Em 1º de maio de 2025, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem executiva para suspender o financiamento federal da National Public Radio (NPR) e da Public Broadcasting Service (PBS), acusando-as de operar como “megafones da agenda progressista” com dinheiro público. A medida, anunciada pela Casa Branca, determina que a Corporation for Public Broadcasting (CPB), responsável por distribuir cerca de US$ 535 milhões anuais às emissoras, interrompa os repasses “na medida permitida por lei”. A decisão, que afeta US$ 120 milhões da NPR e outros fundos da PBS em 2025, segundo a NPR, gerou um debate acalorado sobre viés jornalístico, legalidade e o papel da mídia pública. Como alguém que valoriza a liberdade de expressão, mas exige verdade acima de tudo, vejo a ação de Trump com um pé atrás: ele acerta ao questionar o partidarismo, mas o método levanta dúvidas.
Trump baseia sua decisão em uma crítica amplamente compartilhada por conservadores: a NPR e a PBS, financiadas parcialmente por impostos, exibem um viés de esquerda que distorce a cobertura jornalística. Em um post na Truth Social em 1º de abril, ele as chamou de “propaganda woke que envenena o país”. Evidências respaldam parte dessa alegação. Um estudo do Media Research Center (MRC) de 2024 analisou 1.200 reportagens da NPR e encontrou que 62% das histórias sobre política doméstica favoreciam narrativas democratas, com apenas 8% alinhadas a visões republicanas. A CEO da NPR, Katherine Maher, alimentou a polêmica ao chamar Trump de “racista” em um podcast de 2021 e defender a censura de “desinformação” em redes sociais, conforme revelou a The New York Post. A PBS, embora menos vocal, enfrentou críticas por documentários como Frontline, que, segundo a Fox News, frequentemente retratam conservadores de forma negativa. Para apoiadores como o comentarista Tucker Carlson, que postou no X que “a NPR é financiada para mentir”, o decreto é uma correção necessária.
As emissoras reagem com indignação. Paula Kerger, CEO da PBS, classificou a ordem como “ilegal e perigosa”, argumentando que a CPB, criada em 1967, é protegida por lei contra interferências presidenciais. Katherine Maher, da NPR, defendeu a “integridade jornalística” das emissoras, citando sua cobertura premiada e alcance em 40 milhões de ouvintes semanais. Em uma audiência no Congresso em março de 2025, ambas destacaram que o financiamento público – menos de 5% do orçamento da NPR e cerca de 15% das estações locais da PBS, segundo a Wall Street Journal – é vital para notícias gratuitas em áreas rurais. A CPB já sinalizou que acionará a Justiça, como fez contra tentativas anteriores de Trump de manipular seu conselho, conforme a Axios. A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) alertou para um “declínio da liberdade de imprensa” nos EUA, mas sua credibilidade é questionada por críticos que apontam viés em seus relatórios, segundo a The New York Post.
O impacto do corte pode ser significativo. A NPR e a PBS atendem milhões – 36 milhões de espectadores mensais na PBS, segundo suas estimativas – e estações menores, que dependem até 50% da CPB, podem fechar, comprometendo alertas de emergência e programação educativa. No entanto, o financiamento público é uma fração de seus orçamentos, com a NPR arrecadando 60% de doações privadas, conforme a NPR. A legalidade do decreto é duvidosa: a CPB opera com autonomia garantida pelo Congresso, e ordens executivas anteriores de Trump foram bloqueadas por tribunais, segundo a The Guardian. O Wall Street Journal aponta que o Congresso, controlado por republicanos, pode apoiar Trump, mas um processo judicial é quase certo.
A verdade exige equilíbrio. A NPR e a PBS não são isentas de viés – os comentários de Maher e os padrões editoriais progressistas são evidências claras. Trump tem razão ao questionar por que dinheiro público sustenta instituições que muitos veem como partidárias. A liberdade de expressão depende de um jornalismo que não se curve nem ao governo nem a agendas ideológicas. A mídia pública deve servir a todos, não a uma bolha e a verdade é a primeira vítima quando o partidarismo prevalece. Cabe ao público exigir responsabilidade da mídia e dos governos em relação a liberdade de expressão e gastos públicos.