevando taxas de juros e inadimplência. “O governo aperta o cinto onde já falta ar. Sem crédito acessível, o pequeno empresário não investe, não cresce e, muitas vezes, fecha as portas”, criticou o economista Ricardo Amorim.
A redução de investimentos também freia a inovação e a criação de novas empresas. O Brasil, que subiu no Global Innovation Index de 2023, captando US$ 1,8 bilhão em venture capital, depende de políticas públicas para sustentar seu ecossistema de startups, segundo a Invest in Brazil. Contudo, cortes em programas como o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico limitam o apoio a setores como tecnologia e agritech, cruciais para a competitividade global. Sem infraestrutura e financiamento, o Brasil perde atratividade para investidores estrangeiros, que já citam entraves como alta tributação e burocracia. Em 2024, o país atraiu US$ 86 bilhões em investimento estrangeiro direto, mas a incerteza fiscal pode afastar esse capital, reduzindo a criação de empregos e a dinamização econômica, conforme destacou o analista financeiro Eduardo Costa em entrevista à Revista Oeste.
Para o cidadão, o impacto é direto: menos investimentos em empreendedorismo significam menos empregos e renda. O desemprego, embora baixo em 2024 (6,8%, segundo o IBGE), mascara a precariedade de trabalhos informais, que crescem com a falta de oportunidades formais. “O governo corta onde deveria investir. Sem apoio às PMEs, o Brasil patina, e quem paga é o trabalhador”, afirmou o economista Gustavo Franco. O governo, por sua vez, defende o corte como necessário para reduzir o déficit público, que caiu de R$ 200 bilhões em 2022 para R$ 30 bilhões projetados para 2025. A ministra Simone Tebet aposta em medidas como leilões do pré-sal para recompor o orçamento, mas a recomposição de apenas R$ 400 milhões para universidades mostra a fragilidade dessas soluções.
O ciclo é claro: menos investimento em empreendedorismo enfraquece a economia, reduz a arrecadação e força novos cortes. “O Brasil precisa de um governo que priorize o futuro, não apenas as contas”, resumiu o comentarista político Rodrigo Constantino, da Gazeta do Povo. Enquanto o governo busca estabilidade, o risco de menos serviços públicos, obras paralisadas e um ambiente hostil aos negócios preocupa milhões que dependem de um Estado eficiente.