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ENCHENTES AMEAÇAM SUL E SUDESTE DO BRASIL

CHUVAS INTENSAS PREVISTAS PARA 3 E 4 DE ABRIL COLOCAM PORTO ALEGRE, FLORIANÓPOLIS E SÃO PAULO EM RISCO IMINENTE

Maria Rosa M Pires
Por: Maria Rosa M Pires
03/04/2025 às 13h55
ENCHENTES AMEAÇAM SUL E SUDESTE DO BRASIL

O Brasil encara mais um capítulo de sua batalha contra o clima nesta quinta-feira, 3 de abril. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alertas de chuvas intensas para as regiões Sul e Sudeste, com volumes que podem chegar a 100 mm em 24 horas em áreas de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, acompanhados de ventos de até 100 km/h. Em outras partes, como Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, o acumulado previsto é de 50 mm, com rajadas de 60 km/h. Cidades como Porto Alegre, Florianópolis e a região metropolitana de São Paulo estão na linha de frente, com risco elevado de enchentes, alagamentos e deslizamentos.

O cenário é preocupante. Após um verão caótico, com temporais que castigaram o país de norte a sul, o solo dessas regiões está saturado. Em Porto Alegre, o Guaíba amanheceu hoje com 2,8 metros, a apenas 20 centímetros do nível de transbordo, segundo medições da Defesa Civil. Em Florianópolis, março já registrou 180 mm de chuva – 20% acima da média histórica, conforme o CPTEC –, deixando o terreno vulnerável a deslizamentos. Na capital paulista, rios como Tietê e Pinheiros, ainda cheios após as chuvas de fevereiro que mataram 12 pessoas, ameaçam transbordar novamente. "O solo não aguenta mais água", alertou um técnico do Inmet à imprensa. "Qualquer precipitação forte agora vira problema."

A frente fria que avança pelo Sul e Sudeste é a responsável pelo temporal. Alimentada pela umidade do Atlântico e pelo calor acumulado, ela deve atingir seu pico entre hoje e amanhã, 4 de abril. O Inmet classificou o alerta como "laranja" – nível de perigo – para a maioria das áreas afetadas, prevendo transtornos como ruas inundadas, quedas de árvores e interrupções no fornecimento de energia. Em Porto Alegre, a prefeitura já mobilizou equipes de emergência, mas moradores temem uma repetição das enchentes de 2024, que deixaram 169 mortos e 581 mil desalojados no estado. "O rio tá alto demais, e ninguém faz nada antes", desabafou João Silva, comerciante do bairro Sarandi, à reportagem local.

A falta de prevenção é um grito preso na garganta de quem vive nas zonas de risco. No Rio Grande do Sul, as enchentes do ano passado expuseram a fragilidade da infraestrutura, com barragens mal mantidas e sistemas de drenagem insuficientes. Em São Paulo, a ocupação irregular de várzeas e a negligência com a limpeza de bueiros seguem como vilãs conhecidas – e ignoradas. Em Florianópolis, o relevo acidentado amplifica o perigo, mas obras de contenção avançam a passos lentos. "As autoridades sabem dos pontos críticos, mas a ação só vem depois da tragédia", criticou Maria Oliveira, moradora da capital catarinense.

Os números reforçam a gravidade. Em 2024, o Brasil registrou 1.200 eventos climáticos extremos, com perdas estimadas em R$ 50 bilhões, segundo a Confederação Nacional dos Municípios. Só em São Paulo, as chuvas de fevereiro desalojaram 20 mil pessoas. Agora, com o inverno se aproximando e o clima cada vez mais imprevisível, especialistas alertam: o país precisa de um plano robusto, não de promessas. "Estamos reagindo, não prevenindo", disse Ana Paula Freire, da Fiocruz, em entrevista recente.

Pra quem vive ou tem família no Sul e Sudeste, o momento é de vigilância. Em Porto Alegre, sacos de areia já aparecem nas portas de casas próximas ao Guaíba. Em Florianópolis, a Defesa Civil monitora encostas. Em São Paulo, motoristas evitam áreas baixas. Mas a pergunta que ecoa é a mesma: até quando a prevenção vai chegar atrasada? Com o temporal batendo à porta, o Brasil segura a respiração – e torce pra não afundar.

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