O Sistema Único de Saúde (SUS) está em colapso, com 1,3 milhão de brasileiros na fila por cirurgias eletivas, segundo dados do Ministério da Saúde atualizados até março.
A espera média chegou a 14 meses, sendo 18 meses para cirurgias ortopédicas, como próteses de joelho, e 16 meses para oftalmológicas, como catarata. O Nordeste concentra 38% das filas, com estados como Bahia e Maranhão registrando atrasos de até dois anos, conforme o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
No Brasil, 4,2 milhões de consultas especializadas também aguardam agendamento, agravando o sofrimento de pacientes.
O governo Lula prometeu R$ 2 bilhões em 2024 para reduzir as filas, mas apenas 40% desse valor, ou R$ 800 milhões, foi executado até abril, segundo o Portal da Transparência.
Mutirões de saúde realizados em 12 estados atenderam 120 mil pacientes, mas representam menos de 10% da demanda. O Tribunal de Contas da União (TCU) aponta que 65% dos hospitais do SUS operam com equipamentos obsoletos, como tomógrafos quebrados em 22% das unidades. A carência de médicos é outro gargalo: 47% dos municípios brasileiros, especialmente no Norte e Nordeste, têm menos de um médico por mil habitantes, conforme o IBGE. A pandemia agravou o problema, mas a falta de planejamento persiste, com 30% dos leitos cirúrgicos do SUS inativos por falta de pessoal ou infraestrutura, segundo o Conass.
As políticas públicas do governo, que anunciam investimentos sem garantir execução, não estão tirando o SUS do fundo do poço.
O orçamento da saúde em 2024 foi de R$ 207 bilhões, mas apenas 55% foi destinado à atenção hospitalar, enquanto gastos administrativos consumiram 18%, segundo o TCU. A promessa de novos mutirões e parcerias com o setor privado não decolou, com apenas 3% das cirurgias realizadas via convênios. Relatórios oficiais podem falar de “avanços históricos”, mas as filas intermináveis, os equipamentos quebrados e os pacientes com dor contam a história real.